Pofexôres e professores


Por Juliana Netto

15/10/2020 às 07h00

Quando se fala em professor no esporte, principalmente no futebol, talvez para muitos possa vir de imediato aquele tom jocoso remetendo às entrevistas de jogadores que usam indiscriminadamente o termo ao se referirem aos seus treinadores. Ou até mesmo a Vanderlei Luxemburgo, conhecido nacionalmente como o “pofexô”. Digamos que, para o 15 de outubro, este é um recorte um pouco ingrato com uma categoria tão importante na engrenagem de uma sociedade, inclusive no desporto.

Ao pensarmos apenas no topo da pirâmide, com medalhões que se destacam no noticiário esportivo, estamos esquecendo de tantos outros verdadeiros mestres, anônimos e anônimas que ensinam lá na base ou, às vezes, muito antes disso. Se você leu o Tem Base!, com a nadadora Larissa Oliveira, aqui mesmo na Tribuna, deve se lembrar que a juiz-forana sete vezes medalhista nos Jogos Pan-Americanos do Peru ano passado teve o talento identificado ainda nos primeiros anos de colégio. Um simples exemplo em meio a centenas de milhares de outros.

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E como esquecer de professores de escolas públicas, de educadores que atuam em projetos sociais, que, mesmo em condições muitas vezes precárias, desenvolvem papel importantíssimo na formação de crianças mais disciplinadas, comprometidas e, por que não, distanciadas de caminhos mais escusos, como os das drogas.

Lembro-me que, entre meus 12 e 13 anos, aprendi com meu professor de educação física o significado da palavra pontualidade. Treino marcado para as 19h não poderia ter parte da equipe de vôlei do colégio chegando às 19h05, 19h10. Do contrário, estaríamos fora daquela atividade do dia. Por mais que minha fase na modalidade tenha sido somente na adolescência, o ensinamento do saudoso Tõe extrapolou as quadras.

Como na belíssima canção de Leci Brandão, “eu queria, gostaria de um discurso bem mais feliz. Porque tudo é educação”.

É injusto falar de esportes sem reverenciar os professores, dos profissionais de educação física aos educadores de português, matemática etc. Tão injusto quanto ficar preso no banal entendimento de “pofexôres” no futebol e no esporte, como um todo. Como interpreta Leci, aceite e respeite o professor

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