Corrida da Fogueira: setentona, charmosa e democrática

Dois mil corredores participam neste sábado da Corrida da Fogueira, entre eles os aposentados Roberto Costa e Márcio Tanure, que relembram um pouco da história da prova mais tradicional da cidade. Este ano, 100 pessoas com deficiência também vão correr


Por Marcio Santos

22/07/2017 às 07h00

O bombeiro militar e voluntário Marcos Arruda orienta o corredor Bruno Guedes dos Santos, que é deficiente visual, com palmas (Foto: Leonardo Costa)

Quem já chegou aos 70 anos de vida sempre tem boas histórias para contar. E, neste sábado (22), a prova rústica mais tradicional de Juiz de Fora chega à sua 70ª edição. A Corrida da Fogueira irá receber mais de dois mil corredores, que vão dar a largada na Praça do Bairro Bom Pastor, às 19h, no percurso pela Avenida Barão do Rio Branco, com retorno na altura do Bairro Manoel Honório (ver quadro). A distância programada para a prova principal é de 7km.

Em sete décadas, tanto a distância quanto o percurso da Fogueira sofreram várias alterações desde a sua primeira edição, que aconteceu no dia 23 de junho de 1942, dentro de uma tradicional festa junina que acontecia no Sport Club Mariano Procópio, no Bairro homônimo, onde o vencedor tinha a honra de acender a fogueira. Aprova também contou com distâncias de 10,2 km e até mesmo de uma meia maratona de 21 km, nos anos de 2002 e 2003, com percursos que iam da Avenida Rui Barbosa, em Santa Terezinha, às ruas da região central da cidade.
Roberto Marcos Costa, 77 anos, o Capitão, conhece bem a história da Corrida da Fogueira, pois há 60 anos participa da prova, e já correu 50 vezes. Sua primeira participação foi em 1957.

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“Tenho tudo anotado no caderno. Fiquei poucas vezes sem correr, porque fui morar um tempo em São Paulo e outras vezes a prova não aconteceu, como em 1964, devido ao Golpe Militar, e no início de 1980. Mas das outras provas participei de todas e vou para mais uma”, conta o recordista da Fogueira.ele.
Com 32 anos de Corrida da Fogueira, o aposentado Márcio Ramos Tanure, 72, é outro veterano que chega à 70ª edição da prova com entusiasmo. A sua primeira disputa foi em 1985 e, de lá para cá, ele nunca não deixou de participar. “A única edição que me recordo de não ter participado foi em 1996, quando não foi realizada. A Fogueira sempre teve o seu charme, por ser à noite e reunir corredores de várias idades e lugares”.

Ambos relembram que a premiação da prova começou em 1970 e, com isso, atraiu corredores militares do Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio Janeiro, além de atletas de Atlético-MG e Cruzeiro, como João da Mata, que em 1983 venceria a Corrida de São Silvestre, em São Paulo. Outra curiosidade da prova, segundo eles, era que o último colocado recebia como prêmio uma abóbora.

Voluntário

Além de histórica, esta edição da Corrida da Fogueira também é marcada pela inclusão social. Cerca de cem atletas na categoria PCD (pessoas com deficiência), vão percorrer o trajeto na Rio Branco, eles atletas do projeto JF do Bem. O grupo conta com guias voluntários como os corredores Gedair Reis e Marcos Arruda.
Marcos, que é bombeiro militar, diz que, como sempre participou de corridas, foi incentivado por outros guias a ser voluntário. Um dos seus guiados é Bruno Guedes dos Santos, 27, que é deficiente visual. Ele conta que começou a correr há cinco anos e, com isso, já perdeu 18kg. “Além de melhorar a qualidade de vida, as corridas me ajudam na autoestima”, relata o corredor.

A superação e inclusão social também motivaram o cadeirante Jean Rocha de Oliveira, 21, a participar das provas. “Comecei a correr no ano passado, mas faço natação desde pequeno.Vejo que as corridas são a oportunidade de fazer novos amigos”, revela.

Dicas

O educador físico Marcos Halack, orienta que os atletas devem se alimentar horas antes do evento com uma alimentação leve. Além disso, dá uma dica importante neste inverno: “Não esqueça de levar agasalho, pois na hora da prova a previsão é de baixa temperatura. Além disso, chegue com antecedência de pelo menos 1h, para pegar o chip com calma”.

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