Gestor defende projeto de base como prioridade no futebol

Sidnei Loureiro, ex-diretor do Botafogo, vê projeto de base como prioridade no futebol, destaca potencial de investimento na formação em equipes como o Tupi e o Tupynambás e defende orçamento real nos clubes


Por Bruno Kaehler

27/10/2018 às 07h00

“Os frutos de um bom trabalho nas divisões de base podem mudar a história de um clube”, acredita o gestor Sidnei Loureiro (Foto: Arquivo Pessoal)

Investimento a longo prazo na formação de atletas. Esta deveria ser a prioridade de equipes como o Tupi e o Tupynambás na avaliação do ex-gerente de futebol do Botafogo, Sidnei Loureiro, que trabalhou inclusive na campanha que levou o Glorioso à Taça Libertadores de 2014 e esteve em Juiz de Fora na última semana para ministrar palestra sobre a gestão do departamento de futebol profissional.

“Na minha visão, a prioridade seria montar um projeto de divisão de base sólido e a longo prazo. Pois os frutos de um bom trabalho nas divisões de base podem mudar a história de um clube. O problema é que muitos desses clubes têm problemas sérios e imediatos para serem resolvidos e, na sua maioria, deixam as divisões de base em segundo plano, o que é um erro estratégico enorme. Mas têm que entender que esse trabalho só dá resultado a longo prazo”, analisa.

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Formado em Educação Física e ex-técnico, Loureiro acumula trabalhos na base do Botafogo, até ser promovido em 2013, além da gestão do futebol profissional também em equipes como o Metropolitano (SC) e o Maricá (RJ), seu atual clube, e já teve o nome ventilado em Santa Terezinha nos últimos anos. Ele possui os níveis I, II e III do curso da UEFA pela Federação Madrilenha de Futebol, além de ter no currículo MBA em Gestão Esportiva na Fundação Real Madrid e Gestão e Marketing Esportivo na Universidade Trevisan (RJ).

Com tamanha rodagem, ele também apontou o que considera ser o maior desafio de clubes do interior. “Errar o menos possível em toda a sua gestão, mas principalmente na montagem de orçamento e contratações. Conseguir montar um elenco e uma boa comissão técnica com os recursos que o clube possui. Pagar em dia é fundamental na realidade do mercado do futebol hoje. Oferecer o que pode ser pago, o que está dentro da realidade do clube e honrar com esses pagamentos. Hoje temos muitos jovens talentos que podem formar um bom elenco a um custo que esteja dentro de qualquer orçamento.”

‘90% dos clubes rebaixados não honram seus compromissos financeiros’

Não há, segundo Loureiro, a responsabilidade de gerir as finanças do clube, mas, sim, participar da administração no futebol. “Ele deve participar da montagem do orçamento. E orientar os diretores estatuários do clube que montem um orçamento real, que possa ser realizado. A partir desta definição, fazer a montagem do elenco”. Desta forma, o clube dá passos largos para evitar o maior erro de gestão no ponto de vista do dirigente.

“Posso garantir que os atrasos de salários no atual futebol brasileiro são o maior erro de um clube. Pague pouco, mas pague. É possível montar um elenco de qualidade dentro de um orçamento baixo. Você pode não ser o campeão, mas com certeza não será o rebaixado. Posso garantir que 90% dos clubes de todas as séries que são rebaixados nos campeonatos estaduais e nacionais são clubes que não honram os seus compromissos financeiros. O ambiente em um clube que atrasa seus salários é muito ruim. Você começa a ter que conviver com mil problemas extra-campo. E no futebol você já tem um milhão de obstáculos para superar todos os dias, inerentes da competição. Não devemos criar e trazer para o dia a dia mais problemas.”

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Tópicos: futebol

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