Produtos de Natal quase 10% mais caros
Os juiz-foranos devem preparar o bolso: os produtos mais consumidos nesta época do ano chegam às gôndolas com aumento médio de 8,83%. O cálculo é da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e está próximo do previsto pelos supermercadistas mineiros. O superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Antônio Claret, afirma que o preço dos produtos típicos de Natal deve acompanhar a reposição inflacionária. No acumulado do ano, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 5,78% até outubro. Considerando os últimos 12 meses, a taxa chegou a 7,87%.
Pelas contas da Abras, em relação à variação nos últimos 12 meses, as bebidas registraram a maior alta. Os vinhos nacionais estão em primeiro lugar no ranking, registrando 11,17% de reajuste, seguidos por refrigerante (10,53%), cerveja (10,41%) e espumante/frisantes (10,23%). Ao contrário do que o consumidor esperava, a queda do dólar não refletiu muito nos custos dos itens importados em geral, que registraram 0,70% de crescimento na perspectiva de vendas reais este ano, com variação de preços de 9,23%, em média. Já os vinhos importados apresentaram queda de custo de 1,02% ante o ano passado, com aumento de preços ao consumidor de 9,55%.
Segundo Claret, toda redução de preço que os supermercados conseguem negociar com o fornecedor é repassada ao consumidor final. No caso da queda ocasionada pelo dólar ocorre o mesmo. “É preciso deixar claro que o movimento de preços dos produtos nos supermercados não se altera com tanta volatilidade quanto a cotação do câmbio. Na maior parte das vezes, uma alta no dólar não é repassada ao consumidor. Logo, quando há uma ligeira redução no câmbio, os supermercados não alteram os preços.” Na opinião dele, o consumidor fiel a esses produtos vai continuar comprando. A tendência, no entanto, é que, no Natal deste ano, sejam priorizados os itens de menor valor agregado, independente de serem nacionais ou importados.
Carne mais cara
A coordenadora de Índices de Preços ao Consumidor do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, observa que os alimentos são o principal grupo que pesa no bolso do consumidor. Ela cita a redução de custo de itens importante nas despesas familiares, com o leite. Em contrapartida, destaca que, por conta da entressafra, a carne segue pressionando a inflação e, por consequência, o orçamento familiar. No levantamento do IPCA de outubro, no grupo dos alimentos e bebidas, a carne foi a que apresentou maior variação, de 2,64%, exercendo o principal impacto individual na inflação do mês. Apesar disso, o grupo sofreu redução de 0,05% por conta de outros itens. O leite longa vida teve a maior queda (-10,68%), seguido do feijão carioca (-8,79%) e da cebola (-6,48%).
Na ponta do lápis
A presidente do Movimento das Donas de Casa e Consumidores de Minas Gerais, Lúcia Pacífico, dá dicas para evitar que a ceia de Natal se transforme em dívida no início do ano. Planejar os gastos, de forma que caibam no orçamento, e calcular o número de convidados, confirmando a presença deles, são medidas importantes para evitar desperdícios. Na hora de planejar o cardápio, a dica é substituir produtos importados por itens nacionais e comparar preço nos estabelecimentos. Preparar apenas um tipo de carne, uma massa, uma salada verde e uma torta doce, usando frutas nacionais ou bombons é um dica de cardápio para garantir a comemoração, sem gastos além da conta.
Bebidas, frutas secas e panetone lideram lista
A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) espera crescimento nominal das vendas na ordem de 9,56%. Descontada a inflação, no entanto, o resultado, no país, deve ser pouco superior ao de 2015 (0,67%). Entre os estabelecimentos mineiros, a perspectiva é melhor, e a aposta é de aumento real de 4,5%, conforme a Associação Mineira de Supermercados (Amis).
Dentre os produtos sazonais, as frutas secas (2,68%) e o panetone (2,12%) lideram as projeções de venda dos supermercadistas. As bebidas, em especial o refrigerante e a cerveja, devem apresentar os melhores resultados em vendas reais, 4,43% e 4,08%, respectivamente. Em seguida, estão frango (3,66%) e peixe (3,19%) congelados. Em contrapartida, o peru, ave tradicional e muito consumida no Natal, registrou queda de 1,55% na expectativa de venda ante o ano anterior. O movimento é acompanhado pelos vinhos nacionais, que apresentaram redução de 1,05% nas perspectivas de comercialização na comparação com 2015.
“Apesar de estarmos em um momento econômico difícil, o setor segue firme e confiante. Acreditamos que as tradições do Natal e Reveillon irão influenciar o consumidor a adquirir mais itens nos supermercados, favorecendo, assim, os resultados do final do ano. A época sempre foi a melhor para o nosso segmento, e esperamos que isso se confirme”, destaca o presidente da Abras, Fernando Yamada.