Gustavo Brancão diz priorizar organização, intensidade de jogo e competição interna no Baeta

Técnico elogia preparação para o Módulo II, projeta uma das edições mais difíceis da história e lista pré-candidatos ao sonhado acesso


Por Bruno Kaehler

20/06/2021 às 07h00- Atualizada 20/06/2021 às 13h08

Ao lado da comissão técnica do Tupynambás, há pouco mais de um mês, Gustavo Brancão realiza, entre as atividades físicas na pré-temporada, treinamentos para introduzir suas ideias de jogo no grupo de atletas do Baeta. O profissional de 37 anos que comanda o Leão do Poço Rico pela primeira vez em sua carreira, após estar à frente do Athletic na reta final da elite estadual desta temporada, concedeu entrevista exclusiva à Tribuna e destacou, sobretudo, a importância da formatação do elenco e dos trabalhos preparatórios para a competição. Conforme o treinador, os anúncios de jogadores feitos pelos participantes da segunda divisão mineira geram uma expectativa de que o torneio, com início em 4 de julho para o clube juiz-forano, seja uma dos mais disputados de todos os tempos.

Certamente, tais características configuram um dos principais desafios da carreira do jovem técnico. Natural de Divinópolis (MG), Gustavo Marcos Rodrigues, o popular Brancão, tem formação em Educação Física pela Universidade de Itaúna e possui a Licença B da CBF Academy, curso para treinadores chancelado pela entidade que regula o futebol brasileiro. Como auxiliar ou comandante, entre experiências nas categorias de base e no profissional, ele também já passou pelos mineiros Araxá, Guarani, Social, Tupi, Boa Esporte, Pouso Alegre e Mamoré.

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Anúncio de Gustavo Brancão feito pelo Tupynambás nas redes sociais (Foto: Thiago Britto)

No Leão do Poço Rico, o comandante possui o suporte da comissão técnica integrada pelo auxiliar Wesley Assis, o analista de desempenho Lucas Andrade, o preparador físico Luiz Carlos Caldiron, o auxiliar na preparação física, Bernardo Silva, o massagista Ocimar Barcelos e o roupeiro Jeferson Machado, o Jefinho.

Nas quatro linhas, o clube já havia confirmado 22 contratados até a edição desta matéria, com os goleiros Hiago Baptista, Juliano Chade e Renan Rinaldi; os laterais Caio Queiroz, Douglas, Fernando Vinícius e Lucas Rodrigues; zagueiros Davy Einstein, Eduardo, Rayan Ribeiro e Vinícius Silva; os volantes Anderson Cachorrão, Bernardo Diniz, Michel Elói, Tetel e Yan Gomes; os meias Daniel Felipe, Lucas Kattah e Ramon Santos; e os atacantes Davi Marinho, Fabinho Alves e Cleber Pereira.

Confira abaixo a entrevista de Gustavo Brancão à Tribuna

Tribuna de Minas – Como foram as primeiras semanas no Tupynambás? Você participou ativamente da formação do elenco?
Gustavo Brancão – Desde quando acertei, estive trabalhando, junto da diretoria, na montagem do elenco e acho que é o fator principal. Precisa ter a minha forma de trabalho, com jogadores que já me conhecem ou que já jogaram contra e que buscamos informações. Além da comissão técnica, que tem profissionais bastante gabaritados. Dentro do que está sendo planejado, a diretoria tem dado total suporte nas contratações e indicações de vários atletas. Estamos chegando a um consenso em jogadores para o clube, com alguns que já têm identidade com o Tupynambás e outros que já trabalharam comigo, o que faz a gente ganhar tempo. Viemos em uma sequência bem feliz ao longo dessas quatro semanas de trabalho, com uma resposta muito grande dos atletas. Estou bastante feliz. Com certeza ainda teremos muito pela frente, mas estamos no caminho certo.

– Quais ideias de jogo você traz e busca, dentro das possibilidades, implementar no Tupynambás?
Para quem acompanha as minhas equipes, são muito bem organizadas tanto ofensivamente quanto defensivamente. Grupo que gosta de propor jogo, ter a bola, muito intenso, que tenta ao máximo possível matar o jogo o quanto antes. Mas precisa, primeiro de tudo, ser organizada, saber o que fazer com e sem a bola. São alguns requisitos que gosto nas minhas equipes. Principalmente a intensidade de jogo, dentro e fora de casa. Não gosto de mudar esquema, mas pode ser que durante as partidas aconteça alguma situação que faça a gente abrir ou fechar um pouco mais. Só que não gosto de mudar muito. Tento transferir aos jogadores o máximo nos treinos, fazer o que gosto nos jogos durante os treinamentos. Eu sou um cara que cobra muito.

– Muitos dos reforços anunciados até aqui jogaram o Módulo I ou estavam em outros estaduais. É um pedido seu?
Com certeza. Na formação do elenco, tudo isso temos que olhar. Jogadores que estavam em atividade no primeiro semestre, que já têm um lastro. Claro que a pré-temporada toda é para isso, mas você já ganha tempo na parte de força física e consegue trabalhar mais as situações técnicas e táticas. Foi um dos meus pedidos ter atletas com esse lastro. Claro que nem sempre você consegue trazer todo mundo que estava jogando no primeiro semestre, mas a maioria é de atletas que estavam em atividade, sem tanto tempo parado. E filtramos muito, a formação do elenco é muito importante. Essa análise te faz ganhar tempo para uma pré-temporada e ajuda a colocar em campo o que você preparou.

– A nova regra permite mais contratações de atletas acima de 24 anos, mas mantém o uso por jogo de até sete deles. Muda algo pra você?
Gostaria que o Módulo II não tivesse limite de idade. É uma divisão de acesso para a elite, muito importante. E você pode ficar refém de jogadores abaixo da idade, que são muito valorizados na competição. Claro que os atletas acima da idade formam sua espinha, mas com uma mescla. Os mais jovens têm que ter experiência, ser competitivos, porque o Módulo II pede isso. Serão jovens de onde? São acostumados com jogo de pressão? Por mais que não tenha torcida, sabemos das dificuldades do Módulo II, da intensidade de jogo. E precisamos saber contratar até os experientes, que vão ajudar você a conduzir os jovens para o lado positivo. Se o cara mais velho se entrega, corre muito, não tem como o menino mais novo querer poupar. E para quem conhece minhas equipes sabe que eu não relaxo para ninguém. Vai jogar o que estiver melhor, quem fizer por onde. Por isso, nas contratações buscamos jogadores com experiências no Módulo II e na primeira divisão, mas os atletas suplentes vão estar à altura de quem estiver jogando. Assim, os titulares não vão poder dar brecha e aqueles que entrarem terão que fazer bem feito.

– Hoje, pelo conhecimento de mercado e formação da equipe, é possível dizer que o Tupynambás entra como candidato ao acesso?
Acredito que não vai ter equipe boba no Módulo II pelo que o pessoal vem anunciando. Vai ser um dos torneios mais difíceis. Sabemos que quando começa a competição, tudo se iguala e não vejo favoritismo de ninguém. Quem estiver mais organizado, preparado, possuir uma estrutura melhor extracampo, será candidato. Pela montagem de elenco, vemos equipes formando grupos competitivos, como o Nacional, Betim, o próprio Tupynambás, os ‘Democratas’, Ipatinga, todas equipes que vêm forte. Todas vão buscar o acesso, mas é a competição que vai mostrar quais, literalmente, se destacarão. Mas estamos batalhando muito para ser uma delas.

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– Por esse equilíbrio previsto, então, o seu trabalho na formação do elenco e na organização tática se torna ainda mais importante?
Com certeza. Vejo um equilíbrio muito grande nesse ano pelas formações das equipes, cada uma vindo com sua realidade, mas com os pés no chão. Acredito muito nesse elenco que estamos formando, bastante competitivo, com uma identidade com o clube e principalmente com a minha forma de jogar. E estou feliz tendo total apoio da diretoria, da comissão técnica e do elenco, todos empenhados para sermos merecedores dessa tão sonhada volta à primeira divisão.

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