Juiz-foranos são campeões em novo evento em defesa do parajiu-jítsu

Professor Linus Pauling e atleta Marcelina do Nascimento conquistam medalhas e seguem atrás de apoio para que lutas cheguem a mais pessoas com deficiência de JF


Por Bruno Kaehler

18/10/2021 às 18h21

O professor Linus Pauling e a paratleta Marcelina do Nascimento deram mais um passo em busca de visibilidade e valorização do parajiu-jítsu não apenas em Juiz de Fora, mas em âmbito nacional. A dupla participou, no último fim de semana, do Rio Challenge, evento realizado em tatames cariocas pela Federação Sul-Americana de Jiu-Jítsu Desportivo (SJJSAF).

Enquanto Marcelina, que usa a arte marcial para obter maior qualidade de vida no combate às sequelas de paralisia cerebral congênita, foi campeã em sua classe e estreou como comentarista de lutas do evento, Linus repetiu a medalha de ouro em sua categoria e fez uma luta casada com Jonathan Pitbull, atleta que possui Síndrome de Down e é um embaixador do paradesporto pela SJJSAF.

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O faixa preta Linus conquistou a medalha de ouro após uma luta na categoria Master 3. “É uma honra poder representar nossa cidade em grandes eventos iguais a esse”, conta o professor e atleta, que preferiu destacar a outra experiência no tatame, na luta casada que objetivou a promoção do parajiu-jítsu.

Professor Linus ao lado de Jonathan Pitbull, paratleta que é uma das referências na luta contra o preconceito na arte marcial (Foto: Arquivo pessoal)

“Também foi uma honra, principalmente por ser promovida pela SJJSAF, que está se tornando a maior referência no parajiu-jítsu e na inclusão. Foi uma apresentação contra o preconceito. Também tive a oportunidade de estar em contato com o Projeto Fazendo A Diferença, do professor André Seabra, que é treinador do Jonathan Pitbull e uma referência no ensino de jiu-jítsu para pessoas com Síndrome de Down. Antes de mim, quem fez a luta com o Jonathan foi o José Aldo, do UFC”, ratifica.

Atleta também campeão mineiro, Linus, agora, já vira a chave para a disputa do Campeonato Brasileiro de no gi (sem kimono), no próximo fim de semana, novamente no Rio de Janeiro, em torneio organizado pela Confederação Brasileira de Jiu-Jítsu Olímpico (CBJJO).

Medalhista, comentarista e incentivadora

Pela classe paralisado cerebral, também chamada de classe funcional MG no jiu-jítsu paradesportivo, Marcelina, assim como Linus, seu treinador, deixou o Rio Challenge com medalha dourada no peito. Além de liderar sua categoria, ela é a quarta melhor no ranking geral de paratletas. Como referência na área, inclusive, a juiz-forana foi convidada para comentar lutas de parajiu-jítsu do evento, experiência inédita em sua trajetória.

“Foi emocionante. Tenho muito orgulho e felicidade de estar falando de uma modalidade que eu amo, dentro de um tatame que eu amo”, reitera Marcelina. No entanto, ela está longe de se mostrar satisfeita com o cenário da modalidade. A luta pelos benefícios do esporte não é a única de Marcelina e Linus. A dupla tem como principal objetivo alcançar mais juiz-foranos com deficiência e que não conhecem a capacidade de transformação da arte marcial.

“O parajiu-jítsu é uma modalidade paradesportiva e inclusiva. Qualquer pessoa com deficiência, independentemente de ter um perfil competitivo ou não, pode participar”, reforça Marcelina. “Mas a única forma de fortalecer o projeto e levar para a sociedade juiz-forana o caminho da reabilitação através da arte marcial é com as parcerias de municípios e estados, por meio da Secretaria de Esporte, da Câmara de vereadores, da Prefeitura.”

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Conforme Marcelina, o apoio dos órgãos públicos pode mudar vidas. “Conseguiríamos manter os projetos com uma equipe multidisciplinar, com suporte nos custos para alimentação, transporte, hospedagens. Pra que, com isso, possa haver uma possibilidade de reabilitação, de ganho na qualidade de vida, na autonomia e nos movimentos de muito mais pessoas que ficam em casa sem entender essas possibilidades”, completa.

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