2015, ano de desconfianças
Equipe iniciou seus desafios sob a sombra dos 7 a 1 para a Alemanha na Copa, mas técnico Dunga se diz satisfeito e esperançoso
Rio (Gazeta Press) – A Seleção Brasileira começou o ano de 2015 ainda com o amargo gosto dos 7 a 1 sofridos para a Alemanha nas semifinais da Copa do Mundo do ano anterior. O fantasma do vexame em casa acompanhou os canarinhos ao longo de toda esta temporada e, ao que tudo indica, seguirá com eles por muitos e muitos anos. O técnico Dunga, com alguns bons resultados nos primeiros jogos, ainda no segundo semestre de 2014, começou 2015 já com uma pedreira: a França em Paris.
Com um futebol envolvente, de bons toques e de muita velocidade, o Brasil conseguiu se impor diante do rival e venceu por 3 a 1. Três dias depois, sem o mesmo brilho, os canarinhos bateram o Chile por 1 a 0, em Londres. Foram os últimos amistosos antes da convocação final para a Copa América, a primeira competição oficial após os 7 a 1.
Copa América
Antes de o torneio em terras chilenas começar, a Seleção Brasileira disputou amistosos contra os reservas do México e diante de Honduras, sem maiores problemas. O principal drama para Dunga seria a perda de alguns titulares importantes para a competição, como o lateral-direito Danilo, o volante Luiz Gustavo, o lateral-esquerdo Marcelo e o meia Oscar.
“Qualquer equipe sente quando se perde vários jogadores importantes e com a Seleção Brasileira não foi diferente”, explicou Dunga.
A caminhada no Chile começou com uma virada de 2 a 1 sobre o Peru em um jogo sem uma grande exibição. O grau de cobrança aumentou na derrota de 1 a 0 para a Colômbia, quando os canarinhos perderam ainda Neymar, expulso por reclamação e que pegou quatro partidas de suspensão. Agora, aos desfalques por lesão, Dunga tinha que juntar a perda de seu principal jogador.
Com esse quadro desfavorável, o Brasil chegou para a terceira partida pressionado pela necessidade de, pelo menos, empatar com a Venezuela. Mas venceu por 2 a 1 e avançou para cruzar o caminho dos paraguaios nas quartas de final.
Diante do Paraguai, o Brasil jogou sem os desfalques que haviam se tornado habituais e com os titulares tendo superado uma virose ao longo dos dias que antecederam o duelo. Robinho colocou a Seleção Brasileira em vantagem. Porém, um pênalti infantil de Thiago Silva acabou levando ao empate paraguaio e a partida foi decidida nos pênaltis. Pior para o Brasil, que acabou eliminado e deixando o fantasma dos 7 a 1 cada vez mais vivo.
Eliminatórias
Ainda amargando a eliminação na Copa América o Brasil disputou amistosos contra Costa Rica e Estados Unidos, se preparando para as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, que será disputada na Rússia. As vitórias contra costarriquenhos e norte-americanos tiveram pouco efeito prático e o Brasil estreou contra o Chile, em Santiago, sabendo que uma derrota seria algo complicado de ser administrado.
Após um primeiro tempo apático e sofrível das duas equipes, os campeões da Copa América aproveitaram o melhor momento e ganharam por 2 a 0. O Brasil ia pressionado para a segunda rodada, diante da Venezuela, no Ceará.
Antes do jogo contra os cearenses, Dunga surpreendeu ao barrar o goleiro Jéfferson e escalar Alisson, jovem do Internacional que vinha se destacando desde a Copa Libertadores. Um gol de Willian com menos de um minuto de jogo facilitou as coisas para o Brasil, que venceu por 3 a 1.
A sequência previa um duelo contra a Argentina, em Buenos Aires. Com um dia de atraso por conta das fortes chuvas, os brasileiros arrancaram um empate por 1 a 1. No jogo seguinte, o último do ano, na Bahia, uma goleada por 3 a 0 sobre o Peru fez o ano fechar um pouco mais animado.
“Acho que fizemos uma boa campanha nas Eliminatórias até este momento. Foram sete pontos, dois jogos dos mais complicados, sendo que na única derrota que tivemos poderíamos ter vencido. O importante é que mesmo com muitos dos jogadores estando disputando as Eliminatórias pela primeira vez, eles conseguiram assimilar bem o aprendizado da Copa América e chegaram mais fortes para o nosso principal objetivo”, disse Dunga.
Categoria de base também não brilhou
Se a Seleção Brasileira principal patinou em 2015, as categorias de base não chegaram a ser animadoras. No Mundial Sub-17 o time canarinho foi eliminado nas quartas de final, sem nenhum brilhantismo, enquanto que nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá, o máximo que se conseguiu foi a medalha de bronze.
A melhor notícia veio no Mundial Sub-20, quando a Seleção Brasileira conseguiu fazer bons jogos, revelou alguns jogadores de destaque e foi derrotado no último minuto da prorrogação da grande final pela Sérvia.
“Independentemente do resultado final, esse grupo de jogadores mostrou que o futuro do futebol brasileiro está garantido, pois temos atletas em condições de brilhar com a camisa da Seleção Brasileira daqui a alguns anos”, avaliou Rogério Micale, que dirigiu a Seleção Brasileira.
Micale, por sinal, ainda dirigiu os canarinhos em alguns jogos de preparação para as Olimpíadas do próximo ano, no Rio de Janeiro. Goleadas contra adversários de menor peso, como Haiti e República Dominicana, mostraram muito pouco do que se pode esperar do time, que nos Jogos Olímpicos será dirigido por Dunga.
2016 promete ainda mais pressão
O ano de 2016 promete ser de muito trabalho, cobrança e pressão para a Seleção Brasileira. Além da sequência das Eliminatórias, que retomam em março com duelos contra Uruguai e Paraguai, o Brasil vai disputar a Copa América nos Estados Unidos, que vai marcar as comemorações pelo centenário do torneio, e também buscar a inédita medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Dunga, que vai ser o técnico nos três jogos, sabe que vai ter que superar uma grande pressão e, ainda por cima, administrar a questão política, com dirigentes da CBF sendo acusados de corrupção e a confederação vivendo dias turbulentos.
“Quanto à questão política fica complicado se envolver e tenho procurado trabalhar apenas naquilo que posso ter alguma ingerência”, disse Dunga.
O treinador se mostra confiante em relação ao futuro. “Se formos analisar, a Seleção Brasileira está evoluindo nas Eliminatórias. Encontramos os dois pontas que os brasileiros tanto cobravam, no caso o Willian e o Douglas Costa. Além disso, estamos montando um grupo com jogadores que antes não eram titulares e brigando pela titularidade, como o Marquinhos, o Renato Augusto e o próprio Alisson. Portanto, estou animado para que o Brasil possa atingir seus objetivos”, disse Dunga.
Neymardependência
Neymar, com quatro gols, acabou a temporada como principal artilheiro do time canarinho. Mostrar a não dependência do craque, inclusive, é um desafio para o futuro. Ao todo o Brasil jogou 14 vezes no ano, venceu em dez ocasiões, empatou em outras duas e perdeu apenas duas vezes (ver quadro).