Rio-novense se destaca em Hong Kong
Quando saiu da cidade de Rio Novo (MG), aos 11 anos de idade, para jogar futebol em Juiz de Fora, o sonho de Alessandro Ferreira Leonardo era, como de muitos garotos, se destacar no esporte para um dia atuar fora do país. Hoje, aos 30, o atacante que começou no Bonsucesso, na Zona Norte da cidade, atua no principal clube de Hong Kong, o Kitchee, atual campeão nacional, além de ser um dos principais jogadores da seleção daquele país, depois de naturalizar-se. Mas até chegar lá, o jogador passou por incertezas e dificuldades.
Antes de embarcar para a Ásia, Sandro, como é conhecido em Hong Kong, atuou nas categorias de base do Centro de Futebol Zico (CFZ do Rio de Janeiro), Angra dos Reis (RJ) e Potiguar de Mossoró (RN). “Todo menino que joga futebol no Brasil quer jogar em um time grande, ser reconhecido. Mas como eu via que não teria muitas oportunidades em grandes clubes por aqui, o CFZ me apresentou duas propostas: uma para atuar no futebol do Ceará e outra em um clube de Hong Kong, o Citizen. Resolvi ir sozinho para a Ásia, com 21 anos”, conta o atacante que, durante os quase dez anos no outro continente, já atuou em seis clubes.
Já bem adaptado ao país, Alessandro lembra das dificuldades que passou logo chegou a Hong Kong, em 2008, por conta da cultura e da comida local. “Já estava com isso na cabeça, de jogar fora do país, conhecer outros lugares. Mas quando cheguei em Hong Kong, confesso que fiquei assustado e, nos primeiros dias, me deu vontade de voltar para casa, principalmente por causa da comida, que não era boa. Por isso, eu só comia lanches de uma rede de Fast Food, que lá é muito barato. Mas no meu time, o auxiliar-técnico e dois jogadores eram brasileiros e isso me ajudou”, recorda.
Além de ser campeão da liga, o que deu ao Kitchee o acesso a ACL (Champions League da Ásia ), e de mais duas copas, Sandro foi artilheiro do campeonato com 25 gols e eleito o melhor atacante da temporada. As boas atuações credenciaram o atacante a ocupar uma vaga na seleção de Hong Kong. Depois de sete anos no país, ele conquistou direito à cidadania local e não precisou de passaporte para atuar em outros países da Ásia, exceto a China, que tem leis próprias. No entanto, para isso Sandro teve que abrir mão da cidadania brasileira, pois as leis do país asiático não permitem a dupla cidadania.
“Não me preocupei com isso, pois já estava com a mente para defender o país. O treinador da seleção já vinha falando que gostaria de contar comigo, mas para isso eu não poderia sair do país. Aí, fiquei e me naturalizei. Estou muito feliz com a oportunidade que me deram”, comenta o rio-novense, que, com a seleção de Hong Kong, ficou em terceiro lugar no grupo C das eliminatórias para a Copa da Rússia de 2018, perdendo a vaga para a próxima fase para as seleções de Catar e China.
Vivendo em Hong Kong com a esposa juiz-forana, Sandro não pretende mais voltar a morar no Brasil. Ele destaca a organização e a segurança como pontos altos do país asiático, além do pagamento em dia dos clubes. “Venho ao Brasil somente no período das férias para visitar a minha família que mora em Juiz de Fora. Já me sinto um cidadão hong-kongolês,” admite o jogador.