Gênio de uma época


Por Renato Salles

04/09/2020 às 07h00

Cá estava eu nesta quarta, no tour habitual pelos portais de notícias, ávido por informações. Este é um exercício diário. Quisera eu correr, de fato, cotidianamente como maratono entre um site e outro. No rolê nada aleatório, topei com a chamada: “Primeiro gol de Ronaldinho pelo Barça faz 17 anos. Reveja a pintura!” Rendido à tentação da procrastinação que atormenta a todos neste mundo conectado, lá fui assistir ao vídeo da matéria publicada por “O Lance”.

Honestamente, não me lembrava que o debute de Ronaldinho Gaúcho na equipe catalã havia sido, assim, tão “chegou chegando”. Que golaço marcou o brasileiro em seu primeiro jogo com a camisa do Barcelona, em duelo contra o Sevilla, em 3 de setembro de 2003. Há 17 anos, portanto. Difícil explicar em palavras lance tão plástico. Mas, vamos lá.

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O Barcelona perdia por 1 a 0, quando Ronaldinho foi acionado na intermediária de seu campo de defesa. Voluntarioso, o craque foi levando a bola. Passou a linha do meio-campo. Com mais facilidade com que superou a risca de cal, deixou para trás o primeiro marcador. Veio o segundo: drible seco. Após carregar a pelota por uns 50 metros, cabia o chute da intermediária. Veio uma patada. No ângulo. A bola toca o travessão, quica no chão com violência e ainda tem força para estudar as redes. Golaço.

Ronaldinho passou cinco anos no Barcelona. Viveu seu auge entre os anos de 2004 e 2005. Fez chover. Criador contumaz de jogadas plásticas, foi o que se pode chamar de gênio sem que isso seja considerado um exagero. Neste breve hiato de tempo, foi eleito o melhor do mundo. Duas vezes. Talvez, por um momento, tenha sido o maior da história. Quem disse algo do tipo foi meu pai, que viu Pelé e tantos outros. Eu só concordei.

Sem querer aqui fazer qualquer juízo de valor sobre a polêmica mais recente em que se meteu o craque, que passou meses preso no Paraguai, triste ver que Ronaldinho se tornou uma triste alegoria do gênio que alegrou os campos. Mais triste saber que ele não é exceção entre nossos jogadores, muitas vezes vistos apenas como “galinhas de ovos de ouro” ou “máquinas de jogar futebol”.

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