Mestre de xadrez conta com vaquinha criada pela mãe para disputar Mundial em Malta

Breno Matos foi campeão pan-americano e também conquistou a candidatura à Mestre Fide, mas precisa de recursos para arcar com as passagens aéreas


Por Bruno Kaehler

08/05/2022 às 07h00

Patrícia e Breno com o certificado de Mestre Nacional obtido pelo enxadrista (Foto: Fernando Priamo)

Todo enxadrista sabe da importância da rainha na estratégia de cada partida. No caso de Breno Matos Simas, 20 anos, no entanto, uma outra rainha, muito mais poderosa em sua vida, faz a diferença e tudo para que ele mostre seu talento no esporte da mente, aonde for possível: a mãe, Patrícia Matos. Juiz-forano estudante de Engenharia Elétrica da UFJF, o jovem possui o título de Mestre Nacional chancelado pela Confederação Brasileira e Federação Internacional de Xadrez, após vencer o Pan-Americano amador em Timbó (SC), no último ano. O resultado rendeu vaga ao atleta no Mundial, em Malta, no Sul da Europa, programado para o mês de outubro. No entanto, a família precisa arcar com o valor das passagens aéreas, de cerca de R$ 6 mil. Para isto, Patrícia teve a ideia de iniciar uma vaquinha on-line.

“Criei para divulgar o torneio e tentar arrecadar fundos para realizar esse sonho de poder ver meu filho participar do Mundial de Xadrez em Malta. Um sonho que parece impossível, mas que ele merece, por ser um filho maravilhoso e também pelo enxadrista que se tornou. É muito dedicado em tudo que faz, e o xadrez é sua paixão”, conta a mãe à Tribuna.

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A conquista em Santa Catarina garantiu a Breno a hospedagem em Malta, além de alimentação e inscrição pagas. “Só que preciso arcar com os custos da passagem. A Liga Regional de Xadrez fez um torneio com arrecadação destinada a me ajudar, e familiares e amigos também estão tentando dar este suoprte. O lado financeiro é a maior dificuldade para seguir profissionalmente no esporte, pois apesar do empenho em estudar e estar sempre melhorando, o xadrez não recebe muito apoio”, relata Breno, candidato a Mestre Fide. “Somos de uma família simples, e não tenho como arcar com esse projeto. Trabalho em loja e vivo para investir nos estudos do Breno, pois só a educação poderá dar um futuro melhor a ele”, complementa Patrícia no anúncio da vaquinha.

Com o Dia das Mães comemorado neste domingo (8), Breno recordou, ainda, a sensação ao ver a vaquinha criada por Patrícia. “A minha mãe é fundamental na minha caminhada no xadrez. Ela que me incentivou quando eu me interessei pelo esporte e é quem me dá força pra continuar estudando, competindo e buscando sempre melhorar. Foi emocionante ver a atitude, ela sonha o meu sonho e faz de tudo pela minha realização”, destaca o Mestre.

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Patrícia e Breno não têm medido esforços para a realização do sonho do enxadrista (Foto: Fernando Priamo)

‘O xadrez representa liberdade’

Hoje Mestre de xadrez, Breno conheceu o esporte da mente quando tinha apenas 10 anos, por meio do Sistema X, uma organização, sobretudo no meio escolar, que fomenta a prática em Juiz de Fora e região. Desde então, o juiz-forano mostrou predisposição no aperfeiçoamento de seu jogo. “Me interessei pelo esporte e falei com o meu professor (Leandro Conti) que eu queria aprender mais e melhorar. Ele começou a me dar aulas particulares e, em pouco tempo, comecei a competir em campeonatos escolares e adultos. Ganhei os JEMG (Jogos Escolares de Minas Gerais) em 2017, venci a minha categoria em duas etapas do Aberto do Brasil, e o torneio mais importante que eu ganhei foi o Pan-Americano amador, que me deu a vaga pra disputar o Campeonato Mundial em Malta”, detalha.

Conforme Patrícia, orgulhosa dos esforços do filho, “a vaga para Malta é resultado de muito estudo e dedicação.” A prática ainda rendeu benefícios intelectuais ao especialista na modalidade. “O xadrez é muito importante na vida do Breno em todos os aspectos, como na vida educacional dele, aumentando a sua concentração, memória e poder de raciocinar rápido”, reforça a mãe.

Focado em representar enxadristas de Juiz de Fora e da região, assim como o Brasil, Breno conta que o esporte, de fato, representa muito mais do que a prática em si. “O xadrez representa liberdade. No tabuleiro, eu faço meus planos e uso a criatividade. Realizo exercícios diários, estudo partidas de referência e jogo outras pra não perder a prática”, conta.

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