‘O melhor ano da minha vida’
Atleta olímpica com apenas 23 anos e de férias, a nadadora juiz-forana Larissa Oliveira (Suplementos Lahra/Restaurante Cidade Natural) recebeu a Tribuna em sua casa, na Cidade Alta, para um bate-papo e uma sessão de fotos sobre o que caracterizou como o melhor ano de sua vida. Muito descontraída, ao lado dos pais Gilson e Elizabeth, a quarta entrevistada da série de reportagens Olha Ela!, com foco nas mulheres que se destacam no esporte na cidade e região, mostrou sua extensa coleção de medalhas com a mais recente em primeiro plano. Representando o Brasil, Larissa foi prata no revezamento 4x50m medley misto durante o Mundial de piscinas curtas em Doha, no Catar, em dezembro de 2016. A terceiro-sargento do Exército Brasileiro e uma das melhores nadadoras do país revelou ainda que renovou contrato para mais quatro anos defendendo o Esporte Clube Pinheiros e projetou meta ambiciosa para o próximo ciclo olímpico visando vaga em Tóquio 2020.
Temporada
“Tive o melhor ano da minha vida porque tudo o que eu conquistei foi muito grandioso, o início e o final de uma fase da minha carreira, um divisor de águas. Vi que consigo chegar longe e, a partir disso, vou buscar crescer ainda mais. Acho que o que tenha me marcado bastante foi a seletiva olímpica porque foi a parte mais difícil. Até você chegar na conquista do índice é muito doloroso e sofrido.”
Rio 2016
“Não dá para descrever. É muita emoção ao mesmo tempo. Você entra atrás da baliza para nadar, é um absurdo de sentimentos. Não consigo, só vivendo. É tanta coisa que você está sentindo que não consegue falar se está feliz, triste. Até hoje não consigo te explicar o que senti. Dá vontade de sentar, chorar, e pedir para que não acabe nunca mais! Se eu pudesse não parava de nadar nunca.”
Prata no Mundial do Canadá
“É um dos melhores revezamentos para nadar o misto porque cada hora é uma surpresa. Cai mulher e homem, daqui a pouco mulher e homem, então você pode estar muito na frente, mas nadam duas meninas com dois homens e acabam te passando. É a prova mais divertida da natação, sem dúvidas. E conseguir uma medalha em um Mundial é incrível, porque é muito difícil. Poucas pessoas conseguem fazer isso.”
Rotina e evolução
“Tinha dois treinos de piscina mais a musculação depois do treino da manhã e o preventivo antes da atividade à tarde. Não estudo, até fiz um ano e meio de faculdade, mas tranquei porque é muito difícil de conciliar. Sempre morei com meus pais, então tive tudo muito pronto. Quando mudei para São Paulo é que acho que comecei a viver a vida, porque tive que me virar sozinha. A maior parte do meu crescimento da natação se deu pela minha evolução pessoal. Quando comecei a ter que virar dona de mim mesma é que melhorei na água. É bem legal essa relação entre a parte pessoal e a profissional.”
“Fenômeno” dos EUA, Katie Ledecky
Estados Unidos e Austrália hoje são os melhores lugares para você treinar, por isso tem muito brasileiro buscando esses locais. Eles fazem programas de treinamentos para natação incríveis e você diz que é isso que quer para si. E quando você faz esse planejamento muito redondinho acaba tendo os resultados da Katie Ledecky, por exemplo. Já tive contato com ela mais de uma vez, e é um fenômeno, toda pronta para nadar.
Autocobrança
“Questão de medalha acho que é algo natural. Mas o que vem antes é seu talento, treino, dedicação. Se você tiver isso e não usar outros métodos para achar um atalho, precisa se dedicar. Me cobro muito, sempre busco melhorar minhas marcas e, consequentemente, acabo conseguindo medalha. Só que mais importante que isso é você estar fazendo as coisas de maneira correta, da melhor maneira possível, porque é isso que você vai levar para a vida. Um dia a natação acaba. Sou extremamente competitiva, se for jogar pingue-pongue vou dar minha vida para ganhar de você, mas antes disso tenho que pensar no que preciso fazer. Claro que meu sonho é ser medalhista olímpica, sou nova e tenho esse ciclo para me dedicar, mas o mais importante é o que vou fazer para chegar no meu objetivo.”
Metas e experiência
“Sempre quando acaba um ciclo olímpico é tudo muito novo, como se começasse do zero. A maioria dos contratos acaba, e eu acabei renovando mais quatro anos com o Pinheiros. Só que a gente ainda não sabe como vai ser lá, se vou continuar com o mesmo treinador, questões do clube mesmo. Tenho que resolver como será minha rotina, o planejamento do meu técnico, para então projetar algo. Mas em grande escala queria tentar uma vaga no Mundial, e tentar algumas em Copas do Mundo, que são competições bem interessantes. Já vivi muitas coisas na natação, fui para vários mundiais de longa, de curta, Copa do Mundo, Olimpíada, Panamericano, e acho que isso vai me ajudar muito para o próximo ciclo olímpico. Já competi uma Copa do Mundo em Tóquio, então já sei o caminho (risos)!”