Piauense Léo Condé volta a se destacar no Sampaio Corrêa e briga pelo acesso à Série A

Na terceira passagem pelo Tubarão, treinador ex-Tupi tem segundo melhor ataque da Série B e só venceu menos que o Cruzeiro como mandante; profissional torce por retomada do futebol em JF


Por Bruno Kaehler

10/08/2022 às 17h35- Atualizada 12/08/2022 às 16h00

“O Léo Condé tem a cara do Sampaio.” Nas redes sociais da Bolívia Querida, ou Tubarão – alcunhas do Sampaio Corrêa (MA) -, este comentário, após entrevistas coletivas do treinador de Piau (MG), formado em Juiz de Fora, por exemplo, aparece de forma recorrente com autoria de torcedores empolgados com mais uma campanha avaliada de forma positiva na Série B do Campeonato Brasileiro. Campeão maranhense pelo clube de São Luís em 2020, Léo Condé vivencia sua terceira passagem na equipe e, em todas, brigou pelo acesso à elite do país. Na última terça-feira (10), superou o Bahia no Castelão, por 2 a 0, e alcançou a sétima posição na tabela, com 32 pontos, sete a menos que o Vasco, primeiro concorrente no G4.

Condé em orientação ao elenco do Sampaio Corrêa (Foto: Ronald Felipe)

À Tribuna, Condé admitiu não apenas o novo bom momento no Sampaio, como também afirmou que, ao lado do Tupi, onde começou, o representante maranhense é o clube do qual mais possui identificação na carreira. “Sem dúvida nenhuma, o Sampaio e o Tupi são os clubes que mais dirigi na minha carreira como treinador profissional. O Tupi, posso dizer que foi um dos clubes que me ajudou muito na formação. Tanto na iniciação, nas escolinhas, categorias de base, antes de eu trabalhar no América-MG e no Atlético-MG, e depois no futebol profissional, o clube que dirigi três temporadas seguidas – 2009, 2010 e 2011, e 2014, naquele time em que a gente quase bateu com o acesso pra Série B, que realmente fez grandes apresentações. E no Sampaio, vou pra minha terceira passagem, completei recentemente cem jogos dirigindo o time, durante duas Séries B quase obtivemos o acesso, conquistei dois títulos estaduias. É um clube do qual tenho uma identificação muito grande, e é uma satisfação enorme de dirigir. Fico muito feliz de mais uma vez ter sido chamado e até aqui estar correspondendo”, conta o treinador.

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Léo Condé, de 44 anos, assumiu a Bolívia Querida pela primeira vez em 2015, quando fez 37 jogos e venceu 14 partidas, com a oitava colocação na Série B e sete pontos a menos que o quarto colocado. Cinco anos depois, em 2020, ele retornou e levantou a taça estadual, além de ter finalizado caminhada na segunda divisão nacional ainda mais próximo da elite, em sexto lugar, com quatro pontos a menos que o primeiro time do G4. Naquela temporada, ele comandou o Tubarão em 44 jogos, com 21 vitórias.

Já nesta temporada, os números chamam novamente a atenção, mesmo em uma competição que conta com muitos campeões brasileiros, casos de Cruzeiro, Grêmio, Bahia e Vasco – integrantes atuais do G4, além de Sport e Guarani. O Sampaio Corrêa possui a segunda melhor campanha como mandante na Série B – trajetória invicta com nove vitórias e dois empates em 11 partidas diante do torcedor, e o segundo melhor ataque do campeonato, com 28 gols em 23 rodadas. O time treinado por Léo Condé só fica atrás do Cruzeiro nestes dois quesitos, líder absoluto da competição.

Trio ofensivo e busca por equilíbrio

Apesar de coletivos, os números do ataque maranhense possuem como um dos principais fatores o encaixe de um trio de características diferentes, mas que se complementa: os pontas Pimentinha e Ygor Catatau, e o artilheiro da Série B, o centroavante Gabriel Poveda, com 12 gols na competição. “A equipe tem esse trio de ataque, e os três se completam. O Pimentinha é o jogador do um contra um, do drible, o que tá muito raro hoje no futebol brasileiro; o Catatau é um jogador de lado, de força, de recomposição e transição; e o Poveda é o definidor, um jogador que tem muita frieza, finaliza bem com as duas pernas, tem bom cabeceio, e não à toa é o artilheiro da Série B”, comenta o treinador.

Como na vitória contra o Vasco, e na última, diante do Bahia, torcedor tem apoiado o Sampaio e visto o time não perder em casa (Foto: Ronald Felipe)

Outro comentário, no entanto, tem sido comum dos torcedores sobre a equipe de Léo Condé, em um fato abordado pelo próprio treinador com naturalidade: a diferença de desempenho entre as partidas como mandante e visitante. Dos 32 pontos na tabela, 29 são conquistados no Castelão, sem nenhuma vitória fora de seus domínios. Segundo o treinador, o desgaste pelas viagens, por questões também geográficas, impacta ainda mais o elenco maranhense.

“Em São Luís, a gente vem correspondendo muito, é o segundo melhor ataque da competição e a equipe que mais finaliza em gol, uma equipe de vocação ofensiva muito grande. Temos sofrido um pouco fora de casa muito pela nossa logística, que é desgastante demais, e nós acabamos, em alguns momentos, tendo que fazer escolha de poupar um ou outro atleta para não perder por lesão. Mas agora a gente conseguiu reforçar, as chegadas do Léo Tocantins e do Nadson, e conseguimos rodar um pouquinho esses atletas titulares. Acredito que nesse segundo turno a gente tenha a possibilidade maior de buscar pontos fora de casa. Os jogos também são em uma semana mais aberta. Quando muito próximos, por sermos o time que mais viaja, não conseguimos recuperar todos os atletas da forma que a gente imagina que deveria acontecer. Acredito que seja um fator que nesse segundo turno pode fazer com que a gente consiga pontuar fora de casa e seguir na briga na parte de cima da tabela”, analisa o comandante.

‘JF merecia, no mínimo, um time no Mineiro’

Com primeiras experiências como treinador no Tupi, Condé, que ainda acumula passagens recentes por clubes como o Novorizontino (SP), Paysandu (PA), Botafogo-SP e Goiás (GO), ainda lamentou o atual momento vivido pelo futebol de Juiz de Fora, sem um representante sequer na elite do futebol mineiro.

“Minha relação com Juiz de Fora é muito grande, minha família está toda aí, esposa, filhos, então sempre que tem uma folga dou uma corrida aí. E, naturalmente, como profissional do futebol, acompanho. Torci muito para que o Tupi e o Tupynambás conseguissem o acesso para a primeira divisão, mas infelizmente não foi possível. A gente fica triste porque a cidade que gosta muito de futebol, como Juiz de Fora, merecia no mínimo ter uma equipe na primeira divisão do Campeonato Mineiro e ter a possibilidade de disputar competições de nível nacional, como na nossa época sempre disputamos, na primeira divisão, chegando às finais, brigando por acesso. Tomara que o futebol da cidade consiga reencontrar aquele bom caminho, porque é uma cidade que merece, tem uma torcida que gosta de futebol. Fico na torcida por isso.”

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