Tombense joga pelo título
Um time da Zona da Mata pode repetir hoje um feito alcançado pelo Tupi em 2011, conquistando o título da Série D do Campeonato Brasileiro. A partir das 17h, no Estádio Soares de Azevedo, em Muriaé, o Tombense pode fazer história no ano de seu centenário e na primeira vez que disputa uma das divisões da maior competição do futebol nacional. Na partida de ida contra o gaúcho Grêmio Esportivo Brasil, mais conhecido como Brasil de Pelotas, o 0 a 0 no marcador, no Rio Grande do Sul, em 9 de novembro, deixou a definição do caneco para esse segundo jogo.
Quem vencer dá a volta olímpica. Em caso de novo empate sem gols, o título será definido nos pênaltis. Em caso de igualdade com gols, os visitantes faturam a taça.
Os gaúchos já estão em Muriaé desde a última quinta-feira e precisaram esperar o julgamento do STJD, na última sexta-feira, para saber com quem poderiam contar. Na decisão sobre a confusão generalizada acontecida na partida de volta da semifinal, entre Londrina e Brasil, o clube gaúcho perdeu o técnico Rogério Zimmermann e o zagueiro Cirilo, mas a direção do clube prometeu entrar com um efeito suspensivo para que os dois estejam em campo esta tarde no Soares de Azevedo. Menos mal que o goleio Eduardo Martini não foi punido e estará vestindo a camisa 1 do Xavante.
No Tombense, os problemas ficaram por conta das suspensões. Por causa do terceiro cartão amarelo recebido no jogo de ida, em Pelotas, o lateral-direito Juninho e os volantes Mateus e Denílson desfalcam o clube da Zona da Mata. Assim, Felipe Dias entra na lateral, e Joílson volta ao meio de campo juntamente com Betinho, formando o setor com Coutinho e Francismar. Graças aos desfalques na defesa, o técnico Eugênio Souza concentrou seus trabalhos da semana no sistema de marcação.
Surpreendente
Quem vê hoje o Tombense disputando a taça da Série D nem imagina que no início da temporada isso não estava nos planos da diretoria. Se o clube local já cumpriu o objetivo de subir para a Terceira Divisão e hoje está vivendo a expectativa de colocar a cereja no bolo com a taça, fazendo a festa de um cidade de cerca de 10 mil habitantes, no começo de 2014 a disputa estava longe das aspirações. Uma data marcante mudou o cenário, como conta o presidente, Lane Gaviolle. “Em 2013 também tivemos a chance de disputar a Série D, mas não entramos. Esse ano, nos classificamos novamente através do Estadual e, por conta de um esforço de todos no clube e a mobilização da cidade em torno do centenário do Tombense, resolvemos disputar. Fizemos uma equipe competitiva, que deu um grande resultado com o acesso. Esperamos coroar esse bela campanha com o título agora”, explicou o cartola, citando o aniversário de 100 anos da agremiação, festejado em 7 de setembro último.
Conhecido como um clube focado na revelação e transferência de atletas, o Tombense, que iniciou suas atividades no futebol profissional a partir de 2000, nos últimos anos conseguiu importantes acessos. Contando com uma parceria de peso, o time da Zona da Mata quer agora se firmar nos cenários estadual e nacional. “Quando assumi, em 1999, o plano era primeiro nos consolidarmos na base, disputando a Taça BH de Futebol Júnior, a Taça São Paulo, para depois irmos subindo de degrau em degrau. Mais tarde chegamos à elite do Campeonato Mineiro, na qual estamos nos firmando e, já na primeira participação em uma divisão do Brasileiro conquistamos o acesso. Temos uma boa parceria com a Brasil Soccer, do Eduardo Uram, que nos permite acesso ao mercado de atletas, além de nos facilitar a negociação de jogadores revelados aqui. As perspectivas para o futuro são ainda melhores, de consolidação no Módulo I e de boas campanhas buscando divisões superiores no Nacional”, projeta Lane, certo de que, com a mudança de série, “novas portas se abrirão em termos de visibilidade e investimento”.
Mais visibilidade para o futebol da Zona da Mata
Quem esteve em Tombos para acompanhar de perto a campanha do Tombense, como o repórter Bruno Ribeiro, do site “Globoesporte”, também credita o sucesso da equipe à forte parceria com a Brasil Soccer. Segundo ele, com a ascensão de outra equipe na Zona da Mata, a tendência é a rivalidade regional aumentar.
“É curioso se você pensar que logo antes da Série D começar cogitou-se não disputar a competição, considerada deficitária pelo Tombense. Mas eles têm facilidade de atuar no mercado por conta da parceria com a Brasil Soccer e, por conta disso, formaram um time com atletas experientes e de qualidade, com passagens por grandes clubes, como os volantes Joílson (ex-Botafogo) e Coutinho (ex-Vasco), além do meia Francismar (ex-Vasco), mesclados com jovens jogadores. Acho que o futebol profissional da Zona da Mata vai viver um crescimento de visibilidade com o Tupi ganhando a companhia do Tombense. Também vejo que a rivalidade tende a aumentar na região, o que deve ser proveitoso para ambos os clubes”, projeta.
Distintos
Para o cronista esportivo Ivan Elias, do site “Toque de Bola” e do programa “Rádio Vivo”, da Rádio Solar AM, a ascensão do Tombense não chega a ameaçar o Tupi, e a boa fase do futebol da Zona da Mata não vem de um trabalho coordenado, o que dificulta a projeção de algo em conjunto para a região, embora atraia mais olhares. “É a primeira vez nesses 27 anos que milito no esporte que verei duas equipes da região juntas na elite do futebol mineiro e ao mesmo tempo na disputa de uma divisão do Brasileiro. Mas é difícil comparar. As trajetórias são completamente diferentes. De qualquer forma, isso atrai mais visibilidade para o futebol da Zona da Mata. O que não quer dizer que haja algo coordenado. Cada equipe está onde está por esforços próprios. Não é um trabalho em conjunto. Não acho que vá mudar muito isso no futuro próximo, assim como o nível de investimento e de aporte financeiro no futebol da região por conta dessa exposição um pouco maior”, avalia.