De volta após lesão, Hugo se diz em débito com o Tupi

Tratado como uma das principais apostas do time, meia revela ter pensado em parar, mostra gratidão ao Carijó e foca na Série D


Por Bruno Kaehler

18/04/2019 às 15h16- Atualizada 18/04/2019 às 15h21

Após lesão na coxa, Hugo voltou aos treinos pelo Tupi no fim do Mineiro e vem sendo titular de Beto na intertemporada (Foto: Marcelo Ribeiro)

Nos trabalhos da pré-temporada do Tupi, antes do Campeonato Mineiro, os elogios ao meia Hugo Rodrigues eram constantes. Com o detentor natural da camisa 10 do time, de forte bola parada e boa técnica, a armação das jogadas do Galo para o Estadual parecia ter dono. Um compromisso no dia 7 de janeiro, no entanto, mudaria o futuro do atleta. Em jogada pelo alto durante jogo-treino com o Volta Redonda, o jogador sofreu o popular tostão na coxa da perna esquerda que o tirou de combate. Naquela noite, vieram dor e inchaço. Começaria ali um drama na vida do atleta.

A pancada gerou uma lesão rara, segundo relatos de médicos do clube, e tirou o atleta de todo o Campeonato Mineiro. Ele ficou cinco dias internado em hospital, com aplicação de morfina para aliviar a dor e acompanhamento médico intenso. Três meses depois, com o apoio de familiares, do Tupi e pessoas próximas, o jogador finalizou sua recuperação e já sonha com a retomada na carreira na Série D.

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“Foi difícil, porque eu vim com a intenção de ser o grande salto da minha carreira, pela visibilidade que o Mineiro dá. Cheguei como uma aposta boa, todos estavam comentando. E nos treinos também me senti bem, tanto que conversava com o Aílton (Ferraz), que me dizia que eu seria uma peça fundamental do time. Mas na hora que cheguei em casa depois da pancada… sorte que minha mulher estava comigo. Se eu estivesse sozinho seria bem mais difícil. Quando fui para o hospital eu chorava muito. Todos diziam que em um mês, talvez, eu voltaria, mas na minha cabeça eu já imaginava que não seria tão fácil. Só fui voltar a treinar mesmo no final do Mineiro, sem condições de jogo”, relembra o meia à Tribuna.

Durante o difícil período, ele admitiu que pensou em dar adeus ao futebol. “Minha lesão tinha sido muito grave, tanto que quando via as partidas não conseguia subir as escadas da arquibancada do Estádio. Você pensa em parar de jogar, voltar para casa, por estar longe, mas aí vem a força da família, de Deus, o apoio do clube, e isso foi essencial. Agora é treinar bastante para recuperar o tempo perdido”, projeta.

Hugo chegou a receber o pastor de sua igreja no hospital, tamanha era a preocupação. “Foi muito bom para mim, porque nas horas difíceis é que temos que agradecer. Penso que pode ter sido o livramento de uma coisa pior. Me fortaleci porque sei do potencial que tenho. Talvez se eu estivesse no Mineiro poderia ter ajudado de alguma forma a livrar (o clube) do rebaixamento. Mas agora temos que pensar na Série D, que é o nosso objetivo maior, e colocar o Tupi na Série C de novo.”

“Com estilo e sem cicatriz”

Foto: Marcelo Ribeiro

Durante a conversa com a Tribuna, Hugo fez questão de reiterar o apoio recebido sobretudo pelos médico Leonardo Freguglia e ortopedista Thales Groppo, ambos do Tupi. “Eles passavam duas vezes por dia para me ver, o Thales e o Léo, e isso me ajudou muito porque vi que realmente estavam se importando comigo. Tanto que o Thales vetou cirurgia que os outros médicos queriam. E agradeço a eles até hoje. E agora quero ajudar dentro de campo da melhor forma possível”, conta.

À reportagem, Groppo explicou o problema do jogador carijó. “Hugo teve uma lesão muscular grau 2, com importante hematoma na coxa esquerda, porém não havia nenhum risco eminente de síndrome compartimental na coxa. Chegaram a indicar cirurgia, porém optamos por cautela. Iniciamos trabalho imediato de crioterapia (gelo local), analgesia e repouso. Foram cinco dias difíceis com ajuste rigoroso de medicação, mas vencemos e fico feliz de ter contribuído nessa etapa e proporcionar o retorno ao esporte com estilo e sem cicatriz, o mais importante!”, esclarece o ortopedista.

Leo reforçou o diagnóstico à Tribuna e lembrou o atual momento do atleta. “Houve edema de difícil resolução. Desde o dia da lesão nós acompanhamos ele, fizemos vários exames preocupados com o síndrome compartimental, quando o edema começa a ter compressão neurovascular. Mas não chegamos a esse nível, graças a Deus. O tratamento foi conservador, mas pelo tempo de recuperação ele teve perda de força muscular na perna lesionada”, conta, ao citar que Hugo, agora, busca o fortalecimento  da perna esquerda.

“Sinto que devo alguma coisa”

No processo de reformulação do elenco com as chegadas do consultor de futebol, André Luiz, e do técnico Beto, Hugo se prontificou a seguir em Juiz de Fora. Para ele, a ausência no Mineiro causou uma sensação de dívida com o Tupi. “O André me perguntou, quando teve a transição no futebol, se a minha intenção era ficar, e eu disse que sim. Ele falou que contaria comigo e eu disse que se o planejamento fosse bom, ficaria. Quero voltar a jogar e ajudar da melhor forma possível porque depois do Mineiro fiquei com o sentimento de que estou devendo o clube. Cheguei como uma aposta e não consegui jogar, então sinto que devo alguma coisa. Estou me esforçando ao máximo para colocar o Tupi na Série C de novo”, revela o jogador.

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Além de atuar contra o Tombense na última quarta, como titular, Hugo já deu assistência em jogo-treino diante do time sub-20, na última semana, em cobrança de escanteio na cabeça de Carrasco. Se depender da vontade do atleta em estar em campo, o Galo certamente pensará em acesso à Série C. “Queria voltar a treinar, a ter a bola no pé, sentir o prazer de jogar futebol de novo. Seria importante para mim. E fico feliz demais com esse meu retorno aos amistosos. Me senti bem e achei que joguei bem contra o sub-20, por exemplo, ajudando inclusive com a bola parada, que é um ponto em que acho que poderia ter ajudado no Mineiro.”

Tópicos: futebol / tupi

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