Juiz-forano ganha bolsa para estudar e jogar nos EUA: “vou poder ajudar meu pai”
Atleta do Clube Bom Pastor, onde o pai trabalha, Thiago dos Santos foi aprovado em seletiva e irá embarcar em agosto; vaquinha on-line levanta recursos para a viagem
”Se Deus quiser, um dia vou poder ajudar meu pai, porque foi quem sempre me apoiou”, declara Thiago dos Santos, de 20 anos, sobre seu principal incentivador, Wanderley Heredio, ambos do Bairro Santo Antônio, Zona Sudeste de Juiz de Fora. O jovem tem se preparado para estudar, a partir de agosto deste ano, Educação Física e Fisioterapia e jogar futebol de campo nos Estados Unidos, na Allen Community College, universidade do estado de Kansas, após passar em uma seletiva da Next Academy e ganhar uma bolsa – não integral – para o desenvolvimento na faculdade.
”Não tenho palavras para descrever, a ficha ainda não caiu. É uma emoção muito grande e espero construir meu futuro nos Estados Unidos. Eu não imaginava jogar fora do país tão rápido, achava que ia começar jogando no Brasil. Mas surgiu a oportunidade da Next, resolvi arriscar e está dando tudo certo”, conta o sorridente Thiago, que atua como segundo volante.
Revelado pelo Botafoguinho, de Juiz de Fora, o atleta foi, também como bolsista, ainda com 9 anos para o Clube Bom Pastor (CBP), onde permaneceu até os 17. Seu pai, funcionário da cantina do clube, foi quem conseguiu levar o garoto para trilhar o caminho no futebol e no lugar em que trabalhava. ”Minha relação com o clube é muito boa e sou muito grato pela oportunidade de trabalhar aqui. Fiquei muito feliz quando o Bom Pastor abriu as portas para meu filho, porque era o sonho dele treinar lá. Na época, fiquei muito grato por ele poder estar nesse rol de atletas”, conta Wanderley.
Com mais de sete anos atuando pelo CBP, tanto no campo quanto no futsal, o garoto disputou vários campeonatos internos e algumas edições da Copa Prefeitura Bahamas, e garante que seu treinador, Sérgio Moraes, foi essencial para o desenvolvimento na caminhada.
”É muito bom você lembrar quando esse garoto chegou aqui, a pedido do pai dele, que é funcionário do clube, e ver que pudemos oportunizá-lo. Quando o Thiago veio me agradecer, deu para ver o sentimento de gratidão, que para mim é o principal. A primeira coisa que fiz quando eu recebi a notícia foi falar ‘tô felizão’ com o Thiago”, garante Moraes, treinador do Bompas.
Caminho até os Estados Unidos
Após completar 18 anos e ”estourar” a idade da categoria sub-17, Thiago saiu do clube e parou de treinar durante alguns meses. O atleta conta que, nesse tempo, disputou alguns campeonatos de futsal em Juiz de Fora por times de amigos, os quais sempre lhe chamavam, sabendo de seu talento. Até que, por acaso, surgiu uma oportunidade.
”Fiz minha inscrição pelo Instagram da Next, marcaram a seletiva, e na mesma semana entraram em contato comigo. Compareci, joguei bem e depois me ligaram falando que fui aprovado”, diz o jovem, visivelmente emocionado.
A Next, empresa do ramo esportivo e educacional, foi a responsável pelo encaminhamento de Thiago aos Estados Unidos. ”É muito gratificante, porque começa a ser um propósito de vida ajudar os jovens, além do futebol, a serem pessoas e alunos melhores. É incrível ver atletas como o Thiago conseguindo oportunidades e servindo de inspiração para as próximas gerações” declara João Paulo Silva, coordenador da Next em Juiz de Fora.
Nos últimos anos, Sérgio relata que o número de atletas indo para os Estados Unidos aumentou muito, pois os norte-americanos começaram a observar nos brasileiros características diferentes das do futebol lá praticado. ”Existe a necessidade das universidades norte-americanas em ter o conhecimento do jogador brasileiro, a nata do futebol daqui. A qualidade técnica dos nossos (atletas) é muito melhor, lá eles sempre usam a palavra ‘skill’ (habilidade), e buscam isso nos brasileiros para introduzir nos times universitários para que fique um futebol mais técnico”, explica o treinador.
Vaquinha arrecada recursos para viagem
Com passagem comprada com destino aos Estados Unidos em agosto, Thiago continua treinando e se preparando, tanto no futebol quanto no aprendizado de outra língua, o inglês. Em contato com a reportagem, o garoto afirmou que pretende curtir os meses que antecedem o embarque com seus familiares e amigos, para focar totalmente no esporte e no estudo quando chegar em solo norte-americano.
No entanto, o juiz-forano também tem se preocupado em juntar verba para as despesas com a viagem, como os trâmites de documentação, e de fração da mensalidade da faculdade não coberta pela bolsa. Diante disto, foi criada uma vaquinha on-line para auxiliar o atleta financeiramente.
Mesmo admitindo que sentirá muitas saudades de seu filho, Wanderley Heredio acredita que a falta de Thiago será recompensada quando o sucesso vier. ”Sinto muito orgulho, até porque ele é um filho esforçado e dedicado, que acreditou no seu sonho e foi em busca, com muita perseverança, e agora conseguiu concretizar sua vontade”, fala o pai do garoto.