Juiz de Fora cria mais de quatro mil postos de trabalho em 2021

Saldo até julho se aproxima das perdas contabilizadas em 2020, quando 4.393 empregos formais foram extintos


Por Gabriel Silva, sob supervisão da editora Fabíola Costa

29/08/2021 às 07h00

A melhora nos indicadores epidemiológicos é considerada crucial na abertura de postos de trabalho, o que coloca a recuperação do cenário sanitário no centro da retomada econômica, diz economista (Foto: Fernando Priamo)

Juiz de Fora chegou, em julho, a 4.054 vagas de emprego criadas no acumulado de 2021. O número foi alcançado após o saldo positivo de 949 postos de trabalho no último mês, resultado das 4.910 admissões e 3.961 demissões ao longo dos 31 dias de julho. O quantitativo de vagas abertas desde janeiro se aproxima do total de perdas verificado em 2020, quando o estoque apontou 4.393 empregos extintos na cidade. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério da Economia na quinta-feira (26).

Após iniciar janeiro com a redução de 35 vagas, os meses seguintes apresentaram resultados positivos na geração de emprego: fevereiro (596), março (839), abril (26), maio (780), junho (929) e julho (949). No total dos últimos 12 meses, o Caged aponta saldo positivo de 6.076 oportunidades criadas.

PUBLICIDADE

Em todo o estado, foram 34.333 postos formais abertos em julho. O saldo foi superior ao do mês anterior, quando foram abertas 32.538 vagas. No acumulado do ano, Minas gerou 219.560 empregos com carteira assinada.

O economista e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Lourival Batista de Oliveira Júnior avalia que a forte retração da economia causada pela pandemia em meses anteriores causa uma impressão de recuperação que pode ser enganosa. “A gente tem que levar em consideração que estávamos com uma mola muito comprimida. A economia, tanto nacional quanto local, vinha em um ritmo de geração de empregos muito ruim. Chega um momento em que você vai recuperar alguma coisa”, diz.

A melhora nos indicadores epidemiológicos é considerada pelo professor como crucial na abertura de postos de trabalho, o que coloca a recuperação do cenário sanitário no centro da retomada econômica, na visão do especialista. “(É necessário) ampliar a vacinação, cobrir as faixas que forem mais vulneráveis, para minimizar os efeitos e ter condições para uma retomada segura”, avalia.

Desde janeiro de 2020, o Ministério da Economia mudou a metodologia de apuração dos números do Caged, incluindo outras duas fontes de dados – o eSocial e o empregadoWeb. Com isso, não é possível comparar os números com a série histórica anterior a 2020, uma vez que a nova metodologia do Caged apresenta números maiores por agregar novas fontes. “Até a gente compreender a dinâmica e poder fazer comparações para entender o que está acontecendo, dificulta um pouco. As comparações com o passado não são possíveis, devem guardar uma certa medida”, diz o economista.

Covid-19 ainda traz preocupação a empresários

Se o movimento de recuperação de postos de trabalho anima, a possibilidade de uma nova onda de contaminações, sobretudo pela variante Delta do coronavírus, ainda causa receio aos empresários mineiros. Essa é a constatação da Federação do Comércio de Bens e Serviços de Minas Gerais (Fecomércio-MG).

Pesquisa realizada entre os dias 26 de julho e 4 de agosto, com 398 empresas do comércio varejista, atacadista e de serviços de Minas Gerais, apontou que 58,5% dos empresários mineiros possuem receio de que o comércio volte a fechar. O levantamento ainda concluiu que, em caso de novo fechamento, 64,1% dos entrevistados acreditam ter condições de manter seu negócio funcionando, sendo 34,5% por até seis meses e 35,5% por mais de um semestre.

Ainda que tenha ocorrido melhora no cenário epidemiológico e maiores flexibilizações às restrições econômicas, 51,8% dos entrevistados pela pesquisa do Fecomércio-MG consideram que o fluxo de clientes não retornou ao nível anterior à pandemia. Com isso, 53,5% ainda disseram ter contido gastos para manter as atividades, com medidas como redução no estoque (43,75%), negociação de contratos (17,1%) e corte no quadro de funcionários (3,3%).

O conteúdo continua após o anúncio

Crise energética

Ainda em meio à pandemia, outro entrave para a melhora dos indicadores econômicos é a crise hídrica que impacta nas contas de energia elétrica. O Governo federal reconheceu, nesta semana, o agravamento do nível dos reservatórios brasileiros, na pior situação do setor nos últimos 91 anos. Os reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste, que são responsáveis por 70% da energia gerada no país, estão com apenas 22,7% da capacidade. O Executivo nacional ainda fez apelo para que a população economize, voluntariamente, energia.

O economista Lourival Batista de Oliveira Júnior expressou preocupação com a possibilidade de piora na situação energética, o que pode voltar a impactar a economia brasileira, dificultando a retomada, “porque os preços que sobem para a energia replicam para toda a economia”, alerta.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.