Ativista denuncia brasileiros que constrangeram russa e pede processo criminal

Além disso, uma queixa formal será apresentada à embaixada brasileira em Moscou


Por Agência Estado (Moscou)

20/06/2018 às 20h14

Os torcedores brasileiros que geraram polêmica ao constrangerem uma mulher russa, em um vídeo que difundiram pela internet, poderão ser alvo de um processo criminal na Rússia. Uma denúncia está sendo apresentada contra os envolvidos e ativistas querem que a polícia local abra um inquérito. Além disso, uma queixa formal será apresentada à embaixada brasileira em Moscou e uma petição contra os torcedores já conta com quase 500 assinaturas de ativistas. Caso sejam considerados como culpados, os brasileiros podem sofrer sanções que vão desde multas até a proibição de voltarem a entrar em território russo.

Torcedores brasileiros expõem machismo ao postar vídeo em que gritam frase em alusão à cor do órgão sexual feminino com uma mulher russa (Foto: Reprodução)

A autora da denúncia é a advogada e ativista russa Alyona Popova. Na comunicação, ela cita artigos das leis da Rússia que apontam para punições quanto à humilhação ou insulto. Neste caso, a multa pode chegar a 3 mil rublos (cerca de R$ 176). Mas também existiria a possibilidade de que os brasileiros sejam denunciados por violência da ordem pública e abusos sexuais. Uma responsabilidade criminal apenas poderia ser atribuída se ficar constatado que o ato tem uma relação com discriminação de sexo, de raça ou nacionalidade. Para Alyona Popova, deve haver uma pedido oficial de desculpas por parte dos brasileiros envolvidos no caso. Além da denúncia, ela ainda quer iniciar uma petição para criar uma pressão popular diante do caso.

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Em um texto publicado pela ativista, ela alerta que um dos envolvidos tinha um cargo público e que os torcedores “não podem humilhar” a mulher russa. Ela se referia ao tenente da Polícia Militar de Santa Catarina Eduardo Nunes, um dos identificados no vídeo. Segundo a advogada, a ofensa tem uma relação direta com “nacionalidade e gênero”. “Gostaria que esses cidadãos fossem punidos”, escreveu.

A embaixada do Brasil em Moscou afirma que não recebeu a queixa da ativista. Na manhã desta quarta-feira, ela apenas indicou que tem recebido e-mails de brasileiros protestando contra a atitude dos torcedores brasileiros. Mas considera que o caso é “isolado” e que a maioria tem tido uma postura exemplar. Na cartilha distribuída ao torcedor, recomenda-se observar leis e costumes locais, inclusive para a questão de “decoro”. O caso levou a embaixada a enviar um telegrama a Brasília para solicitar orientação. Uma das dificuldades, porém, é que o governo brasileiro não tem qualquer possibilidade de agir em território russo e os responsáveis por assédios apenas poderiam ser repreendidos se houvesse uma queixa local na polícia por uma das vítimas.

Leandro Cruz, ministro do Esporte, criticou nesta quarta-feira abertamente o comportamento de alguns homens brasileiros que promoveram situações constrangedoras para mulheres russas, durante a Copa do Mundo. Segundo ele, o grupo que assediou mulheres presta um “imenso desserviço” ao Brasil. Mas ele admite que tal caso “não tinha como ser previsto” na cartilha que o Governo criou e distribuiu aos torcedores sobre como se comportar na Rússia. Pelo menos três casos de assédios ou constrangimentos foram registrados desde o começo da Copa do Mundo, envolvendo torcedores brasileiros e mulheres russas. Pelas ruas de Moscou, porém, casos com outras torcidas também têm sido identificados, em especial de países latino-americanos.

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