Capriche no sotaque: professor ensina expressões para torcer em russo
Da vai”! Sud’yu na myco! Vper’od! Se essas expressões parecem russo para você, não fique bolado. São mesmo! A Tribuna conversou com um russo radicado em Juiz de Fora que ensinou alguns termos comuns nas arquibancadas dos estádios do país sede do Mundial
A Copa começou nesta quinta e, para esquentar o clima na maior competição de futebol do planeta, a Tribuna entrevistou um russo que ensinou algumas expressões básicas para você torcer na língua do país sede do Mundial. Andrey Pupasov Maksimov, que mora em Juiz de Fora com a esposa, Olga, e a filha, Alícia há seis anos e é professor no Departamento de Matemática da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), diz que vai torcer pela Rússia na Mundial. Mas, caso seu país dê adeus à competição mais cedo, ele prometeu torcer pela nossa amarelinha. Maksimov destaca que há diferenças no jeito de torcer de brasileiros e russo. A expressão “Da vai”, por exemplo, significa “adiante” e é usada quando a torcida pede que o time acelere, vá para o ataque e pode ser conjugada com “Vper’od”, que significa adiante, passa (a bola)! E não pode faltar o tradicional “Sud’yu na myco”, o nosso juiz ladrão!, presente no vocabulário de dez entre dez torcedores na terra do futebol.
Se você quer caprichar na pronúncia, confira vídeo no site da Tribuna em que ele pronuncia as palavras. O vídeo também mostra que a tarefa não é muito fácil. No Parque Halfeld, pedimos para alguns torcedores repetirem as expressões, e a tarefa é bem mais difícil do que parece.
Arroz e feijão
Nascido na Rússia, Andrey, 35 anos, é também pesquisador. Ele conta que chegou a Juiz de Fora em 2012 para fazer o programa de Pós-Doutorado na UFJF. Do ramo da pesquisa acadêmica, o professor se especializou na área de educação e, após um tempo estudando na Bélgica, veio para o Brasil. Antes de sua chegada, algumas horas de aulas particulares de português foram o suficiente para que aprendesse o básico de nossa língua e se instalar de vez no país. Para ele, no início não foi fácil se adaptar ao nosso idioma. “Foi muito difícil, mas agora existem cursos de português que me ajudam a adaptar”, comenta. Agora, como professor de brasileiros, ele ficou mais íntimo do nosso idioma. Questionado se alguma palavra ou expressão lhe chama atenção em nossa língua, ele brinca com a expressão “cala a boca”, que na Rússia dá nome a um personagem para crianças.
Natural de Tomsk, cidade russa na Sibéria, Andrey evita fazer comparações entre os dois países. “Podemos comparar, mas não tem sentido. Os costumes russos a gente não pode implementar no Brasil. Por exemplo, comida, ninguém aqui vai comer sopa com beterraba. E aqui tem arroz e feijão e eu gosto muito.” Mas em casa, ele garante que a família mantém a tradição do país, e o café da manhã é tipicamente russo, e não pode faltar um bom mingau de aveia. Andrey e sua família não são os únicos em Juiz de Fora. Segundo o professor, há pelo menos mais nove russos (sem contar as crianças e esposas), na cidade e eles costumam se encontrar em um churrasco que realizam, frequentemente, na casa de algum deles. Eles também se encontram para celebrar datas especiais (feriados na Rússia) como o Natal, que lá se comemora no dia 7 de janeiro e segue o calendário ortodoxo.
Futebol
Ele diz que gostava de jogar futebol, mas nunca foi fã de assistir as partidas. Eu acho que fui ao estádio só uma vez e foi em Tomsk, na Rússia”, comentou o professor. Isso aconteceu aos 14 anos, quando ele foi ver um jogo da liga local com os amigos. Na última Copa, já morando no Brasil, ele disse ter assistido a dois jogos do nosso país e um deles foi o fatídico 7×1 para a Alemanha. A família assistiu o duelo em casa na TV via internet, o que atrasava o sinal de transmissão e também a comemoração, relembra.
Aqui no Brasil, Andrey pôde conhecer mais sobre futebol quando visitou o Museu do Futebol, no Pacaembu, em São Paulo. Um lugar que achou bem interessante e fez com que nomes como Pelé e Garrincha se tornassem mais próximos a ele, ainda que Pelé já fizesse sucesso pela Rússia na época em que o professor morava por lá. “Pelé todo mundo sabe quem é. Tem até propaganda de café com ele na Rússia.”
Apesar de não ser tão envolvido com o Mundial, de não ter o costume de parar e assistir a um jogo, ele admite torcer pelo seu país. Caso ganhe, ele vai comemorar. Agora, uma dúvida cruel. Brasil e Rússia podem se encontrar na semifinal da Copa. Em que lado ficar? O professor responde sem titubear. “Eu sou russo e vou torcer pela Rússia.”