Grupo de americanas aprende (e ensina) futebol em JF
A paixão pelo futebol fez os quase 9.000km entre Juiz de Fora e a cidade norte-americana de Lubbock, no Texas, serem reduzidos a um “logo ali” típico do povo mineiro. Durante a última semana, oito garotas entre 14 e 15 anos tiveram a oportunidade de conhecer um pouco da cultura e do povo brasileiro. E, claro, aprenderam habilidades do que elas chamam de “futebol brasileiro”.
Todas atuam pelo Jazz Soccer Club, equipe amadora que atua em Dallas. Para entrar em campo, a delegação encara 550km de viagem desde Lubbock até o local dos jogos. “Nos Estados Unidos, muitas cidades não têm equipes de futebol feminino. Temos que viajar para conseguir bons confrontos. Mas aqui as pessoas crescem jogando futebol. São muito bons e têm muitas habilidades. É muito melhor jogar aqui”, diz a atacante Chloe Woodard, de 14 anos.
A excursão foi encerrada com um amistoso contra uma equipe feminina de Matias Barbosa no campo da AABB-JF, que terminou com vitória das visitantes por 4 a 2 nos pênaltis, após empate de 10 a 10 no tempo normal. Dentro de campo, muita aplicação tática, usando o passe simples para chegar ao gol, diferente da espontaneidade das brasileiras. Oportunidade única de troca de experiências e aprendizado. Seja para americanas, seja para brasileiras.
“Agora eu sei o que é jogar futebol. As americanas são novas, mas já têm noção tática e parece que jogam há um tempão. Por isso a Seleção americana é tão avançada. Desde pequenas já sabem jogar o tático mesmo. Aqui no Brasil, nessa idade, jogam o quê? Na rua, brincam de jogar bola”, diz Marina Loures, juiz-forana de 23 anos convidada para jogar ao lado das estrangeiras, mesmo sem dominar o inglês. “Foi um pouco difícil na hora de pedir a bola, mas futebol é universal. Ali dentro a gente dá um jeito e consegue se entender legal.”
Para organizar a temporada de treinos, o Jazz Soccer Club contratou a TetraBrazil, empresa brasileira que atua nos Estados Unidos com o ensino do futebol. Mas quem veio para aprender, também ensinou. “Elas são muito táticas. Tocam e já se movimentam. Isso é muito interessante. Mostra que a gente tem que evoluir muito ainda. Se juntar o que temos com a tática das americanas, aí seria difícil bater o Brasil”, avalia Marina Loures.
Independentemente da superioridade americana nos resultados no futebol feminino, Chloe não esconde a admiração pela relação do brasileiro com o esporte. Mesmo sem conseguir pronunciar muito bem, colocou Pelé como uma referência. “Ele foi muito bom e teve muita habilidade. Eu gostaria de ser como ele, mas é difícil. Treino o tempo todo, mas não temos muitas chances de jogar uma partida de futebol. Por isso vir até aqui foi uma grande oportunidade de aprender coisas que eu, definitivamente, preciso aprender. Foi muito divertido. Uma grande experiência, que me ensinou muito.”