Mário Helênio 30 anos: Do ‘mascote’ Neymar à expulsão de Romário


Por Bruno Kaehler

01/11/2018 às 07h00

Em três décadas, o Estádio Municipal recebeu grandes partidas e personalidades do futebol brasileiro. O Flamengo, por exemplo, bateu o Goiás em novembro de 1990 na partida de ida da decisão da Copa do Brasil daquele ano. O Tupi venceu o Santa Cruz pelo mesmo placar em 2011, gol de Ademilson, também na primeira partida da final, mas da Série D do Brasileiro. O Baeta voltou à elite mineira com campanha toda realizada no maior palco esportivo da cidade neste ano, assim como a ida da partida que valia o título do Módulo II, contra o Guarani, finalizada com triunfo visitante por 1 a 0.

E como não se lembrar do Fluminense superando o Atlético-PR na final da Primeira Liga de 2016 por 1 a 0, com troféu erguido em pleno gramado juiz-forano? Um dos responsáveis pela negociação desta e demais partidas que envolveram equipes de forte camisa em âmbito nacional para Juiz de Fora foi o administrador do Estádio Municipal, Flávio Villela.

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“Fazer parte desta história é muito bom, mas não posso deixar de citar a figura do secretário de Esporte e Lazer, Júlio Gasparette, e dos prefeitos Bruno Siqueira e Antônio Almas, que nunca deixaram de buscar estes jogos para a cidade. E minha equipe é muito boa, eficiente. Sem ela não teríamos conseguido trazer a metade das partidas para cá. E como militante do esporte há muitos anos também é muito gratificante. Minha área de origem é o voleibol, mas através do Omar Peres fui supervisor do Tupi e entrei no futebol, onde fiz grandes amizades que me ajudaram a trazer as partidas e contribuir com o esporte da cidade”, relata Villela.

Cooperativa Manchester

O ano de 1994 também foi marcante para o esporte local, com o nascimento da Cooperativa Manchester de Futebol Profissional, resultado da união de Tupi, Sport Club e Tupynambás. Atual secretário de Esporte e Lazer, Julio Gasparette foi responsável por trazer o pai de Neymar Jr., o na época conhecido como ponta “Neimar”, para o time local. Nas partidas no Estádio Municipal, o então menino de 5 anos, Neymar Jr., posava com os jogadores e era apelidado de mascote do time.

Neymar pai com Neymar Jr., quando atuou pelo Manchester em 1994

“Na época, o Edinho, ponta direita, jogava com o Neymar no Botafogo de Ribeirão Preto (SP). Convidei o Edinho, que me falou do Neymar. Contratei ele, assim como outros jogadores de São Paulo, mas jamais sonharia que o filho dele viria a se tornar quem é. O Neymar pai era marrento demais e ficou aqui no término do Campeonato, por cerca de duas semanas. Veio com a família”, recorda Gasparette. Neymar atuaria quatro vezes pelo Manchester, sem gol marcado.

Romário expulso

Que Romário chegou a treinar com a camisa do Tupi no Estádio Municipal, você provavelmente deve saber. Uma história curiosa, contudo, quando o Baixinho atuava pelo Flamengo, em 1998, chama a atenção. O camisa 11 foi convidado a se retirar de campo em amistoso com o Galo, finalizado em 2 a 2, com acordo entre as diretorias e a equipe de arbitragem comandada por Adilson Mattos em Juiz de Fora.

“Naquele jogo, o que poucos sabiam é que a diretoria das duas equipes fizeram um acordo entre elas que, se houvesse uma situação de expulsão, poderiam ser feitas substituições. E no segundo período, em uma falta do meio de campo, o Romário colocou a sola sobre o pé do jogador do Tupi em uma cobrança de falta. Aí veio o bafafá, a discussão e tirei o Romário e o jogador do Tupi (Merica, meia-atacante) do jogo. Naquela ocasião os órgãos de imprensa não sabiam do acordo e se eu relatasse uma expulsão, o atleta estaria sujeito a ser julgado no Tribunal, mas não era lance para isso. Depois daquele jogo em vários lugares que eu me apresentava para atuar me perguntavam sobre o ocorrido. Alguns até parabenizavam por ter tirado um craque de campo! Mas o Romário foi sempre muito tranquilo nos jogos em que eu trabalhei, ao menos. Nunca ofendia ninguém”, lembra Adilson, que tirou o Baixinho de campo.

Há histórias, contudo, de que o jogador poderia ter forçado a saída de campo e, assim que deixou o gramado, teria pego carro no estacionamento e ido para outro compromisso.

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VAR no Estádio Municipal?

O secretário de Esporte e Lazer, Gasparette, acompanhou, de perto e em diferentes funções, os 30 anos do Estádio Municipal. “É uma alegria muito grande de ter participado desde as obras até os dias de hoje. Cheguei a jogar no Estádio, como amador, além de partidas como dirigente do Sport Club e do Manchester, que para mim na época era uma grande saída para o profissionalismo do futebol juiz-forano. Tenho ótimas recordações. E agora, como secretário, também estamos dando andamento à história. O estádio vai receber mais obras a partir desta segunda (5), no hall de entrada, onde serão construídos banheiros femininos, sala de computador para o placar, o piso será trocado e esperamos que muito breve vamos ter o ginásio também, para um complexo muito grande para a cidade voltar a ser vista, quem sabe, para todo o país”, relembra.

Tupi no jogo contra o Santa Cruz em 2011 (Foto: Leonardo Costa)

Se Tupi ou Tupynambás chegarem a semifinal do Mineiro, há, ainda, a chance de o Estádio Municipal receber pela primeira vez o árbitro de vídeo, o popular VAR. “Acredito que o nosso estádio não precise de muitas coisas para se adequar à essa tecnologia. Não vejo dificuldades para isso. Ao meu ver, a prioridade, inicialmente, é torcer para que as duas equipes locais permaneçam na elite mineira. Inclusive já nos reunimos com Tupi e Baeta para falar do clássico e iniciar os trabalhos. Quem sabe não conseguimos colocar 10 mil torcedores aqui e reviver os anos 1960, 70 e até 80?”, deseja.

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