Greve de caminhoneiros põe em risco o abastecimento em JF
Etanol já não é encontrado em alguns postos, supermercados temem falta de hortifrúti. Correios suspendem serviços.
Os primeiros reflexos do protesto dos caminhoneiros que teve início no domingo já começam a aparecer no mercado juiz-forano. O etanol, por exemplo, não é encontrado em alguns dos postos da cidade. Além disso, a oferta de produtos em que a capacidade de estoque é reduzida, como hortifrutigranjeiros, começa a ficar comprometida. O movimento, porém, segue por tempo indeterminado e outros setores podem ser impactados. Levantamento feito pela Tribuna revela que o preço médio do litro da gasolina subiu 22,4% em Juiz de Fora de um ano para o outro. No caso do óleo diesel, cujas altas sucessivas são a principal bandeira do protesto dos motoristas, a elevação chega a 23,5% no mercado local. Só nos últimos 17 dias, o consumidor amarga onze aumentos. O anúncio de ligeira queda nas refinarias, de 1,54% no diesel e de 2,08% na gasolina, para esta quarta-feira, não irá provocar o alívio esperado.
Apesar de alguns consumidores já terem identificado redução na oferta de hortaliças, legumes e frutas em estabelecimentos da cidade, a Ceasa Minas Gerais, por meio de sua assessoria, informa que “terça-feira não é um dia de mercado forte na Ceasa Minas Juiz de Fora. Por isso, não houve impacto”. A informação é que o próximo dia de maior procura na unidade local será quinta-feira. Também procurada, a Associação Mineira de Supermercados (Amis), por meio de sua assessoria, informa que a maioria dos supermercados mineiros ainda não teve os estoques comprometidos, embora existam queixas relacionadas ao abastecimento de hortifrúti. A Amis sinaliza preocupação caso a paralisação se mantenha por muito mais tempo, já que há produtos que não podem ser estocados por longos períodos.
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O Grupo Bahamas afixou, nesta terça-feira (22), na porta das lojas, um comunicado sobre o risco de a greve dos caminhoneiros prejudicar o abastecimento de alguns produtos ou setores. O aviso, afirma o gerente de Marketing, Nelson Júnior, é uma precaução, com o objetivo de garantir transparência na relação com o consumidor. Segundo ele, ainda não houve falta de produtos. Uma preocupação, porém, é em relação aos hortifrútis, cuja oferta ficou reduzida. “Estamos monitorando a situação.” Além disso, diz Nélson Júnior, a rede também adotou a postura de manter os caminhões nas garagens, além de promover produtos disponíveis na loja, para evitar transtornos. “Não tivemos nenhuma reclamação de que esteja faltando produtos na loja.”
A partir do 3º dia, podem faltar produtos na prateleira
Para o gerente administrativo do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Juiz de Fora, Oswaldo José da Silva Filho, se o movimento se estender por mais de 72 horas, pode começar a faltar produto nas prateleiras. Segundo ele, a escassez de itens de maior “saída”, como combustíveis, pode começar a ser sentida de forma mais evidente a partir desta quarta, já que houve intensificação da paralisação no dia anterior. Segundo Oswaldo, as empresas apóiam o protesto, já que os reajustes sucessivos no valor dos combustíveis têm prejudicado o setor. Pelas contas do gerente administrativo, o combustível responde hoje por cerca de 55% do valor do frete.
Conforme o sindicato, a percepção da falta de etanol ante à gasolina deve-se ao fato de o abastecimento do álcool ter origem, prioritariamente, em São Paulo e Espírito Santo, cujos acessos estão bloqueados. Já a gasolina que abastece o mercado local costuma vir de Rio de Janeiro e Betim. Nesses casos, além de a distância ser menor, alguns caminhões conseguiram concluir o trajeto em horários em que o movimento, nesses trechos, arrefeceu. Uma preocupação, diz, é com a carga de perecíveis, como os hortifrútis, que podem estragar na estrada caso o movimento persista. Segundo ele, a orientação do sindicato aos empresários é zelar pelo funcionário, pela carga e pelo veículo. “A orientação é que, se houver barreira, o motorista deve parar e não resistir, para evitar problemas.”
Correios
Por meio de nota, os Correios afirmaram que “estão sendo seriamente atingidos” pelo movimento, que gera “forte impacto” às operações da empresa em todo o país. Por este motivo, a estatal decidiu suspender temporariamente as postagens das encomendas com dia e hora marcados (Sedex 10, 12 e Hoje). Também foi anunciado o acréscimo de dias no prazo de entrega dos serviços Sedex e PAC, bem como das correspondências, enquanto perdurarem os efeitos desta greve. “Os Correios estão acompanhando os índices operacionais de qualidade de toda essa cadeia logística e, tão logo a situação do tráfego nas rodovias retorne à normalidade, a empresa reforçará os processos operacionais para minimizar os impactos à população.”
Gasolina sobe 22,4% em JF
Em Juiz de Fora, o preço médio da gasolina é R$ 4,494, mas pode chegar a R$ 4,799 de acordo com o posto preferido pelo consumidor. A pesquisa mais recente divulgada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) refere-se ao sábado passado (19). Em maio do ano passado, o valor médio praticado nas bombas era de R$ 3,670. O aumento, de um ano para o outro, chegou a 22,4%. No ano, o preço do combustível atingiu o maior patamar este mês. Em janeiro, o litro era comercializado a R$ 4,37; em fevereiro, R$ 4,43; em março, R$ 4,33; e em abril R$ 4,45, em média.
No caso do óleo diesel, o valor médio praticado na cidade é de R$ 3,73, atingindo a máxima de R$ 3,79 conforme a ANP. Em maio de 2017, o valor médio era de R$ 3,026, alta de 23,5%. Na análise dos valores médios praticados no ano pode-se perceber a tendência de alta no mercado local: janeiro, de R$ 3,44; fevereiro, R$ 3,45; março, R$ 3,41; e abril, R$ 3,49 o litro. Já no caso do etanol, o valor médio é de R$ 2,91, podendo chegar a R$ 3,59, de acordo com o posto escolhido. Em maio do ano passado, a média era de R$ 2,673, alta de 9% no período. Desde o início do ano, os preços apresentaram a seguinte evolução na cidade: janeiro, R$ 3,07; fevereiro, R$ 3,13; março, R$ 3,11; e abril, R$ 3,12.
“Corrida aos postos”
Procurado, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro), entidade que representa os cerca de quatro mil postos de combustíveis do estado, manteve o posicionamento do dia anterior, que não tem informações de desabastecimento nos postos revendedores de combustíveis que operam no estado. “Caso o cenário de greve persista, há sim o risco de desabastecimento, uma vez que os postos que ainda possuem estoque poderão não ter a efetiva renovação dos produtos armazenados.” O Minaspetro reitera o pedido para que os consumidores não promovam a chamada “corrida aos postos”, o que, consequentemente, aceleraria o processo de desabastecimento dos estabelecimentos.
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Na quinta-feira, será promovido o Dia da Liberdade de Impostos. Em Juiz de Fora, haverá o abastecimento simbólico – e com preços sem incidência de impostos – de 40 carros e 25 motos, a partir das 8h, no Posto Padre Café. O valor praticado para a gasolina será de R$ 2,355 o litro.