Vice brasileiro e sul-americano, juiz-forano se afastou de sonho olímpico por barreiras financeiras

Ex-Flamengo, judoca e professor prata em Uberaba, Richardson sonhava com vaga na Seleção e Olimpíada


Por Gabriel Silva, estagiário sob a supervisão do editor Bruno Kaehler

27/11/2019 às 18h33

O judoca juiz-forano Richardson Baltazar, 21 anos, teve um dia intenso no último sábado (23), em Uberaba (MG). No mesmo dia, o lutador foi vice-campeão do Sul-Americano e do Campeonato Brasileiro das Ligas de Judô na categoria sênior. As duas competições foram disputadas na cidade do triângulo mineiro e encerraram o ano de retorno do jovem atleta ao cenário competitivo, do qual estava ausente desde 2016. Richardson chegou a alimentar sonho olímpico, mas se afastou pelos obstáculos financeiros trazidos com a necessidade de competir fora com regularidade para servir a Seleção Brasileira.

A classificação para os torneios do fim de semana se deu após vitória no Campeonato Mineiro de Judô, em 28 de setembro, em Mariana (MG). Pouco menos de dois meses depois, em Uberaba, Richardson subiu ao tatame oito vezes para chegar às finais sênior, até 81 kg, desta vez do Brasileiro e do Sul-Americano. “Estou bem entusiasmado para continuar a competir, e em campeonatos ainda mais fortes no ano que vem, porque eu fiquei muito animado com os resultados”, celebra o juiz-forano.

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Richardson (primeiro à esquerda), entre os premiados do Brasileiro e Sul-Americano (Foto: Arquivo pessoal)

13 anos de dedicação

Apesar de jovem, Richardson tem trajetória antiga no judô. Após iniciar no esporte aos 8 anos treinando no Bairro Granjas Betânia, na Região Nordeste, o atleta chegou a treinar no Flamengo aos 17. Após permanecer um ano no Rio de Janeiro, o judoca retornou a Juiz de Fora e, apesar de ter deixado o cenário competitivo, nunca deixou de praticar a arte marcial até torná-la seu ganha-pão.

O esporte também foi responsável pela criação de amizades com Guilherme “Maritaca”, seu treinador desde meados de 2011 e com o também professor de judô Leonardo Moura, líder do projeto Jovem Samurai, que acompanhou o amigo em Uberaba.

Atualmente, é professor na Phisiofísica Academia, no Bairro Francisco Bernardino, e no Colégio Conexão Kids, no Centro, de onde tira o sustento, apesar do pouco investimento no esporte. “Hoje, eu vivo dando aula. Em Juiz de Fora, tem bastante academia, mas o nível não é tão forte. Até pelo pouco investimento, a gente não consegue sair para disputar competições”, analisa.

Sonho olímpico

Para participar das competições em Uberaba, cidade a cerca de 726 quilômetros de distância de Juiz de Fora, o professor contou com a ajuda de integrantes da academia Phisiofísica para custear as despesas. “Se não fosse a ajuda do pessoal da academia, eu não teria conseguido disputar as competições. Eles que pagaram a minha passagem porque, para conseguir arcar com as despesas sozinho, fica muito puxado”, explica.

As dificuldades financeiras também apagaram o sonho de representar o Brasil em âmbito olímpico. Segundo Richardson, o investimento para competir nesse nível é alto, o que faz da função de treinador seu foco atual. “Antes eu pensava mais (em disputar Olimpíada). Para ir para uma Olimpíada, a gente deve chegar na Seleção Brasileira através de ranking, disputando várias competições. Para eu, que treino em academia, é muito difícil, pois não tenho a estrutura de quem treina em clube. Fico muito atrás no preparo”, lamenta o atleta, destacando que lutadores olímpicos chegam a disputar três vezes mais competições ao ano. “Atualmente, penso mais em dar aulas; em preparar novos atletas para competições”, conta.

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Tópicos: judô

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