Comércio espera contratar mais que Natal passado e vender igual a 2019

Setores de vestuário e alimentício devem concentrar maior parte das vagas temporárias em Minas, segundo a Fecomércio


Por Ester Vallim, estagiária sob supervisão da editora Fabíola Costa

24/10/2021 às 07h00

O comércio em Juiz de Fora já iniciou a preparação para a principal data para o setor: o Natal. Diferente do ano passado, quando a pandemia de Covid-19 estava em um dos seus piores momentos, 2021 trouxe, junto com a vacinação, uma melhora nos indicadores epidemiológicos, permitindo que o comércio da cidade pudesse experimentar uma maior e mais duradoura flexibilização. Com as portas abertas e uma maior confiança dos empresários, os clientes retornam, gradativamente, alguns hábitos de consumo. A expectativa das entidades patronais é que as vendas deste ano possam se igualar às do Natal de 2019, resultando no aumento da contratação de funcionários temporários para a data, em comparação ao ano passado.

Entre lojistas, expectativa é que demanda comece a aquecer a partir da primeira quinzena de novembro. Algumas lojas, no entanto, já identificaram aumento da procura por itens de decoração, a dois meses para a data. Foto: Fernando Priamo

Em dezembro de 2020, o comércio da cidade sofria com os reflexos do fechamento compulsório de grande parte das lojas por cerca de quatro meses. A falta das vendas atingiu boa parte dos comerciantes e gerou impacto na oferta de empregos. Com um cenário já desfavorável, o Natal do ano passado praticamente não permitiu a abertura de vagas, diferente da data em 2019, que foi responsável por cerca de 1.200 contratações temporárias em Juiz de Fora, de acordo com a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL).

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Com as mudanças no cenário municipal este ano, a expectativa do presidente da CDL, Marcos Casarin, é de que o setor contrate mais do que no ano passado. No entanto, ele afirma que não é possível estimar se será possível alcançar o mesmo patamar de 2019, anterior à pandemia. “A gente percebe que, gradativamente, os comércios estão aumentando a procura por funcionários para repor o quadro e tentar chegar ao que tinham antes da pandemia. No ano passado, a luta foi conseguir manter. Este ano, nós estamos na expectativa de que haja contratação, apesar de alguns empresários ainda estarem inseguros.”

Casarin ainda explica que, pelo fato de o setor ainda estar se recuperando, é possível que o perfil dessa contratação seja diferente. “Antes, as admissões começavam já em outubro. Agora as pessoas esperam para contratar mais próximo do Natal.”

Quase 80% das vagas serão para vendedores

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG) realizou uma pesquisa sobre a contratação de temporários em 2021. De acordo com a entidade, 12,7% das empresas do comércio varejista planejam aumentar o quadro para o fim de ano. Os segmentos de tecido, vestuário e calçados (29,7%) e supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (10,6%) são os com maior perspectiva de abertura de vagas. A sondagem também aponta que 79,6% das oportunidades serão destinadas a vendedores, 12,2% para operadores de caixa e 12,2% para estoquistas. Além disso, 59,1% das empresas possuem uma perspectiva alta e muito alta de efetivação de funcionários.

Nacionalmente, também é esperado aumento nas vendas no Natal, o que vai impactar no número de contratações para o período. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) prevê aumento de 3,8% nas vendas natalinas, em comparação com o ano passado, e espera que a contratação de temporários para a data seja a maior em oito anos. A estimativa é que haja, em todo o Brasil, a admissão de 94,2 mil trabalhadores para atender ao aumento sazonal das vendas neste fim de ano. A avaliação da CNC é que Minas Gerais responda por 10,67 mil vagas.

Em Juiz de Fora, apesar da expectativa de melhora, o presidente do Sindicato do Comércio (Sindicomércio), Emerson Beloti, afirma esperar uma performance menor. “Eu vejo que Juiz de Fora pode acompanhar sim esse cenário positivo da CNC, mas a gente tem uma política mais conservadora. Vários segmentos ainda não se levantaram direito. O setor do vestuário, por exemplo, sofreu muito durante a pandemia. E nós estamos cercados por lojas de vestuário. Alguns outros setores já estão mais consolidados, mas não são todos. Ainda assim, acredito que nós vamos ter um grande número de temporários.”

Movimento começa a aquecer

No setor do vestuário, apesar do impacto ao longo da pandemia, o movimento já tem começado a dar sinais de aquecimento. Na loja C&A, no Independência Shopping, a contratação temporária vai ser maior do que a de 2019. A loja também espera dobrar as vendas ante o ano anterior à pandemia. “Em 2019, tivemos um incremento no nosso quadro de funcionários de 20% para o fim de ano. No ano passado, não chegamos nem a 15%. Esse ano, a perspectiva é de 25% de incremento. Em relação às vendas, em 2019 a gente cresceu cerca de 4%. Esse ano, a gente espera, no mínimo, atingir a mesma marca, com a expectativa de chegar a 10%”, diz a gerente Maria Lúcia da Silva.

Diferente do ano passado, quando a pandemia estava em um dos seus piores momentos , 2021 trouxe, junto com a vacinação, uma melhora no cenário epidemiológico, permitindo que o comércio pudesse experimentar uma maior e mais duradoura flexibilização. Foto: Fernando Priamo

O movimento no setor, afirma a gerente, foi diretamente impactado pela flexibilização de regras sanitárias, que, antes, proibiam o uso do provador de roupa dentro das lojas, por exemplo. “Até uma semana e meia atrás ,a gente estava com provador fechado. Depois que foi aberto, tivemos um aumento de público, tanto no fluxo quanto nas vendas. Já deu para sentir essa melhora. A perspectiva é essa, que venha mais gente ainda para o fim de ano.”

Novembro deve ser um termômetro

Em outra loja no Shopping Jardim Norte, a procura por enfeites de Natal já começou a acontecer aos poucos. A gerente da Caçula, Patrícia Santiago, espera que as vendas aumentem mais na primeira quinzena de novembro. “O comércio já está tendo uma melhora. Neste Dia das Crianças, a gente percebeu o movimento bem maior, já que tínhamos menos restrições. De modo geral, estamos com bastante expectativa de crescimento.”

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Por esperar um aumento nas vendas no final do ano, a loja também vai contratar funcionários temporários para atender a demanda. “Sempre tivemos contratação temporária, todos os anos. Nesse, vamos ter, proporcionalmente, mais contratações do que nos outros, porque, a partir do momento que as vendas vão aumentando, o quadro também aumenta. Acreditamos que esse Natal vai superar o do ano passado.”

Segundo a gerente de Marketing do Shopping Jardim Norte, Karinny Greggio, as lojas já estão preparadas para a procura de presentes, mas as vendas devem alavancar no próximo mês. “As lojas que vendem itens do segmento de decoração já estão começando a montar as vitrines, preparando os estoques e os pedidos. Começa com uma compra mais lenta nesse momento, mais voltada para a decoração. A parte dos presentes acreditamos que vai ser alavancada no meio de novembro com o pagamento da primeira parcela do 13º e também por causa da Black Friday.”

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