Sem fórmula mágica


Por Wallace Mattos

12/04/2015 às 06h00

Jogadores do Tombense comemoram o gol da vitória por 2 a 1 sobre o Cruzeiro no Mineirão, resultado que deu ao time a classificação para as semifinais do Estadual (Foto: Rodrigo Clemente/EM)

O Campeonato Mineiro 2015 reservou uma boa surpresa para o futebol do interior do estado e um susto amargo para as equipes da capital de Minas Gerais. Pela primeira vez desde que a competição voltou a ser disputada nos moldes que é hoje, com quatro times avançando paras as semifinais do Estadual, dois times de fora da Região Metropolitana de Belo Horizonte chegaram à segunda fase da disputa. Caldense e Tombense se intrometeram na festa dos belo-horizontinos e vizinhos próximos e, além disso, com a liderança também inédita nos últimos tempos da Veterana na primeira etapa do torneio e a passagem do time de Tombos na quarta posição, garantiram que um lado da decisão tenha necessariamente uma equipe interiorana, forçando também o confronto entre Cruzeiro e Atlético na outra semifinal.

Embora tenha chegado nas semifinais em 2012 e brigado até a última rodada para isso nos dois últimos anos, nesta edição do Mineiro o Tupi não conseguiu decolar e acabou na oitava colocação, a pior dos últimos cinco anos. O fato, combinado com a chegada de Caldense e Tombense às semifinais, levou a reportagem da Tribuna a buscar explicações com as diretorias de ambas as equipes do interior que estão na semifinal do Estadual. Afinal, o que levou esses times a estarem a um passo da finalíssima da competição?

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Uma comparação entre o planejamento de ambos os times mostra que não há formula única de se conseguir o desempenho necessário para chegar à segunda fase do Campeonato Mineiro. Na Caldense, clube que além do time de futebol tem uma estrutura social ativa em Poços de Caldas, a aposta foi na persistência, como esclarece o diretor de marketing, Paulo Ney Castro. “Nosso projeto começou em 2014 e deu frutos esse ano. No ano passado, apesar de termos terminado na oitava colocação, víamos potencial na equipe e, após a nossa participação na Copa do Brasil, chamamos o técnico (Léo Condé) e conversamos individualmente com a maioria dos jogadores que manifestaram a vontade de voltar. Assim, tivemos cerca de 80% do grupo de volta, o sistema defensivo todo, e atletas que a torcida se identifica, como o Ewerton Maradona e o Luiz Eduardo. Desta maneira, o potencial visto na última temporada se concretizou e conseguimos esse desempenho”, analisa.

Já o Tombense, clube voltado para o futebol profissional e com parcerias importantes com empresários, como o carioca Eduardo Uram, passou por uma reformulação que começou pelo treinador. Depois de conquistar a Série D do Campeonato Brasileiro sob o comando de Eugênio Souza, a equipe da Zona da Mata contratou para o Mineiro o técnico Antônio Lopes Júnior, que realizou mudanças no elenco, como explica o diretor de futebol, Leandro Gaviole. “Entre os titulares do ano passado, perdemos jogadores importantes, como o meia Francismar, por exemplo, e o atacante Elvis. Pode-se dizer que ficamos com 60% do elenco, o restante foi sendo reformulado pelo novo treinador”, conta o dirigente, que também destaca a paciência da diretoria alvirrubra. “Depois das duas derrotas e um empate no início da competição era fácil trocar de treinador. Mas essa não é a filosofia do clube. O time encaixou a partir de então, e o resultado foi chegarmos a uma grande vitória contra o Cruzeiro e às semifinais”, completa.

Na parte financeira, pode-se dizer que os orçamentos não são exorbitantes, e aquele que afirma gastar menos conseguiu a melhor colocação. “Hoje nossa folha salarial gira em torno dos R$ 120 mil por mês. A maioria da verba vem dos direitos de televisão, este ano de R$ 360 mil. Mas temos dificuldades de encontrar parceiros na cidade, que apoia como pode, embora tenhamos que buscar patrocínios fora. Uma grande vantagem é nossa média de público, cerca de duas mil pessoas, o que já não torna as partidas deficitárias”, diz o diretor da Caldense, Paulo Ney Castro.

“Nossa folha é de R$ 220 mil. Mas temos boas parcerias com o mercado, conseguindo arrecadar com empréstimos e negociações de atletas, além das parcerias com empresários. A cidade nos abraça, apoia ao máximo que pode, mas é um município de dez mil habitantes que tem suas dificuldades de limitações financeiras próprias”, conta Gaviole, do Tombense. A título de comparação, a folha salarial do Tupi é estimada em R$ 70 mil.

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