Futuro do Expominas é dúvida

Com espaço subutilizado, especulações sobre alteração na vocação para eventos ganharam força


Por Gracielle Nocelli

27/07/2017 às 06h10- Atualizada 27/07/2017 às 08h22

Após sediar o Minas Láctea, maior evento laticinista da América Latina, o Expominas Juiz de Fora segue com uma agenda inconsistente. Desde janeiro, o espaço recebeu seis eventos, sendo quatro formaturas, o Fórum Regional do Governo de Minas e a feira de laticínios. Até dezembro, estão previstos outros 19. Inaugurado há 11 anos, o equipamento que custou quase R$ 50 milhões ao Estado enfrenta baixa taxa de ocupação. Em fevereiro, a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), responsável pela administração do local, abriu licitação para empresas interessadas na concessão de uso e exploração comercial do espaço, mas não recebeu proposta de qualquer interessado. Especulações de que o espaço pode se tornar um centro de distribuição industrial aumentam a incerteza sobre o futuro do Expominas.

Entre 2014 e 2016, foram realizados apenas 58 eventos. “O equipamento é fantástico, um dos melhores localizados no interior. Estive como gestor local durante seis meses e posso afirmar que nas mãos do Estado é impossível fazê-lo funcionar. A burocracia prejudica demais o trabalho de captação de eventos”, afirma o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Juiz de Fora (ACE-JF), Aloísio Vasconcelos. Foi a pedido da entidade que a Codemig abriu o processo licitatório em formato de pregão presencial. “O Expominas é fundamental para o desenvolvimento de Juiz de Fora e da Zona da Mata, mas nós entendemos que é preciso uma área comercial para fazer um trabalho efetivo. Em conversa com o presidente da Codemig, apontamos a necessidade do espaço ser gerenciado pela iniciativa privada, num modelo de parceria público privada (PPP).”

PUBLICIDADE

Após não registrar participantes no processo licitatório, a Codemig também defendeu o modelo de concessão no uso de espaços públicos. Em nota enviada à imprensa, naquele momento, declarou que “a iniciativa é importante para potencializar o dinamismo dos negócios, ampliar o público-alvo do espaço e valorizar a eficiência na prestação dos serviços à população” e acrescentou que “vem adotando o modelo de concessão de uso de espaços públicos, a título oneroso, a empreendedores da iniciativa privada com capacidade e expertise devidamente comprovadas, no intuito de implementar dinamismo e operacionalidade ao empreendimento.” Em abril, a assessoria da companhia informou a possibilidade de lançar um novo pregão.

No entanto, em contato feito pela Tribuna na última semana, a elaboração de nova licitação não foi confirmada. “Atendendo a Associação Comercial e Empresarial de Juiz de Fora, a Codemig realizou, em março, processo licitatório para concessão de uso e exploração comercial do Expominas Juiz de Fora; o pregão não recebeu interessados. A Companhia está apreciando o assunto para definição das próximas ações a serem tomadas”, declarou.

Inviabilização

Na avaliação de Aloísio Vasconcelos, a exigência de remuneração mensal mínima de R$ 100 mil estabelecida no edital inviabilizou a participação de empresas no processo. “Arcar com despesas de manutenção e ainda gerar esta receita é algo inviável. Quando conversei com o presidente da Codemig, estimei um custo mensal de R$ 100 mil para a manutenção do Expominas mostrando os motivos que favoreciam a realização de uma PPP. Na hora de realizarem o edital, esta informação foi colocada de forma que prejudicou o processo.” Para ele, o edital deveria “determinar um período de dois anos de carência para, a partir de então, ser cobrado um percentual de 20% da receita”, opina.

Especulações ganham força

A assessoria da Codemig não se posicionou sobre as especulações de que o espaço pode deixar de realizar eventos para se tornar um centro de distribuição industrial. Os rumores de que empresas atraídas pela instalação da M.Dias Branco na cidade poderiam usar o local ganharam força diante da possibilidade aberta pelo próprio edital de licitação, lançado em fevereiro.

O documento afirma que “em função de fatores econômicos conjunturais aliados a pequena estrutura e expertise da Codemig em promoção de eventos, o Complexo nos últimos exercícios não vem apresentando os resultados esperados” e segue com a declaração de que “tendo em vista a possibilidade de locação para a implantação de atividades comerciais e/ou industriais diversas da atual, entretanto compatíveis com a estrutura física do Expominas, a Administração pretende maximizar o retorno econômico que justifique o grande investimento por ela realizado, bem como minimizar as despesas com o custeio e manutenção da estrutura. Objetiva também fomentar um novo modelo de negócio, propiciando a geração de novos empregos diretos a população local”.

Reconhecendo a possibilidade que foi aberta no processo de licitação, Aloísio Vasconcelos afirma que a cidade não aceitará a mudança de vocação do Expominas. “Esta oportunidade não deve ser considerada em um próximo edital. Nós não podemos aceitar porque significa tirar o patrimônio da cidade, que tem exatamente a proposta de promover o desenvolvimento de toda a região. A criação do equipamento foi uma reivindicação da Associação Comercial, e nós não aceitaremos de forma nenhuma uma mudança como essa.”

O conteúdo continua após o anúncio

Encontro
Aloísio adianta que, no próximo dia 8 de agosto, terá uma reunião com a Codemig para tratar de assuntos da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais (Federaminas), na qual atua como vice-presidente. Na ocasião, ele pretende retomar as conversas sobre a gestão do Expominas.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.