Sapo de Fora: O imprevisível é realmente arrebatador


Por Júlia Campos, estagiária

01/07/2018 às 07h00- Atualizada 02/07/2018 às 08h01

Os torcedores de Copa do Mundo são aqueles que prestam atenção em futebol somente de quatro em quatro anos, quando ocorre o maior evento (leia-se festa) esportiva do mundo. A categoria é duramente criticada pelos torcedores fervorosos e clubistas de plantão. A estagiária que, humildemente, vos escreve esta crônica, se autodeclara torcedora de Copa do Mundo. Mas acalme-se, leitor (a), aqui eu disserto porque nós, os desapegados do mundo futebolístico, merecemos um pouco de compreensão.

Assim como acontece na vida de qualquer pessoa normal, há assuntos interessantes, e outros para os quais não damos uma ‘bolota’. Futebol, na minha vida, se encaixa nesta última. Saber como funciona o jogo dentro das quatro linhas e estar a par, em linhas gerais, do que ocorre neste universo é fundamental para ser jornalista. Ponto para mim, mas saber a escalação de um time de cabeça, ou quantos gols marcou na final do brasileirão de mil novecentos e bolinha contra o principal rival é algo humanamente impossível para mim e para tantos outros. A falta de interesse gera o esquecimento.

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Apesar de ter nascido em uma família de flamenguistas doentes (com a exceção de um corintiano desertor), na vida adulta, pouco me importei em acompanhar o time. No entanto, quando me perguntam (e sempre perguntam) para que time eu torço, digo prontamente: “Tenho simpatia pelo Flamengo, mas não posso dizer que sou torcedora”, afinal, me enveredar por conversas longas sobre o tema seria a maior furada, já que não sei o nome de três jogadores atuais do clube. Mas vamos nos ater à questão Copa do Mundo.

Copa vai além do óbvio, vai além da competição. Copa é como um vestibular, é o vai ou racha, é um por todos e todos por um. É o ápice de uma preparação que dura quatro longos anos. E que gera emoção por ver que um país, mesmo afundado em uma crise econômica, política e moral, ainda se une para festejar e ter um pouco de alegria, pois é o que nos resta. E é o que também dá uma pontinha de esperança de que, talvez, um dia, possamos deixar o clubismo político de lado, e possamos unir nossas vozes e clamar mais do que o “Sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor” (que é meio chato, por sinal).

E a atenção dada para a Copa por nós, torcedores de um mês a cada quatro anos, também tem motivação nos gramados. O futebol apresentado pelas seleções é admirável. Posso não saber escalações, mas sei observar e admirar algo quando é belo. Aquele gol de falta de Cristiano Ronaldo contra a Espanha, que culminou em um empate em 3×3, e o primeiro gol de Messi na Copa, contra o Senegal, que ajudou a livrar os pescoço dos hermanos… foram lindos de se ver, avassaladores, capazes de tirar do âmago do mais indiferente dos seres um palavrão (descobri que xingo muito durante os jogos), ou uma expressão embasbacada. O que dizer das reviravoltas e das zebras então? O imprevisível é realmente arrebatador.

Portanto, caro (a) torcedor (a) ligadão em futebol, não pire conosco. Futebol é agregador, e Copa do Mundo é uma festa que recepciona a todos, gerando esse clima gostoso, que, infelizmente, só dura um mês a cada 48. Há espaço para todo mundo, desde os mais fanáticos até os que não entendem nada do jogo. Além disso, é uma ótima oportunidade para despertar paixões, afinal, sempre é tempo de descobrir um novo assunto de interesse.

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