Após reajuste, gasolina chega a custar R$ 7,29 em Juiz de Fora
Em levantamento da Tribuna em dez postos da cidade, até mesmo o menor valor encontrado ultrapassa a marca dos R$ 7
O motorista juiz-forano que abastecer o veículo com gasolina nesta semana irá pagar mais de R$ 7 no litro do combustível. Após o último reajuste no valor das refinarias brasileiras, anunciado na última segunda-feira (25), o custo cobrado nos postos juiz-foranos teve um salto e alcança até R$ 7,29. Os números foram coletados pela Tribuna em consulta a dez postos do município e mostram grande variação em relação ao mais recente levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), realizado na última semana.
Entre os postos consultados pela reportagem, que abrangem diferentes regiões de Juiz de Fora, o menor valor encontrado para o litro da gasolina foi R$ 7,18, em um estabelecimento na Zona Sul. Além desse, apenas uma distribuidora da região Leste do município teve custo do combustível abaixo de R$ 7,20. Em todos os outros locais, o valor ficou entre R$ 7,26 e R$ 7,29. O preço médio cobrado pelo litro da gasolina, entre os estabelecimentos ouvidos, ficou em R$ 7,26.
A média constatada pela Tribuna mostra variação de R$ 0,36 (ou 5,21%) do valor médio encontrado em levantamento da ANP realizado entre os últimos dias 20 e 21. Naquele período, o custo médio do litro da gasolina em Juiz de Fora estava em R$ 6,90. A pesquisa da Agência ainda encontrou o combustível a R$ 6,59, no menor preço, e em R$ 6,98, no maior.
Alta nas refinarias
A variação no preço do combustível acontece poucos dias após o reajuste da Petrobras nos valores da gasolina e do diesel. A partir de terça-feira (26), a gasolina subiu 7,04% nas refinarias – alta acumulada de 73% no ano -, enquanto o diesel aumentou 9,15% – alta de 65% em 2021. A Petrobras justificou o aumento pela alta no preço do barril do petróleo e também pela taxa de câmbio, uma vez que o dólar acumulou crescimento ao longo da última semana.
Em nota publicada na ocasião, a empresa afirmou ainda que os reajustes “são importantes para garantir que o mercado siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras”.
O anúncio da estatal aconteceu na segunda-feira e as taxas foram reajustadas na terça. Em Juiz de Fora, o efeito foi imediato: já no dia seguinte, na terça-feira, foram notados os primeiros movimentos de alta no valor cobrado pelos postos do município. Na quarta-feira (27), o aumento já havia se espalhado aos demais estabelecimentos.
Motoristas sofrem com altas
O aumento no custo dos combustíveis impacta a rotina, primeiramente, de quem depende de carro para se transportar no dia a dia. É o caso do estudante Antônio Cláudio Rodrigues, que viaja constantemente entre Santos Dumont e Juiz de Fora. Ao menos duas vezes na semana, ele faz o trajeto de 50 quilômetros entre as duas cidades. Entretanto, a rotina tem sido cada vez mais custosa. “Você olha hoje e a gasolina está em um preço. No dia seguinte, ela já aumentou. É muito raro o dia em que o preço baixa, geralmente ele aumenta e é um crescimento grande”, relata.
O motorista de aplicativo Carlos Eduardo Mattos, por sua vez, não hesita em afirmar que passa pelo momento de maior aperto financeiro desde que começou a ganhar a vida com as viagens, há mais de dois anos. “Quando começou a pandemia, eu passei a sentir o baque. Eu consigo manter (o lucro) com muita luta. Mas tem horas que, quando passo em casa, eu não tenho vontade de voltar (a trabalhar)”, conta o condutor. A diferença sentida por ele não é em vão. Há dois anos, o último levantamento de preços da ANP de outubro de 2019 constatava custo médio de R$ 4,70 na gasolina comum, valor R$ 2,59 abaixo do atual.
Também motorista de aplicativo, Paulo Medeiros tenta driblar a alta na gasolina abastecendo com etanol. Ainda assim, as despesas têm feito com que ele pense em deixar a profissão. “O ganho só dá para pagar o aluguel do carro e o combustível. Lucro, ultimamente, eu não estou tendo. Eu estou tentando empurrar com a barriga para ver se alguém faz alguma coisa sobre o combustível. Ainda tenho esperança que tenha melhora”, afirma.