Ataque ao Governo marca visita de Aécio


Por Renato Salles

04/12/2015 às 18h30- Atualizada 04/12/2015 às 18h31

Foto: Marcelo Ribeiro/04-12-15

Pouco mais de um ano após visitar Juiz de Fora como candidato à Presidência da República, o senador Aécio Neves (PSDB) retornou à cidade na manhã desta sexta (4). Com um discurso similar ao de campanha, o tucano voltou a defender mudança nos rumos do Governo federal. Presidente nacional da legenda, o senador participou de um encontro regional do PSDB, no Hotel Ritz, que reuniu representantes de cerca de 70 municípios da Zona da Mata. Diante de um cenário nacional conturbado, com uma possível abertura de processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) em debate no Congresso, a temática local ficou relegada a segundo plano, e Aécio não poupou críticas à gestão petista. “A equação na qual o PT nos mergulhou é mais perversa da nossa história contemporânea.”

O senador falou sobre o acolhimento de pedido de impeachment pelo presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB), na última quarta-feira. “O que devemos fazer agora é superar esse Fla-Flu entre presidente da República e presidente da Câmara e discutir de forma clara. A presidente cometeu crime de responsabilidade? Se cometeu, tem que responder por isso”, afirmou, em entrevista coletiva. Aécio pontuou ainda que o país enfrenta problemas como juros ‘estratosféricos’, alto índice de desemprego entre os jovens, um grande contingente de pessoas endividadas e elevadas taxas de inadimplência e inflação. “O meu sentimento pessoal, como presidente nacional do PSDB, é que o Governo do PT acabou. Esse é o lado bom da história.”

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Indagado sobre seu posicionamento sobre o recesso parlamentar no Congresso, que pode retardar os trâmites do pedido de impeachment da presidente, Aécio não foi taxativo e disse que a postura tucana deve ser definida na próxima semana. Inicialmente, a pausa nas atividades está prevista para ter início no dia 22 de dezembro, se estendendo até fevereiro. Na última quinta-feira, um dos principais articuladores do Governo, o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, afirmou que o recesso não seria razoável no atual cenário. O intuito seria o de evitar possíveis mobilizações anti-Governo nas ruas.

“Nosso sentimento inicial era de que isso pudesse ocorrer o mais rápido possível. Mas estamos percebendo que há um atropelo enorme do Governo e uma movimentação muito grande para que não haja manifestações. Nossa decisão será tomada conjuntamente com os partidos de oposição. O que existe até agora são ponderações de movimentos sociais, com os quais nós temos contato e que gostariam de ter um tempo maior para que a população pudesse, de alguma forma, acompanhar mais de perto os desdobramentos desse processo”, ponderou o tucano.

 

Clima de campanha entre os apoiadores

Findada a coletiva, a despeito das declarações recentes de Aécio de que a presidente tem direito a defesa, a sensação nas dependências do hotel era de campanha presidencial. Por vezes, a militância jovem do partido clamou “Aécio Neves presidente do Brasil”. O discurso foi similar em várias falas das demais lideranças tucanas presentes no evento. Presidente estadual da legenda, o deputado federal Domingos Sávio (PSDB) defendeu em discurso direcionado aos correligionários que o país precisa trilhar um novo caminho. “O caminho tem nome, é Aécio presidente.”

Ex-prefeito de Juiz Fora, Custódio Mattos (PSDB) também direcionou críticas à gestão petista. “O povo quer mudança, mas estamos frente a um Governo que não tem capacidade ou legitimidade para comandar essa mudança.” Outro que não poupou o PT e o Governo foi o deputado federal juiz-forano, Marcus Pestana (PSDB), que voltou a dizer que Dilma cometeu “estelionato eleitoral”.

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