De malas prontas para os EUA
O chavão bom de bola, bom de escola será necessário nos próximos quatro anos de Júlio Alvarez Rocha Rangel. O juiz-forano de 20 anos foi indicado pelo técnico do Clube Bom Pastor, Sérgio Moraes, em projeto da TetraBrazil, e após quase um ano de estudos, passou em prova teórica de inglês e ganhou bolsa para estudar e atuar na equipe de soccer do Iowa Lakes Community College, na cidade de Spencer, em Iowa, nos Estados Unidos.
“Tivemos uma seletiva em Niterói (RJ), onde é o centro de treinamento do Botafogo e funciona a TetraBrazil. Tinha gente avaliando os atletas. Primeiro analisam o futebol, mas como são indicados, a maioria tem boas condições. Depois veem os perfis. Se tem currículo legal, boas notas. E então entram no processo seletivo da Tetra para ser aceito nos EUA, mandando até DVD para coaches (treinadores) das universidades. Aí vem o trâmite do inglês. Para estudar lá precisa ter fluência. A maioria não possui, mas o Júlio já tinha uma base, então cobraram dele a prova do TOEFL, necessária para garantir que conseguiria estudar lá”, explicou Sérgio, que sempre com apoio das instituições, como a do Bom Pastor, leva jovens destaques da cidade para grandes clubes do país ou do exterior.
O jovem passou dois meses nos Estados Unidos, estudou o idioma por quase um ano em casa e acabou passando na prova em sua quarta tentativa. “A prova é muito puxada, exige muito estudo. Tive que manter o foco, tentando não desviar minha atenção no dia a dia, porque poderia afetar, como aconteceu duas vezes em que fiquei por um ponto. Tinha quatro anos de inglês básico e passei dois meses nos Estados Unidos, então sabia me virar. Sabia 40% da língua, mas a prova exige no mínimo 70%”, contou Júlio, que não se esquece do apoio dos pais Marcos e Liliane Rangel em momento delicado.
“Meus pais foram muito importantes porque muitas das vezes pensei em desistir, ficava um pouco fadigado. Tenho um irmão de 4 anos que é muito grudado em mim e ficava na dúvida pela saudade da família e amigos. Mas acabou que meu pai pode pagar dois meses lá e tive a certeza de que queria isso. Fiz a prova em que passei nos Estados Unidos, inclusive, e recebi o resultado no Brasil. Mas meus pais foram as melhores pessoas e me ajudaram em tudo”, destacou.
Formação e soccer
Volante, Júlio passou por equipes renomadas da cidade até conhecer o futsal do Clube Bom Pastor. “Comecei jogando campo na base do Tupi, mas quando ficou enfraquecida, fui para o Sport jogar o Campeonato Mineiro. Acabei indo para o futsal por ter mais treinos e competições, quando conheci o Sérgio”, lembra. Agora, apesar do futuro do jovem já ter etapas traçadas em campo, a prioridade seguirá sendo em sala de aula.
“Primeiro vou para essa universidade comunitária, por dois anos, e depois, por indicação do treinador, passo para outra universidade, de acordo com meu desempenho no futebol e nas notas. Penso em terminar esses quatro anos e me formar lá, não ser um jogador de futebol, até porque se recebo esse convite perco minha bolsa. Estou mais focado em estudar e depois volto para minha família para avaliar o futuro.”
No âmbito desportivo, Júlio tem a segurança de que irá aprender, mas também compartilhar ensinamentos do Brasil em um dos centros de futebol que mais cresce no planeta. “O soccer dos Estados Unidos está crescendo muito. De cinco anos para trás praticamente não víamos jogadores famosos, mas hoje temos muitas estrelas. E o estilo de jogo deles é bem parecido com o meu, mais pegado, o que deve facilitar minha ida. Com certeza tenho muito a acrescentar e aprender, o que sempre acontece com uma nova cultura e pessoas novas.”