Tupi estima perda de quase 50% do elenco do Módulo II

Presidente carijó diz que não deve contar com referências do time como Arilton, Esquerdinha e Yan; FMF se reunirá com a SES-MG nesta semana


Por Bruno Kaehler

08/06/2020 às 16h52

O Tupi deverá perder quase metade do elenco para a continuação do Módulo II do Campeonato Mineiro. É o que projeta o presidente carijó José Luiz Mauler Júnior, o Juninho, em meio às incertezas geradas pela pandemia do novo coronavírus.

Com dificuldades financeiras, o clube chegou a encaminhar um ofício à Federação Mineira de Futebol (FMF), há duas semanas, confirmando o interesse em desistir do torneio estadual. A entidade que comanda o futebol de Minas, contudo, afirmou, por meio da Diretoria de Competições, não poder alterar o regulamento. Logo, o Tupi, em caso de abandono do Módulo II, estará sujeito a penalidades como o rebaixamento automático, multa de até R$ 200 mil e suspensão por dois anos das competições chanceladas pela FMF.

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Com este feedback, o Tupi seguirá na competição, mas a formação da equipe será pensada em outro momento. “Não sei como vai ser. Vários times rescindiram com a maioria dos jogadores ou tiveram todos os contratos terminados em 31 de maio. A Federação não dá um posicionamento, não sabe quando começa o campeonato, nada. Como vou contratar jogador agora? E se fico mais dois meses pagando à toa? Temos que poder nos planejar”, reclama Juninho.

É certo que o clube não irá contar com a maioria dos seus principais jogadores. Todos os contratos foram finalizados em 31 de maio, com exceção do zagueiro Matheus Mega, que tem vínculo com o clube até dezembro.

“Devemos perder de 12 a 15 atletas. O Esquerdinha (meia, camisa 10) já fechou com time do Rio. O Yan (atacante), que pra mim foi um dos nossos melhores jogadores, é outro que já acertou no Rio. O Gueguel (centroavante), parece que o empresário está conseguindo algo em São Paulo. O Arilton (lateral-direito e capitão) parece que já estava com planos de encerrar a carreira e talvez não retorne também. Os zagueiros Mega, Emerson e Douglas têm propostas; Magdiel, lateral-esquerdo, idem. Não tem jeito. Os melhores não ficam. Isso em todos os times, não adianta. Quem vai disputar um mês de campeonato podendo ir para um clube jogar todo o semestre? Todos estão precisando de dinheiro, ainda mais depois dessa pandemia”, relata Juninho.

Arílton (esquerda), Yan (centro) e Gueguel, trio de destaque do Galo, não deve seguir quando o Módulo II retornar (Foto: Fernando Priamo)

A situação do técnico Júlio César Imperador é semelhante. “Tenho conversado com ele, mas não sabe se vai continuar, também tem procurado propostas na região dele (Goiás) e se acertar algo não vai perder cinco meses de contrato por um mês aqui. Não compensa pra ele”, conta o presidente.

Limite de inscrições

Outro ponto desagrada o Tupi. Conforme regulamento do Módulo II, o limite de inscrições de atletas para a competição é de 30. O Carijó tem 27 jogadores inscritos, o que só permitiria a contratação de outros três. Com as perdas previstas, pode ser que o Galo não tenha sequer dois times para realizar um treinamento coletivo. Neste sentido, o Tupi e outros sete clubes do interior (Athletic, Betim, CAP Uberlândia, Serranense, Democrata-GV, Mamoré e Ipatinga) encaminharam uma carta à FMF pedindo novas inscrições.

” É o mínimo que eles têm que fazer. Não pode ficar desse jeito, sem ninguém falar nada sobre futebol aqui. Vamos dizer que saiam 14 atletas. Com as três inscrições, teremos que disputar todo o resto do torneio com 16 jogadores. Isso é ridículo. Nunca vi uma coisa tão inconsequente”, critica Juninho.

O mandatário alvinegro ainda reforça que a não reabertura das inscrições impactará de forma significativa no nível técnico da competição. “Será um campeonato de pelada. Os principais jogadores têm propostas pra Série D do Brasileiro. Não vão querer perder um semestre para jogar com a gente um mês, um mês e meio, que teoricamente é o que precisa pra terminar a competição.”

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À Tribuna, a FMF, por meio da assessoria, confirmou que a entidade não irá tomar nenhuma medida antes da reunião com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), prioridade neste momento. “Só depois saberemos sobre as possibilidades de continuidade e também discutiremos as chances de alteração no regulamento”, complementa.

Tópicos: tupi

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