Setembro atípico eleva preço de hortifrúti em até 50% em JF

Variação de temperatura ao longo do mês impacta a produção e pressiona preços praticados ao consumidor


Por Gracielle Nocelli

28/09/2019 às 07h00- Atualizada 30/09/2019 às 18h54

Variação de temperatura ao longo do mês impacta a produção e pressiona preços praticados ao consumidor (Foto: Felipe Couri)

A brusca variação de temperatura ao longo deste mês de setembro tem impactado diretamente a produção de hortifrútis e, consequentemente, os preços que chegam ao consumidor. Após três semanas de dias quentes e secos, uma situação atípica para o período, uma onda de frio chegou à cidade no último domingo (22) trazendo, também, as chuvas. A oscilação nos termômetros acarretou registros adversos, como o dia mais quente da história para o mês de setembro (34,7 graus na quinta-feira, dia 12) e a menor temperatura máxima dos últimos seis anos (13,6 graus na quarta, dia 25). Os reflexos destes altos e baixos chegaram à mesa do juiz-forano, que tem se deparado com o encarecimento e até mesmo a falta de verduras, legumes e frutas. Na Ceasa de Juiz de Fora, alguns produtos sofreram alta de até 50%.

Este é o caso da couve chinesa. No início do mês, a dúzia do produto era vendida a R$ 10, mas, diante da alta dos termômetros, aumentou para R$ 15. Outras verduras de folha também encareceram, como o agrião (33%), que passou de R$ 15 para R$ 20 a dúzia; a chicória, a alface lisa e a alface crespa, que subiram 25%, indo de R$ 8 para R$ 10 a embalagem com 18 unidades. A explicação se dá pelo longo período de calor e tempo seco. “Os produtores que têm um sistema de irrigação mais moderno conseguiram garantir a produção, mas muitos tiveram prejuízo”, afirma o presidente do Sindicato Rural de Juiz de Fora, Domingos Frederico Netto.

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Dentre os legumes, a abobrinha teve a maior alta, também de 50%. A caixa com 18 quilos, que era vendida por R$ 20, passou para R$ 30. Foram verificados, ainda, aumentos de preço do quiabo (33%), do chuchu (28,5%), do jiló (25%) e da vagem (20%). No caso destes produtos, as condições ideais são calor e umidade, o que ainda não aconteceu em conjunto este mês. Na lista de frutas, o abacate está entre os mais suscetíveis à variação de temperatura. Em situação atípica de frio ou calor, a produção também é impactada. O resultado se vê nos preços: a fruta encareceu 40% na Ceasa. A caixa de 20 quilos, que era comercializada a R$ 50, passou a custar R$ 70.

Nas prateleiras

Os alimentos chegaram às prateleiras dos mercados mais caros. Em alguns estabelecimentos, o preço do quilo do jiló chega a custar R$ 7,90, enquanto o quilo do chuchu pode ser encontrado a R$ 5,90. Já as verduras de folha nem sempre são encontradas, e, quando estão disponíveis, apresentam valores mais altos. O preço da alface chegou a R$ 5, e o da couve, R$ 7.

Na avaliação de Domingos, a situação reflete um efeito cascata que não era esperado. “Este mês de setembro está sendo bastante atípico. Além da variação de temperatura, os produtores estão enfrentando aumento de custos com energia e combustível. A produção está mais cara e reduzida. A nossa expectativa é que as chuvas continuem, mas não muito intensas, para garantir a umidade necessária para um comportamento mais dentro do normal para o crescimento dos produtos.”

De acordo com o proprietário do Box São Francisco, Carlyle Lopes, a alta de preços impõe desafio aos consumidores. “Com a redução da oferta pelos produtores, nós compramos os alimentos mais caros para não deixar faltar. Precisamos repassar ao consumidor, mas também criar alternativas para que ele não deixe de comprar. A solução é baratear outros produtos que não estão sendo afetados por esta variação de temperatura.”

Para este fim de semana, as temperaturas devem continuar amenas e com possibilidade de chuva. A partir da próxima segunda-feira (30), uma nova onda de calor deve chegar à cidade e, por isso, a tendência é que os preços dos alimentos citados continuem em alta.

Tomate está 80% mais barato

Em contrapartida, alguns alimentos baratearam em setembro, o que pode ser explicado tanto pela menor interferência da variação de temperaturas na produção, quanto pelo fato de o abastecimento ser feito por produtores de fora da cidade. O tomate encabeça a lista dos alimentos que baratearam, com redução de 80% do preço na Ceasa de Juiz de Fora. A caixa de 22 quilos, que custava R$ 50 no início do mês, agora é vendida a R$ 10.
Em seguida está a batata lisa. Na primeira semana de setembro, a embalagem de 50 quilos era vendida por R$ 130. O preço atual está em R$ 80, o que significa uma queda de 38,5%. Já a caixa de 18 quilos de banana nanica barateou 16,6%, passando de R$ 30 para R$ 25.

Estas quedas também foram repassadas ao consumidor, conforme análise das pesquisas do Guia do Consumidor, realizadas pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agropecuária (Sedeta) da Prefeitura de Juiz de Fora. O preço médio do quilo do tomate caiu de R$ 3,39 para R$ 2,98. Já o da batata inglesa passou de R$ 1,99 para R$ 1,59, enquanto o da banana nanica foi de R$ 3,39 para R$ 1,99, considerando o primeiro e o último levantamentos do mês, realizados nos dias 12 e 26, respectivamente.

Substituição é alternativa para consumidor

Na hora das compras, o consumidor deve ter atenção redobrada. A economista e professora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Fernanda Finotti orienta a substituição de produtos para não comprometer o orçamento diante da oscilação de preços. Destacando que os cuidados com a alimentação são muito importantes, ela explica que a troca deve ser realizada de forma a garantir os nutrientes necessários. “As verduras e os legumes são itens essenciais para uma boa saúde. O segredo é trocar aqueles que estão mais caros neste momento pelos mais baratos. Uma salada de legumes pode substituir uma salada de folhas, por exemplo.”

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A boa e velha pesquisa de preços também continua como aliada dos consumidores. “Alguns alimentos chegam de outras regiões que não sofreram a variação brusca de temperatura que Juiz de Fora está passando, vale a pena pesquisar.” Para a especialista, o mais importante é não contribuir para que a alta de preços perdure. “Se as vendas não acontecerem, os preços irão baixar. Não podemos alimentar esta alta, que deve ser temporária.”

O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) aconselha os consumidores a definirem um valor máximo para a compra, tendo uma lista prévia dos produtos e possíveis substituições. “Isto é fundamental para nortear a compra e assegurar que irá levar só o que realmente precisa. Consultar folhetos promocionais dos supermercados também é uma alternativa”, informou a entidade, por meio de sua assessoria.

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