Nadador do Bom Pastor traz cinco medalhas e três recordes do Parapan

Em Lima, Gabriel Geraldo conquistou duas medalhas de ouro, uma de prata e mais duas de bronze; atleta ainda registrou dois recordes brasileiros e um mundial


Por Bruno Kaehler

02/09/2019 às 16h22- Atualizada 02/09/2019 às 18h17

Gabriel Geraldo comemora o ouro nos 100m livre pela classe S2 (Foto: Ale Cabral/CPB)

Com apenas 17 anos, Gabriel Geraldo Araújo segue fazendo história nas piscinas e passa a ser conhecido, desta vez, por todo o mundo. O nadador do Clube Bom Pastor finalizou sua participação nos Jogos Parapan-Americanos de Lima, no Peru, com cinco presenças em pódios, dois recordes brasileiros e um mundial, além de uma alegria explicitada a cada entrevista concedida após os feitos. Ao todo, o atleta da classe S2, portador de focomelia, uma síndrome congênita caracterizada pela má formação de braços e pernas, conquistou duas medalhas de ouro, uma de prata e duas de bronze.

“Passa um filme na cabeça de tudo o que passei até chegar aqui. Em cada medalha fui vivendo uma emoção diferente”, relata o atleta. Entre os momentos mais especiais, Gabriel conta que jamais se esquecerá das duas vezes em que, com seus títulos, ouviu o Hino Nacional Brasileiro enquanto a bandeira do país era erguida em Lima. “Foi uma experiência única e especial, e significa que o nosso trabalho vem dando certo. A emoção de ouvir o hino comigo no topo do pódio foi muito emocionante”, conta.

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Gabriel foi campeão nos 50m (57s87) e nos 100m livre (2min04s60), batendo o recorde brasileiro nas duas provas. A segunda colocação veio nos 200m livre (4min45s96), e os bronzes ocorreram após atuações nos 50m costas (1in13s59) e 50m borboleta (1min01s65). Nesta última veio o recorde mundial em sua divisão paralímpica, que não rendeu a medalha de ouro por conta da prova ter sido multiclasse, e não apenas em seu segmento.

À distância

Natural de Santa Luzia (MG), Gabriel mora atualmente em Corinto (MG), cidade distante mais de 450 quilômetros de Juiz de Fora, o que não diminuiu o nível dos treinamentos monitorados pelo técnico do Clube Bom Pastor, Fábio Antunes. Assim como no dia a dia, a relação foi eficaz enquanto o técnico estava em casa, e Gabriel, em Lima. “Estava distante, mas ao mesmo tempo, presente. Nós conversávamos direto sobre tudo, passava aquecimento, dava feedback sobre as provas, ajustava estratégia de prova e comemorava com ele também. O treinador da Seleção, que estava com ele, Alan Helbock, também me mandava retorno sobre o que estava ocorrendo por lá. Vivi de perto o evento, além de acompanhar pela TV as provas dele. Foi uma ótima experiência”, destaca Antunes.

 

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Chegamos ao fim dos jogos para Pan-Americanos de Lima 2019 com 5 medalhas 2?1 ? 2 ? Eu digo chegamos no plural porque essas conquistas não foram só minhas,muita gente venceu junto comigo.Primeiramente agradecer a Deus por ter me permitido chegar até aqui com diversos motivos para sorrir e por ter uma família que sempre sentiu orgulho de mim e nunca sentiu vergonha de quem eu sou.Obrigado aos meus amigos que estão comigo na escola e nos roles da vida.Obrigado ao clube Bom Pastor por ter acreditado em mim e no meu trabalho lá no início, ao meu técnico Fábio que busca o melhor de mim,mesmo longe fizemos um trabalho muito audacioso e bem executado por isso os resultados.Obrigado aos meus colaboradores que viveram esse sonho comigo.Obrigado ao Adeilton que foi os meus braços aqui em Lima. Obrigado aos amigos que fiz aqui,pelos conselhos e incentivos que vocês me deram,vocês me proporcionaram momentos que eu jamais imaginaria viver.Obrigado a todos que mandaram mensagens e que de alguma forma me deram mais força para trazer essas medalhas para o nosso país.É uma avalanche de sentimentos para colocar em uma legenda.A única coisa que eu sinto de forma bem clara é GRATIDÃO e ponto final.

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Melhor campanha da história

Na capital peruana, o Brasil liderou com folgas o quadro de medalhas do Parapan. Ao todo, foram conquistadas 308 medalhas, sendo 124 ouros, 99 pratas e 85 bronzes. Os números superaram a campanha recordista do México, de 1999, quando o país anfitrião conseguiu 307 medalhas e 121 ouros.

Tópicos: natação

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