Juiz de Fora tem base!


Por Juliana Netto

24/09/2020 às 07h00

Quarenta do segundo tempo. Um a zero para o Bahia de Feira. Àquela altura, eu, no finzinho do plantão de sábado, já esperava por mais uma derrota, de uma série de muitas, do Tupynambás. Mas o jogo acaba só quando termina, como dizem por aí. Em um Estádio Mário Helênio tomado pelo eco dos jogadores, o time de JF conseguiu uma incrédula virada, quebrando um doloroso jejum de um ano e sete meses sem vencer uma partida sequer. E todo aquele meu desapontamento se transformou em esperança. Esperança de ver novamente o Baeta bem. E, por mais que sejam rivais, o Tupi também. O futebol da cidade como um todo.

Para quem lê essas tortas linhas às quintas, meu bairrismo não é novidade. Falou que é de JF, cá estou na torcida. Encho-me de orgulho quando vejo equipes e atletas da nossa terrinha se destacando.

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Sensação parecida a essa do Leão do Poço Rico tenho sentido também nestes últimos domingos, acompanhando a sensível série Tem Base!, veiculada aqui da Tribuna. Impossível não se emocionar com depoimentos de familiares de atletas que romperam barreiras carregando o que aprenderam por aqui. Emocionante ver que Larissa Oliveira e Léo Santana, por exemplo, de formações diferentes, de realidades financeiras bem díspares, hoje brilham de forma equivalente. E causam aquele brilho tão doce nos olhos de suas mães.

Neste período eleitoral que vem por aí, é preciso que fiquemos atentos ao que os candidatos propõem para o esporte. Não aqueles planos politiqueiros que estamos acostumados. Para que novos Felipes Silvas, Larissas Oliveiras, Alexandres Anks, Bias Ferreiras, Léos Santanas e Robertas Stoppas possam despontar por aí. E não só contar com a própria sorte – ou com sacrifícios particulares tão duros. Que destes bairros, com a molecada jogando futebol pelas ruas íngremes, possam surgir goleadores para Baeta e Carijó, cada vez mais dependentes de elenco externo.

Bebendo da fonte do nome da série, Juiz de Fora tem base! Só saber explorá-la. Para bairristas como eu, basta um gol nos acréscimos ou o brilho nos olhos de uma mãe para seguir sempre na torcida.

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