’Novo cangaço’: Dez corpos dos 26 mortos em operação policial em Varginha já foram identificados
Trabalhos são realizados no IML em Belo Horizonte; novas identificações serão divulgadas à medida em que elas acontecerem
Dez corpos dos 26 homens que morreram durante uma uma megaoperação conjunta entre Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) já foram identificados. Três nomes já haviam sido divulgados na noite desta segunda-feira (1º) pela Polícia Civil. As mortes ocorreram em ação policial realizada na manhã do último domingo, em Varginha, no Sul de Minas, contra um grupo, que vem sendo chamado de “novo cangaço”, suspeito de ser especializado em assalto a bancos como armamento de grande potencial, espalhando terror em cidades do interior de Minas Gerais
Entre os mortos, segundo o jornal O Tempo, de Belo Horizonte, estão Nunis Azevedo Nascimento, 33 anos, natural de Novo Aripuanã (AM); Gleison Fernando da Silva Morais, 36, nascido em Uberaba (MG); e Gerônimo da Silva Souza Filho, 28, nascido em Porto Velho (RO). Os três nomes foram conhecidos ainda na segunda-feira. Os sete identificados nesta terça são: Artur Fernando Ferreira Rodrigues, 27, naturla de Uberaba Uberaba (MG); Dirceu Martins Netto, 24 anos, Rio Verde (GO); Gilberto de Jesus Dias, 29 anos, Uberlândia (MG); Itallo Dias Alves, 25 anos, Uberaba (MG); José Filho de Jesus Silva Nepomuceno, 37 anos, Caxias (MA); Raphael Gonzaga Silva, 27 anos, Uberlândia (MG); e Thalles Augusto Silva, 32 anos, Uberaba (MG).
Os trabalhos de identificação dos 26 mortos na operação em Varginha acontecem no Instituto Médico-Legal (IML) do bairro Gameleira, em Belo Horizonte Não há previsão para a conclusão da apuração. As últimas informações são de que novas identificações serão divulgadas à medida em que elas acontecerem. Não há informações sobre o estado dos corpos.
“Existe uma diferencia significativa entre reconhecimento, apontando como suspeitos, e identificação, que é um processo médico-legal feito pela PC em parceria com outras polícias e a Polícia Federal (PF)”, afirmou a secretária-executiva da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e médica legista Tatiana Telles na segunda, uma vez mais conforme publicação de O Tempo.
De acordo com informações do portal G1, amostras de DNA coletadas dos 26 corpos dos suspeitos de assalto a banco serão inseridas no banco nacional de perfis genéticos. A estratégia visa buscar possíveis envolvimentos dos mortos em outros crimes. “Muito provavelmente nós teremos coincidências de atuações dessa quadrilha em outros locais de crime, em que por ventura tenham sido inseridos vestígios”, disse Tatiana Telles.
Entenda o caso
Durante coletiva de imprensa concedida no domingo, o tenente-coronel Rodolfo César Morotti Fernandes destacou que, a partir de informações sobre movimentações suspeitas pela região, militares foram deslocados para Varginha. O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) foi acionado e, em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal, interceptou o grupo durante a madrugada.
Já de acordo com a capitão Layla Brunnela, porta-voz da PM, as mortes ocorreram após confronto dos bandidos com os militares em duas chácaras utilizadas pela quadrilha. Alguns dos suspeitos também teriam ficado feridos e foram socorridos. Não houve vítimas entre os policiais. “A gente quer evitar a toda maneira o confronto. Não vamos comemorar nenhuma morte, não é essa a intenção da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal. Mas sim uma ação precisa da nossa inteligência.”
Ainda conforme a capitão, uma grande quantidade de armamentos, cartuchos, munições, coletes à prova de balas, roupas camufladas, galões de combustíveis, miguelitos (pregos retorcidos feitos para perfurar pneus de veículos), explosivos e outros materiais que seriam usados na ação criminosa foram apreendidos. Dentre os equipamentos, também foi encontrada uma metralhadora de uso exclusivo das Forças Armadas.
A operação foi considerada a maior contra a quadrilha no país.
Operação realizada pela PF de Juiz de Fora
Na última terça-feira (26), uma operação realizada pela Polícia Federal de Juiz de Fora, com o auxílio de agentes do Rio de Janeiro, cumpriu mandados de prisão temporária contra dois homens. A manobra foi deflagrada na capital fluminense. Um dos presos é um ex-fuzileiro naval, que estava em sua casa no Bairro Realengo, na Zona Oeste carioca.
Conforme a Polícia Federal, as investigações começaram no dia 9 de junho, após o roubo a agência bancária em Pirapetinga. “Na ocasião, o grupo destruiu a agência bancária com o uso de explosivos, amedrontou a população local com disparos de arma de fogo, feriu um caminhoneiro, fez reféns e fugiu em direção ao Estado do Rio de Janeiro, em uma ação conhecida como ‘o Novo Cangaço’”, explicou a polícia.
Ainda não se sabe, no entanto, se o grupo interceptado no Sul de Minas faz parte do mesmo que praticou o crime em Pirapetinga. A suspeita é de que os mortos em Varginha tenham atuado em assaltos contra instituições financeiras em Uberaba (MG), Araçatuba (SP) e Criciúma (SC).