860 dias de saudade: JF Imperadores estreia no Mineiro contra o Golden Lions

Mais de dois anos após última partida oficial, equipe de futebol americano joga às 10h deste domingo, com entrada gratuita no Benfica


Por Bruno Kaehler

16/04/2022 às 11h00- Atualizada 27/04/2022 às 17h09

Era 9 de dezembro de 2019. As dezenas de atletas do JF Imperadores não faziam ideia de que a comemoração do título da Copa Ouro, no Esporte Clube Benfica, diante do Galo FA, seria também motivo de uma saudade de 860 dias. Aquela foi a última apresentação oficial do time de futebol americano (FA), até este domingo (17). A crescente ansiedade dá lugar à volta da adrenalina da atuação dentro das quatro linhas e toda a reestruturação do projeto começa a ser colocada em prova. A partir das 10h, o Império se reúne para a estreia do Campeonato Mineiro, novamente no Esporte Clube Benfica, Zona Norte do município, com entrada gratuita do público, em duelo diante do Golden Lions, de Belo Horizonte.

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Presente no projeto desde a formação da equipe, em fevereiro de 2017, com a fusão dos times juiz-foranos Mamutes e Red Fox, o atleta Bryan Evaristo, 27 anos, sentiu a falta de treinos e jogos como todos os outros colegas de JF Imperadores. A restrição pelas restrições sanitárias no combate ao coronavírus tornou a pandemia ainda mais triste aos jogadores. “Foi muito mais dificil por não poder jogar, e mais ainda por não ter treinos coletivos, mas seguindo às ordens de restrição da OMS, meus treinos individuais nunca pararam. Só que acabou sendo um tempo de evoluir muito taticamente, e poder estudar muito o jogo de forma geral”, conta o atleta.

“O time é uma familia, expressar a falta que faz estar com os companheiros de time às vezes é até dificil, mas como em família temos pais, irmãos mais velhos e novos, alguns são até como filhos que a gente adota”, conta o juiz-forano do Bairro Marilândia, Zona Oeste da cidade, que também reitera sua ligação com a modalidade. “O futebol significa tudo, é literalmente um estilo de vida, tudo que eu faço na minha rotina é voltado para sempre poder dar o meu melhor em campo.”

Bryan Evaristo é um dos atletas locais em campo pelo JF Imperadores neste domingo (Foto: Rogério Patrocinio)

Defensive lineman e linebacker, Bryan, que também já teve uma passagem pelo Venâncio Aires Bulldogs, do Rio Grande Do Sul, naturalmente não vê a hora da estreia chegar. “A ansiedade sempre bate, é algo que faz parte da vida do atleta. Acho que o dia que essa ansiedade acabar, não ter esse frio na barriga, vai ser a hora de parar. Na minha cabeça significa que esse é o sinal que você se importa e quer estar ali, sem isso não tem emoção”, destaca. Sobre as projeções de resultados no torneio que ainda conta com duelo diante do Ipatinga Tigres na primeira fase, pelo grupo “Conferência Chica da Silva”, o jogador juiz-forano recorda as mudanças durante a pandemia para fortalecer o projeto. “O JF imperadores não é o mesmo time de antes da pandemia. Esse período foi o divisor de águas para separar quem quer e quem não quer. Para essa temporada podem esperar um time forte e resiliente, que vai jogar com tudo e não se entregar fácil.”

O início da profissionalização na pandemia

Do marketing à diretoria, dos atletas à comissão técnica, o JF Imperadores tem passado, durante a pandemia, por uma reformulação. Vice-presidente do time, Daniel Magal recordou à reportagem o baque dos primeiros dias de lockdown e restrições impostas pela chegada da Covid-19. “O início da pandemia foi o mais complicado, não só pra gente, mas pro mundo todo. Ninguém sabia o que fazer, como lidar diante desse vírus. Ficamos receosos. Eu mesmo tenho pais de idade com problemas de saúde e fiquei até chato com a questão de não sair de casa. Depois fomos entendendo melhor o vírus e ficando mais tranquilos nesse sentido”, introduz.

Do caos, um ponto positivo foi tirado, o que moldaria todos os próximos dias do time voltados a um objetivo central. “Desde o início da pandemia, apesar de tudo de ruim que estava acontecendo, a gente pôde reestruturar totalmente a diretoria, traçou metas, e o ponto principal foi que nós começamos o projeto de profissionalização. O primeiro passo foi no marketing, em que contratamos uma empresa para poder agenciar nossas redes sociais. E também fizemos o planejamento para esse nosso retorno”, rememora Magal.

Neste sentido, na última semana, membros do time e da diretoria visitaram a prefeita Margarida Salomão (PT). “A visita à nossa prefeita foi ótima. Fomos muito bem recebidos por ela e pelo secretário de Esportes, o Marcelo (Matta), que é uma pessoa sensacional. A ideia foi apresentar o projeto pra ela, que por sinal já gosta do futebol americano, é torcedora do 49ers, acompanhava o college quando morou fora, nos EUA, além da NFL (liga norte-americana, a principal de FA do planeta). Presenteamos ela com uma camisa e estreitarmos os laços. A ideia é caminhar lado a lado com a Prefeitura e esperamos boas novidades, como poder entrar no calendário cultural da cidade. Os Imperadores têm que estar próximos da Prefeitura”, analisa o vice-presidente do time.

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‘Entramos para ganhar’

Paralelamente aos passos em direção à profissionalização, o JF Imperadores carrega suas metas desportivas. Para o estadual, o foco está no topo. “O objetivo no Campeonato Mineiro é o de sempre, em qualquer campeonato, de ser campeão. Entramos pra ganhar. Nem sempre isso acontece, mas a mentalidade tem que ser essa, de vencedor. Mas o foco é essa restruturação, que começou na diretoria na pandemia, passou pela comissão técnica e agora queremos testar como está o time com foco na preparação para o Campeonato Brasileiro no segundo semestre”, pontua Magal, que também recordou a disputa do torneio nacional na segunda metade do ano.

No Mineiro, além do grupo juiz-forano, também há a Conferência Tiradentes, composta por Cruzeiro, de Belo Horizonte, Gladiadores, de Pouso Alegre, e Nova Serrana Forgeds, da cidade que dá nome ao clube. Na fase final, ainda integram o torneio o Galo FA e o América Locomotiva, times de maior investimento no estado.

‘Todos os jogadores amam o futebol americano’

Um diferencial do projeto é a entrega dos cerca de 50 atletas que ainda tiram o dinheiro do próprio bolso para contribuir com as despesas gerais. Prova disso é a organização de uma rifa, no valor de R$ 10, movida pelos próprios jogadores para buscar recursos para as viagens e outros gastos da temporada que tem apenas começado.

“Esse retorno significa muita coisa pra gente. Essa semana, desde a segunda-feira, parece estar demorando mais do que os dois anos que ficamos parados. Então esse retorno é muito significativo pra nós. Todos os jogadores amam o futebol americano, se dedicam de corpo e alma, ninguém recebe nada para estar ali, pelo contrário, só gasta. Estamos felizes com o retorno e muito ansiosos. Estou sem dormir nessas noites, a semana está puxada, são 24 horas por dia por conta disso resolvendo tudo para o jogo, mas vamos que vamos”, destaca Daniel Magal.

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