Que 2021 seja sutil


Por Juliana Netto

31/12/2020 às 00h55

Completadas mais poucas voltas no relógio e estaremos em 2021. Não que a troca de calendário vá resetar o que vivemos nestes últimos meses, sobretudo na questão do vírus que paralisou toda a humanidade, ainda longe de ser controlado. Ao menos, no entanto, o tradicional clima de esperança costuma nos trazer bons fluidos nessa época. Ao refletir sobre o que deixei de viver e no que espero para os próximos 365 dias no âmbito esportivo, dei-me conta do desejo pelas pequenas sutilezas.

Aquele desejo de, com o início dos estaduais, pegar um ônibus na Itamar Franco e ir ao Municipal torcer para o Tupi – e porque não também para o Tupynambás, algo que não consegui experimentar nessas duas temporadas do Baeta no Módulo I. De, diferentemente de algumas cidades, sentir-me segura no meio de muitos marmanjos ali dentro do busão. De ir com amigos que entendem muito de futebol. Ou de acompanhar quem simplesmente quer viver uma tarde diferente. De sentar nas arquibancadas descobertas do Estádio Mário Helênio, de preferência no lado das cabines de transmissão, gritar, xingar, comprar uma pipoca, extravasar um pouco e voltar para casa na mesma tranquilidade na qual subi – às vezes feliz, às vezes chateada por conta do resultado.

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Aquele desejo de ir ao Ginásio da Faefid acompanhar uma partida do JF Vôlei, rotina que completará 10 anos em 2011. De subir de 560 ou lutar para ajudar um (a) amigo (a) a encontrar um espaço no modesto estacionamento do entorno. De chegar na portaria, comprar o ingresso ouvindo aquele barulho das batidas na bola durante o aquecimento das equipes, do som do DJ, do apito do juiz organizando os protocolos de início da partida.

De acordar cedo para ir a uma corrida do Ranking de JF. Pegar o número de peito, fixá-lo na camisa, encardaçar melhor o tênis e, às 8h, ao deixar os PCD’s e a elite partirem, passar também pelo tapete de largada e ir no meu ritmo amador. De, enquanto muitos voltam das baladas, madrugar aos domingos e fazer alguns kms pela “orla” da Avenida Brasil, disputando espaço nas calçadas maltratadas com ciclistas, corredores, caminhantes. Ou de aventurar um pouco mais na Represa João Penido, na Estrada do Caracol, pelas bandas de Penido ou algum outro local com cheiro de mato, terra batida e de gente suada.

Da mesma forma que entendo como um privilégio pode viver tais experiências, sei que o conforto do meu “fique em casa” não me permite maldizer totalmente esse louco 2020. Mas, sem dúvida, quero, tão logo seja possível e seguro, para mim e todos que estão a minha volta, sentir o prazer dessas sutilezas novamente.

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Tópicos: blogs e colunas

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