JF Vôlei e a saudade do que já vivi


Por Bruno Kaehler

09/12/2020 às 07h00- Atualizada 09/12/2020 às 12h52

Eu era daqueles apaixonados por esportes que praticamente só assistia o vôlei da seleção. Além do futebol, eu acompanhava muito tênis, pôquer, natação e, depois, o voleibol – este último de forma ainda mais rasa, em se tratando de notícias locais. Isso mudou há quase sete anos, quando tive a oportunidade de cobrir o então Vôlei UFJF em suas disputas de Superliga Masculina.

Além de um treino por semana, no mínimo, sempre no Ginásio da Faefid, na UFJF, também trabalhava em todas as partidas da equipe local em transmissões via rádio web do portal Toque de Bola.

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Acostumado com o dia a dia dos times de futebol, em que há, inegavelmente, um complexo de superioridade em alguns “profissionais” de dentro e fora do campo, independente da camisa defendida ou da divisão jogada, senti uma diferença de cara: a disponibilidade e educação dos atletas para com jornalistas e torcedores, fossem os esportistas contratados ou que vinham de fora por compromisso no Mineiro ou na Superliga. E também de lendas como o juiz-forano José Eduardo Bara, então comentarista das transmissões, para minha sorte, além, por exemplo, do levantador Ricardinho, do líbero Escadinha, os irmãos Murilo e Gustavo Endres, do central Maurício Souza, os locais Giovane Gávio e André Nascimento, as dezenas de técnicos renomados… não há espaço nessa coluna se eu for citar cada ícone do voleibol mundial que foram educados, atenciosos, solícitos nas entrevistas.

Em meio ao aprendizado diário, me apaixonei pelo voleibol. Passei a acompanhar não apenas como repórter, mas também, fora dos treinos, como um torcedor. Vi um projeto sério no esporte profissional de Juiz de Fora, transbordando em dificuldades, sim, mas levado com paixão e seriedade, o que já o diferenciava da maioria.

Jamais vou esquecer uma vitória, na temporada 2014/2015, sobre o Sesi-SP de Lucarelli, no tie-break. O coletivo juiz-forano, com uma atuação certeira do ponta Sérgio Felix e defesas apoteóticas de Manius, levava um ginásio à loucura na UFJF. Que saudade.

E a cada ano minha esperança de um retorno do agora JF Vôlei à elite se renova. E, pela sensação passada nesta segunda-feira pela diretoria – que sempre manteve os pés no chão -, em apresentação do novo elenco para a Superliga B de 2021, sinto que esta volta pode estar realmente mais próxima. Se o acesso não vier nesta temporada, é questão de tempo.

E o mais importante: jovens da cidade e região serão a base das equipes formadas daqui a algumas temporadas. O projeto já atinge 150 crianças e adolescentes de escolas públicas por meio da prática do vôlei e, após a pandemia, este número pode dobrar. Mudando a vida de tantas crianças, o resto vira bônus.

Tenho no JF Vôlei um exemplo de que o esporte da cidade ainda pode dar certo. Nada é de um dia pro outro. Mas quando se aposta na formação e em planejamento profissional, as vitórias chegam. Torça comigo por dias melhores ao esporte coletivo da cidade. Além da saudade do que já vivemos, até mesmo em décadas passadas pelo Sport Club, por exemplo, que possamos ter a alegria de ver a história acontecer. E fazer parte dela.

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