Campeão paulista de kickboxing, juiz-forano busca participar de Mundial

Morador do Bairro Vila Esperança II, Paulinho integra o projeto social Galpão da Luta e conquistou vaga no Campeonato Brasileiro neste fim de semana


Por Bruno Kaehler

20/08/2019 às 17h07

Paulinho é anunciado como o vencedor da decisão do Campeonato Paulista (Foto: Arquivo pessoal)

Desde as primeiras lembranças, Paulo Henrique Gregório Gomes, mais conhecido como Paulinho, está envolvido no esporte. “Comecei a treinar capoeira com o meu pai, mestre Paulo Elias, bem novo, e depois praticar o kickboxing no Galpão da Luta, primeiro em Nova Benfica, depois em Benfica e, agora, no Bairro Araújo. Passei, há um tempo, a fazer treinos mais voltados para o caratê e kickboxing, com o mestre Bento, do Galpão, projeto dele que também tento ajudar”, conta o lutador.

Morador do Bairro Vila Esperança II, Zona Norte de Juiz de Fora, o atleta de 23 anos, impulsionado pela família, cresceu nos ringues e fora deles. No último fim de semana, em luta da categoria até 75kg em São Vicente (SP), se tornou campeão paulista de kickboxing e ainda recebeu troféu de melhor atleta de ringue no evento chancelado pela Federação Paulista de Kickboxing Tradicional (FPKT).

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“Foi minha primeira competição em São Paulo. Já havia participado de um Brasileiro em Cabo Frio (RJ), do Favela Combat, no Rio, que foi um evento maior onde passei a ser mais conhecido pela luta, e do WForce, além de torneios em JF. Mas esse foi diferente por ter sido de uma federação forte. O mais importante foi que eu fiz a minha única luta sem sair com cansaço extremo e ileso, porque outros atletas preferem ganhar sem se preocupar com o físico. Foi uma conquista muito grande que pode expandir os campos para que eu tenha uma visibilidade maior e, talvez, mais para frente, conseguir patrocínios para me ajudar a disputar eventos mais distantes”, analisa Paulinho.

‘Futuro muito grande’

Mestre de Paulinho, Bento Luiz, responsável pelo Galpão da Luta, projeto que atende crianças em situação de risco por meio da prática de artes marciais, não mede elogios ao atleta assessorado há quase uma década. “O Paulinho é um menino com um caráter muito bom. Um jovem que, pela forma que conduz a vida, tem um futuro muito grande, até pela família que tem. O pai dele, o Mestre Paulo Elias, e a mãe, Rose, são pessoas íntegras e dão uma força, um apoio imenso. Tanto que quem foi ao Paulista com o Paulinho como treinador foi o pai dele, porque eu não pude pela minha escala de serviço. O Paulinho é um jovem promissor, que treina muito e já está entrando em alto nível. Mesmo assim, mantém uma humildade muito grande. Dia 31 ele luta de novo, no Strikers, em Benfica, e dia 14 de setembro ele vai lutar no WForce, no Bairro Industrial. É um atleta excelente e você não acha um ponto negativo. Obediente, insistente no que deseja e com um futuro muito grande”, destaca Bento, que, além de treinador de kickboxing, é sargento da Polícia Militar.

Cada vitória do juiz-forano representa muito mais que a conquista de uma medalha. “Para o Galpão da Luta é muito importante porque ele mora em um bairro que, por si só, é vítima de muito preconceito pela comunidade em geral. O Paulinho está comigo há muito tempo, cerca de oito anos, já treinava caratê com os pais e me procurou dizendo que o sonho dele era competir. Passamos a treinar ele para isso. O primeiro torneio foi o Brasileiro, em 2014, e ele foi campeão pela Seishinkaikan, nossa federação. A partir daí foi despontando, se apaixonou por lutar e foi crescendo”, destaca.

Mestre Paulo Elias, pai de Paulinho, ao lado do filho após o Estadual em São Vicente (SP)

Do Brasileiro ao Mundial

O atleta do Vila Esperança II sobe, degrau por degrau, rumo à realização dos sonhos no esporte. Com o título paulista, o juiz-forano conquistou vaga para disputar o Campeonato Brasileiro, ainda sem data definida. “Se vencer o Brasileiro, fica na ponta para disputar o WGP, o maior evento profissional de kickboxing da América Latina. Daí despontar para outros eventos grandes. No ano que vem iremos disputar o Mundial da ISKA (Associação Internacional do Esporte Caratê, que também regula o kickboxing), que deve ser em Quito, no Equador, provavelmente em novembro”, explica Bento.

Cada passo dado fortalece as metas de Paulinho. “Quero alcançar o Mundial, meu objetivo desde que comecei a praticar a arte marcial. E ter reconhecimento nesta área do kickboxing e talvez no muay thai”, conta.

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Tópicos: kickboxing

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