‘Levar o JF Vôlei para a Superliga A não sai da minha mente’, destaca técnico Marcos Henrique

Estudioso e com banco de dados de mais de mil atletas, treinador vê cenário estruturado, apesar da pandemia, para o retorno à elite; JF Vôlei estreia neste sábado


Por Bruno Kaehler

18/01/2021 às 18h56- Atualizada 18/01/2021 às 20h02

Fora das quatro linhas, o JF Vôlei se apresenta como cada vez mais estruturado para obter uma saúde financeira que permita a realização e expansão gradativa de seus projetos de base, mas que também culmine com o retorno à elite do voleibol brasileiro. E neste contexto se encaixa perfeitamente o técnico Marcos Henrique, o popular Marcão, que vai para seu terceiro ano no comando do time local, com estreia na Superliga B masculina de vôlei neste sábado (23), às 18h, em local ainda indefinido contra os goianos do Vila Nova.

Natural de Santos (SP), onde inclusive começou sua trajetória no voleibol, tendo sido catador de bola, estagiário e estatístico, Marcos Henrique tem mais de uma década de experiências em diferentes funções pela comissão técnica em times como o Rio Claro (SP), Volta Redonda (RJ) e Bento Vôlei (RS). Ele comanda o grupo juiz-forano desde a temporada 2018/2019. Antes disso, também já foi auxiliar e analista de desempenho daquele time marcado pela parceria com o Sada Cruzeiro e de Henrique Furtado como técnico.

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Mas um dos diferenciais do treinador coringa do JF Vôlei vai ao encontro de outro objetivo da equipe enquanto formadora de profissionais da cidade: a pesquisa e o conhecimento técnico. Independentemente de sua função nos diferentes momentos da carreira, Marcão começou, no início da década passada, a arquivar estatísticas e características de atletas do Brasil e até de fora, monitorando carreiras e oportunidades de mercado. Mais que isso, construiu um centro de inteligência de grande importância, por exemplo, na formatação do atual elenco.

Marcos Henrique em treino na UFJF da temporada passada, a segunda dele no comando do JF Vôlei e que quase terminou com acesso (Foto: JF Vôlei/Divulgação)

“Começou há muito tempo, muito tempo mesmo. Alguns atletas que eu tento trazer para o time hoje já acompanho desde que eram infantis, como o Gustavinho, levantador. Trabalhei em São Paulo e fazia a captação para o time da minha cidade, sempre muito atento aos moleques da seleção. Nunca consegui trazer jogadores desse nível para lá, mas o treinador me confiava essa parte”, inicia a explicação Marcos Henrique. “A proporção ficou maior quando fui para o Bento Gonçalves, na (Super)Liga A. Comecei a gravar vídeos de todas as estatísticas possíveis, seja de campeonato de fora, daqui, do Argentino, o que fosse. Surgiu a ideia, então, de fazer um banco de dados e que hoje tem jogadores do mundo todo, não só aqueles que acho que tenhamos condições de trazer.”

O “centro de inteligência” foi destacado, inclusive, pelo diretor do JF Vôlei, Maurício Bara, na apresentação virtual do elenco à imprensa ainda no mês de dezembro. Conforme Marcão, nem todos os atletas integram seu banco de dados, como o ponta argentino Maurício Viller, mas os arquivos sempre ajudam à suprir pontuais deficiências no plantel. “O argentino eu não conhecia, então nem sempre vou ter as estatísticas no banco. Procurávamos um ponteiro passador e surgiu a oportunidade. Então fomos buscar informações. O Leonam também é um oposto que eu não conhecia até a última Superliga C. Acompanhei todas as etapas em busca de um jogador pra saída (de rede), vi a de Natal e no campeonato todo ele foi muito bem. Como coube dentro do orçamento, trouxemos”, conta.

Dados também otimizam performances

Além dos benefícios na formatação dos grupos para as temporadas, o treinador aperfeiçoa seus treinamentos e contribui com o crescimento de cada atleta, com base nas observações feitas ao longo desses anos de forma constante. “Tem caras que você sempre precisa acompanhar por serem referências técnicas. Uso os vídeos para estudo também das características, dos movimentos dos atletas para formar, construir, melhorar ou atualizar minha ideia de treinador e passar para os meninos da base. Aproveito as semelhanças com atletas que tenho no banco de dados também para auxiliar no desenvolvimento desses jovens.”

‘Estou focado em fazer o projeto crescer’

Marcos Henrique tem acompanhado e auxiliado no crescimento do projeto JF Vôlei ao longo dos últimos anos, treinando, por exemplo, equipes de base, fator que também já auxilia na transição de jovens atletas que começam a ter suas primeiras experiências no time adulto. E mesmo não se sentindo à vontade de externar autocríticas, quando perguntado se está mais preparado do que nunca para conduzir o JF Vôlei à elite do vôlei nacional, ele não titubeia.

“Sou um cara muito perfeccionista e estou muito mais maduro. Na quarentena tentei estudar o máximo e não só o vôlei, mas tudo o que envolve o desenvolvimento do treinador. Tenho muito a crescer, mas, com certeza, nesta Superliga B vou trabalhar muito melhor do que na última porque é natural pelo que estudo. Trabalho com vôlei desde 2009, esporte que me ensina muita coisa e que a cada temporada é diferente. Levar o JF Vôlei para a Superliga A não sai da minha mente. Queremos ficar, primeiro, entre os quatro melhores da primeira fase e depois pensar nos passos seguintes até uma possível final”, expõe à Tribuna.

Ainda assim, seu principal objetivo vem sendo, passo a passo, concretizado. “Estou focado em fazer o projeto crescer. Temos conseguido fazer isso em um âmbito geral, com categorias de base, os núcleos crescendo, meninos da base completando o time no profissional. São pequenas vitórias que me faz acordar todo dia querendo trabalhar tanto no adulto quanto na base. Me motiva muito.”

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Quem conhece o santista, e porque não, o “juiz-forano”, não duvida de que Marcão já está no caminho certo. Ainda assim, a pressão pelo acesso não deixa de existir dos torcedores, sobretudo pela história do voleibol na cidade. “Sei que sempre tenho que ser ético, íntegro e outros fatores. Mas também sei que tudo depende de resultado, é uma cobrança natural e busco me preparar o melhor possível, física e mentalmente para ajudar os meninos. Quando ganha, é todo mundo, assim como quando perde.”

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