Para Wilson Rezato, transporte coletivo é maior problema a ser enfrentado em JF

O candidato do PSB quer novas centralidades em Juiz de Fora, mas defende verticalização


Por Gabriel Ferreira Borges

04/11/2020 às 20h45

Dos líderes da pesquisa Ibope/TV Integração para a sucessão de Antônio Almas (PSDB) na Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), o candidato Wilson Rezato (PSB), 59 anos, foi, nesta quinta-feira (4), o penúltimo postulante ao Executivo a ser entrevistado pela Tribuna e pela Rádio CBN de Juiz de Fora na série de sabatinas “Voto & Cidadania”. Em entrevista de, aproximadamente, uma hora e meia, o empresário do ramo imobiliário foi questionado sobre a entrevista à TV Alterosa, veiculada em 27 de outubro, bem como sobre a ausência no debate da JFTV Câmara entre todos os candidatos à Prefeitura na última quinta-feira (29). A atual candidatura é a segunda de Wilson à PJF, e, também, na vida político-eleitoral. Em 2016, o empresário recebeu 16,82% dos votos válidos – 44.708 ao todo -, sendo o quarto mais votado à época.

SUS

A entrevista ao Grupo Solar de Comunicação foi a primeira concedida a veículos de comunicação após a repercussão da entrevista concedida por Wilson à TV Alterosa. Questionado sobre a fala “fiquemos com o que temos” dada na ocasião, o empresário respondeu que teria se referido ao atual quadro do Sistema Único de Saúde (SUS). “O que temos é o SUS. Os gargalos do nosso sistema de saúde atualmente são consequência da incompetência do pessoal que está na PJF há oito anos. Isso é o que queremos trocar. O que nós temos e teremos que aprimorar a cada dia é o SUS.” Wilson ainda acrescentou que, ao se referir a um salário médio de R$ 15 mil como condição para contar com um bom serviço de saúde, teria buscado, na verdade, apontar o alto número de cidadãos que dependem do sistema público de saúde.

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Extensão do horário de UBSs

O candidato do PSB, questionado sobre quais seriam as propostas para a área, sinalizou a extensão do horário de funcionamento de 20% a 25% das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), além de habilitar novas equipes de Estratégia de Saúde da Família. “Mais de 60% dos assuntos que chegam às UPAs poderiam ser resolvidos nas UBSs. Parte das UBSs pode ter os seus horários estendidos para atender melhor aos trabalhadores. Às vezes, o trabalhador está trabalhando no horário em que a UBS funciona. (…) Segundo informações que temos, mais de 60% dos problemas que motivaram atendimentos na segunda (consulta) poderiam ter sido resolvidos na primeira. E podemos ainda ampliar as equipes de Saúde da Família, colocando nutricionistas e educadores físicos para aumentar a prevenção na atenção primária à saúde.” De acordo com Wilson, caso eleito, a construção da UBS São Benedito será a prioridade, uma vez que já há recursos de emendas parlamentares para viabilizar a obra.

O candidato do PSB quer novas centralidades em Juiz de Fora, mas defende verticalização (Foto: Fernando Priamo)

Ausência em debate

Além de criticado pela entrevista à TV Alterosa, Wilson também foi fortemente contestado, tanto pelos demais candidatos quanto por parte do eleitorado, em razão da ausência no debate promovido pela JFTV Câmara. Questionado porque se absteve de participar da contenda, o empresário criticou as circunstâncias em que o encontro foi promovido. “Eu respondo apenas por mim, pela minha ausência. Pelos outros, deve ser questionado diretamente a eles (porque não foram). A candidatura a qual a gente se referiu (Sheila Oliveira), quando foi eleita para a Assembleia Legislativa, largou a Câmara Municipal, mas não largou os cargos da Câmara. E, na área de jornalismo, indicou um fisioterapeuta. E outra coisa: eles fizeram uma reunião para o debate, e, depois, no dia seguinte, mudaram a regra. Na primeira reunião, o nosso representante foi e fez questão de fazer os seus registros. A Câmara não está dando conta do serviço dela, aceita indicação de quem não está lá mais, então não seria melhor ter feito um debate entre os candidatos a vereador?”

Centralidades

Ao ser questionado ainda sobre o que quis dizer ao reproduzir o entendimento de que Juiz de Fora deveria se concentrar entre o “Seminário do Santo Antônio e o Manoel Honório”, Wilson admitiu a necessidade de criar novas centralidades para o Município, como, por exemplo, os bairros Benfica, São Pedro, Ipiranga, Santa Luzia e Grama. “Realmente, quando a cidade é compacta, há uma maior facilidade para administrá-la, o que não é o caso de Juiz de Fora, que não se formou assim. Vamos administrar Juiz de Fora como ela é. E, a cada dia, melhorar fazendo mais centralidades. Temos que criar nestes locais um maior número de ofertas de serviços e comércio possíveis para que haja um menor deslocamento de pessoas. (…) Se tivéssemos tido lá atrás um planejamento mais adequado para a ocupação de menores espaços, poderia ter sido melhor.”

Verticalização

De acordo com o candidato, a verticalização das cidades não é necessariamente um problema para o ordenamento urbano. “Quando me referi a Dubai (Emirados Árabes Unidos), não falei que é um exemplo a ser seguido por Juiz de Fora. Disse que, lá, o que não faltam são prédios altos. O prédio alto não é o problema. Belo Horizonte tem vários prédios, e o que facilita Belo Horizonte a ser administrada é que a área do município é muito menor.” Wilson Rezato ainda refutou a possibilidade de implementação da outorga onerosa, como é cobrada na capital mineira, em Juiz de Fora. “É muito importante saber a capacidade também do contribuinte, do morador ou de um cidadão ao criar uma espécie de novo imposto como este. (…) Apenas com um imposto específico não podemos resolver o problema, porque o empreendimento pode não acontecer.” A outorga onerosa é uma taxa extratributária que os proprietários de imóveis devem pagar à Administração municipal para construir e ampliar o uso do solo acima do coeficiente permitido na lei.

Conflito de interesses

E, segundo Wilson, mesmo sendo empresário do ramo imobiliário e sócio-administrador da Rezato e Synergia Empreendimentos Imobiliários Ltda, não haveria qualquer conflito de interesse caso eleito fosse. “Não há conflito algum de interesses privados e públicos, porque sempre respeitamos a legislação e continuaremos respeitando. A legislação não é feita para a pessoa A ou B, mas para a cidade. (…) A minha empresa não precisa de benefício nenhum da Prefeitura, nem nunca precisou. Não devo imposto a ninguém. E estou com tempo de sobra. A empresa não precisa mais de mim.”

Transporte coletivo

O candidato do PSB apontou os contratos firmados com os consórcios Manchester e Via JF como os maiores problemas a serem enfrentados pelo próximo prefeito de Juiz de Fora. “O transporte coletivo é o maior problema a ser enfrentado. (…) A licitação vale por dez anos, renováveis por mais dez. E tem um monte de coisas que a Prefeitura deveria fazer e não fez. Então, ali há muitas coisas que, no meu entendimento, só vão resolver com muito diálogo, com muitas contas a fazer, para que possa se fazer um acordo para construir uma nova solução. Agora, quem está falando isso de rever a licitação unilateralmente, ou está agindo de má-fé ou não sabe a responsabilidade que tem um prefeito quando recebe na eleição o voto do eleitor para representar o Município.” Wilson ainda sinalizou a possibilidade de construir uma ciclovia às margens do Rio Paraibuna entre os bairros Poço Rico e Benfica.

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Educação

Outro problema apontado por Wilson Rezato na Administração municipal é a proibição da realização de concursos públicos para a contratação de trabalhadores em educação. “Em função da pandemia, estamos proibidos de fazer concurso no próximo ano. Temos um tempo um pouquinho maior para encontrarmos uma solução de equilíbrio financeiro e equilíbrio das nossas propostas. Queremos as escolas em tempo integral e integradas à comunidade. Uma coisa para nós é fundamental: é um professor por sala de aula. Cada turma terá um professor. Depois disso, começaremos a fazer contas para ver o que dá para fazer e o que pode melhorar.” Além disso, o candidato do PSB destacou a necessidade de um repasse maior de verbas para os diretores a fim de viabilizar melhores condições para a zeladoria das escolas.

Tópicos: eleições 2020

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