Rede de óticas de JF é suspeita de sonegar mais de R$ 1 milhão
Foram realizados mandados de busca e apreensão em lojas, salas comerciais e sítio em Matias Barbosa; fundador do grupo nega acusações
Atualizada às 19h14
A Óticas Kika, empresa do grupo juiz-forano Kika Colorida, é alvo de investigações da Operação Armação, deflagrada nesta terça-feira (21) pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) em conjunto com a Receita Estadual e a Polícia Civil. De acordo com o MPMG, a denúncia é de que a rede estaria vendendo óculos sem nota fiscal. O produtos seriam adquiridos no Estado do Rio de Janeiro e armazenados em um sítio em Matias Barbosa, a cerca de 20 quilômetros de Juiz de Fora. Segundo a Secretaria Estadual de Fazenda (SEF), nos anos de 2015 e 2016, as vendas teriam resultado em uma sonegação superior a R$ 1 milhão. Os envolvidos também estão sendo investigados por organização criminosa. Em entrevista à Tribuna, o fundador do grupo, Alípio Padilha, negou as acusações e garantiu que, ao final da operação, os órgãos envolvidos “não encontrarão nenhuma única peça sem nota” e que as investigações seriam fruto de “uma denúncia descabida.”
Na manhã desta terça, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão em três lojas da rede e uma sala comercial, localizadas no Centro, em uma sala comercial no Bairro Cascatinha e num sítio em Matias Barbosa para a contagem física de produtos e verificação de origem. Também foi feita cópia de arquivos digitais com dados da empresa. A operação contou com a participação de três promotores de Justiça, três delegados, 18 agentes da Polícia Civil e 45 auditores fiscais. O balanço das investigações ainda será divulgado pelo MPMG.
“Trata-se de uma investigação que já estava em curso pelo Ministério Público, que apontou a necessidade de apuração com relação à sonegação fiscal e falsidade documental, por isso, a Receita Estadual foi acionada para participar desta força-tarefa”, explicou o Superintendente Regional da Fazenda, Carlos Damasceno. “Se confirmarmos a sonegação, iremos exigir o pagamento do ICMS e das multas pela falta de emissão do documento e recolhimento do tributo.” Com relação à denúncia de organização criminosa, Damasceno explicou que o Ministério Público e a Polícia Civil ficarão encarregados desta investigação. “Nós ficamos à frente da apuração sobre irregularidades tributárias e daremos o subsídio necessário caso o Ministério precise.”
Nossa maior preocupação é com a imagem junto aos consumidores, por isso, estou informando pessoalmente à sociedade os fatos como são
Alípio Padilha, fundador da Kika Colorida
À Tribuna, o fundador da Kika Colorida, Alípio Padilha, negou a informação de que a Óticas Kika comercialize produtos sem nota fiscal. Ele afirmou que “a empresa é nascida em Juiz de Fora e atua há 36 anos, realizando um trabalho sério, correto e honesto, dando emprego para muitas famílias”. O empresário garantiu que não vende produtos sem nota fiscal. “Nossos fornecedores são duas multinacionais gigantes, a Luxottica e a Safilo, que nunca trabalhariam sem nota. Nossa maior preocupação é com a imagem junto aos consumidores, por isso, estou informando pessoalmente a sociedade os fatos como são. A Polícia Civil esteve no sítio da família, em Matias Barbosa, e não encontrou nada.”
O empresário lamentou que as investigações tenham ganhado publicidade antes mesmo de serem informadas à família proprietária da empresa. Ele também questionou o fato de as investigações não chegarem a outras lojas da cidade. “Sabemos que há estabelecimentos no Centro que claramente vendem óculos falsificados, mas eles apontaram a gente. Nós somos uma empresa de uma família de trabalhadores. Nossos funcionários sabem que no dia a dia não chega uma caixa de produtos sem documento. Toda esta situação é fruto de uma denúncia que induziu o Fisco ao erro, mas estamos colaborando com as investigações para tão logo seja comprovada a verdade.”