Juiz de Fora recebe o W.Force no Mariano Hall

“Com o tema “JF contra o Mundo”, evento fomenta a arte marcial na cidade e dá espaço para atletas locais a partir das 9h deste sábado (9)


Por Bruno Kaehler

08/02/2019 às 20h20- Atualizada 08/02/2019 às 20h55

Kall (à esquerda) vai enfrentar Fernando Medeiros no card principal. Já Kaíque “Pandinha” (à direita) compete pelo cinturão de muay thai na categoria semiprofissional – 70kg, com Thiago “Samurai” (Foto: Marcelo Ribeiro)

Um evento promete arrepiar os juiz-foranos que curtem artes marciais e deve fomentar a prática de lutas com embates amadores e profissionais entre atletas locais e visitantes. Com o tema “Juiz de Fora contra o mundo”, a primeira edição do W.Force na cidade tem início às 9h deste sábado (9), no Mariano Hall, com 40 atletas amadores participando de lutas até às 16h. Depois, a partir das 19h, começam os combates profissionais. Haverá exibições de duelos de MMA masculinos e femininos, além de boxe e muay thai, com abertura especial marcada por duas lutas de demonstração. A primeira, às 19h, terá os jovens Nicolas Sobrinho (BCT) e Pedro Henrique (Gladiadores Team BPT) na categoria infantil 35kg. Já a segunda envolve os portadores de necessidades especiais Pedrão (WTF) e Will (Scorpion Fight Team) no muay thai.

O evento, que terá encerramento com show da banda Muamba, ainda irá contar com importantes nomes da luta no cenário nacional, casos do mestre Pedro Rizzo, ex-UFC, e do Mestre Paraná, da equipe PRVT, treinador da lutadora do UFC Jéssica Bate-Estaca. Entre as lutas mais esperadas está a do local Claudinei Kall (BCT/Jason Team) diante de Fernando Medeiros (Team Big G), a principal do card. Se depender de Kall, o nocaute neste duelo é certo.

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“Podem esperar uma luta muito empolgante. Não costumo deixar as lutas irem para as mãos do juiz, levo sempre pro nocaute nos primeiros rounds. E pretendo no máximo no segundo round. Ele é striker (trocador) também, deve vir para a trocação em pé, e estou bem preparado para tudo. Se tiver que colocar no chão, no jiu-jítsu, também estou pronto”, conta Kall.

“A pior parte para o atleta é bater o peso. É um mês de dieta, sendo que na última semana cortamos o carboidrato também e ficamos só com carne, clara de ovo, a proteína. E 24h antes da luta cortamos a água também para bater o peso. Mas tudo vai dar certo. E vai lotar porque os organizadores deram muitas oportunidades para as pessoas da cidade e região”, destacou Kall.

Cinturão semiprofissional

O W.Force serve, também, para abrir as portas para atletas jovens. Este é o caso de Kaíque “Pandinha” (BCT), que compete pelo cinturão de muay thai na categoria semiprofissional – 70kg, com Thiago “Samurai” (Chakuriki). Aos 21 anos, Kaíque já acumula cartel de quatro vitórias e uma no contest (luta que termina por razões externas, o que não resulta em uma vitória, uma perda ou um empate) em sete lutas.

“Comecei a lutar para perder peso há sete anos, gostei e não parei mais. Agora tenho um desafio bem pesado, o outro atleta é duro. Será uma satisfação pessoal. Muitas pessoas dizem que não vou conseguir, mas quero ir lá, me testar, e também mudar a ideia das pessoas”, conta Kaíque, que tem o no contest justamente contra o próximo oponente. “Lutei com esse rapaz há três meses, mas com 1 minuto de luta caí fora do ringue, aí cancelaram a luta, que foi remarcada. O ringue estava um pouco mal montado, a corda frouxa, quando fui esbarrar nela, a corda baixou e caí. Acabei machucando, fiquei desacordado, e eles adiaram a luta. Por isso já estou me preparando há cerca de quatro meses.”

Última exibição de um guerreiro

Fabiano Oliveira se despede oficialmente do octógono neste sábado (Foto: Reprodução)

Dos 40 anos de vida de Fabiano Oliveira (Chakuriki), pelo menos 23 foram dedicados às artes marciais – especialmente jiu-jítsu e muay thai. Na noite deste sábado, contra o lutador Cassiano (Gladiadores Team BPT) na categoria até 84kg, o “guerreiro” de Petrópolis, mas que iniciou trajetória na luta em Juiz de Fora, se despede oficialmente do octógono. Entre derrotas e vitórias pessoais e profissionais, Fabiano sobreviveu, deu alegrias aos amantes de luta e, à Tribuna, recordou sua trajetória.

“Desde os 17 anos treinei jiu-ítsu. E conheci o muay thai com 28 anos, quando recebi o convite para minha primeira luta de MMA com o Claudinei Kall, de Juiz de Fora. Fizemos uma grande luta e consegui ganhar nos pontos. Daí para frente migrei para o MMA. Hoje pratico mais o muay thai, dou aulas, de onde vem meu sustento. Tenho 16 lutas na carreira, 14 de MMA. Foi muito difícil esse caminho porque é complicado conseguir patrocínio, mas demos um jeito de treinar. Me afastei cinco anos nesse período depois de ter perdido meus pais, um baque muito grande. Fiquei em uma vida meio torta, mas me superei, passei por cima disso e há quatro anos voltei. Lutei o JF Fight, o Torres Fight em Petrópolis e nocauteei nos dois desafios. Depois, sem estar treinando e sem equipe, acabei derrotado duas vezes, uma no Favela Combat e outra no Imperial Combat. E hoje a Chakuriki, do Mestre Carlos Silva, me acolheu”, relata.

O lutador, que já bateu o ex-BBB Marcelo Dourado, em 2005, diante de 5 mil pessoas com nocaute no segundo round, se mostrou feliz em poder encerrar carreira em Juiz de Fora. “Recebi o convite para fazer essa luta para encerrar, porque não tenho muito tempo para treinar mais e minha idade está um pouco avançada. Está sendo muito difícil, é uma coisa que amo fazer, mas ou eu dou aula, ou luto, e preciso trabalhar. Vou para fazer uma boa luta sem menosprezar meu adversário e buscando o nocaute. Mas perdendo ou ganhando encerro a minha carreira muito feliz por estar onde comecei.”

E agora? Nada mais bonito, para Fabiano, que sorrir pelas vitórias do jovem Wallace Horta. “Agora vou investir em meu filho, que está com 18 anos, já tem quatro lutas com três vitórias, tanto no muay thai, quanto no MMA”, antecipa.

Promessa de show feminino

Luciana espera uma luta difícil contra Xaxá (Foto: Divulgação)

Entre as lutas femininas, Schayene Antonietto, a “Xaxá” (BCT/Sergipe Boxe) e Lucianna Paes (Pro Fight) prometem um show à parte no muay thai, mostrando que a mulher é cada vez mais protagonista nos ringues e octógonos de todo o mundo. “Será uma luta de surpresas, mas um verdadeiro show de trocação!”, assegura Xaxá, com três vitórias em seis lutas.

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A adversária Luciana “Darth” enxerga uma oportunidade de crescer na carreira iniciada há quatro anos, com cartel de cinco vitórias em sete lutas, assim como as mulheres têm ganhado espaço na área, fato que a motiva. “Espero uma luta difícil, mas boa para o público e para a minha jornada. As mulheres têm crescido muito no esporte pelo menos nos últimos cinco anos, com destaques não só no UFC, como em outros campeonatos, e isso tem sido muito importante e motivador”, destaca.

Xaxá é lutadora há 14 anos (Foto: Divulgação)

Xaxá é prova deste crescimento, visto que, além de lutadora há 14 anos, dá aula para turma feminina. “A procura tem crescido demais! As mulheres têm tido mais interesse por autoconfiança, defesa e querendo aprender uma luta, além do emagrecimento. Antigamente uma mulher ir lutar na academia era alvo de preconceito. Mas hoje as pessoas já não são tão assim. Dou aula só para mulheres em academia e o interesse delas só aumenta.”

Ingressos

Para a primeira parte do evento, nas lutas amadoras, as entradas podem ser garantidas por R$ 10 no Mariano Hall. Já para as lutas noturnas e profissionais a pista custa R$ 50, com o mezanino a R$ 100 e o camarote para oito pessoas com open bar, por R$ 1.200. Os bilhetes são limitados.

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