Demandas represadas no INSS causam transtornos a usuários em JF

Servidores entraram em greve uma semana após o agendamento para atendimento presencial ser retomado; usuários dizem que serviço já estava prejudicado


Por Gabriel Bhering, estagiário sob supervisão da editora Rafaela Carvalho

24/03/2022 às 07h33

A greve dos servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) começa uma semana depois de o agendamento para o atendimento presencial ter sido retomado para todos os serviços. Até sexta-feira (11), a marcação era feita apenas para algumas demandas, como perícia, avaliação social, reabilitação profissional e justificação administrativa. Segundo a Associação dos Aposentados, Pensionistas e Idosos de Juiz de Fora, muitos usuários ficaram sem conseguir resolver seus problemas durante a pandemia. “Observamos um represamento de demandas em Juiz de Fora (…), mesmo havendo a plataforma on-line, pois nem todos conseguem utilizar o digital.” Caso a greve permaneça, a situação tende a se prolongar.

A Tribuna esteve na porta das agências do INSS ainda na semana retrasada e constatou o problema. “Vim aqui somente para trocar o número do meu banco (para receber o benefício), e o guarda não deixou eu entrar”, lamentou a aposentada Lúcia Helena da Silva, 69 anos, enquanto esperava na fila, na última sexta-feira (11). “Eu sou diabética, hipertensa, deficiente e estou com câncer. Acho um absurdo, pois vou ter que enfrentar toda a fila. Já vim aqui três vezes, e sempre é assim. É uma falta de respeito com o ser humano, porque se eu aguentasse ficar em pé eu não reclamaria.”

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Lúcia Helena da Silva, 69 anos, conta que já foi três vezes à agência e não conseguiu resolver sua situação (Foto: Gabriel Bhering)

À epoca, não havia ninguém do INSS para orientar os usuários na fila. “Eu já cheguei a discutir até com o segurança, pois o idoso não tem que ficar em fila não. Eles falaram que aqui não tem preferência, apenas a perícia marcada. Semana passada, uma senhora quase desmaiou, e eles não estão nem aí. Eu que estou aqui há três anos, vejo o descaso que eles têm com as pessoas”, relatou a panfletista Rosana Rezende, 49, que trabalha no local.

Daniela Gomes da Conceição Ramos, 40, cuidadora do pai, Nelson Conceição, 75, que é cadeirante, recorreu ao INSS também semana passada. “Eu cheguei aqui às 11h e fiquei quatro horas na fila, mas tive que ir para o HPS porque ele estava passando mal. Se você tem algum parente com problemas não dá para vir, pois você fica horas e horas na fila.”

Assim que descobriu que está em uma gravidez de alto risco, Viviani Calixto, 36, entrou em um pedido de perícia em 21 de dezembro. “Ontem, eles mandaram uma carta para o meu trabalho falando que o meu pedido tinha sido negado por falta de documentação, sendo que todos os dias eu ligava para o 1235. Estou há mais de dois meses sem receber e preciso comprar meus remédios. Na carta, eles falaram que não precisava agendar, era só comparecer direto, mas vou ter que enfrentar a fila”, reclamou.

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