Cesama troca mais de 20 mil hidrômetros só este ano

Audiência pública vai discutir aumento nas contas de água após substituição de equipamento


Por Fabíola Costa

21/06/2017 às 09h36- Atualizada 21/06/2017 às 09h42

Para Marcelo Mello, diretor da Cesama, é preciso analisar caso a caso (Foto: Roberto Fulgêncio/Arquivo TM)

O aumento nas contas de água após a substituição dos hidrômetros será tema de audiência pública realizada nesta quarta-feira (21) em Juiz de Fora. O requerimento foi feito pelo vereador Luiz Otávio Fernandes Coelho (Pardal – PTC), e os representantes da Cesama foram convidados. Há pouco mais de três meses, a Tribuna noticiou, pela primeira vez, que dezenas de juiz-foranos identificaram aumento elevado nas contas de água após a troca do equipamento pela companhia. A reunião acontece a partir das 15h, na Câmara Municipal. Embora a substituição dos hidrômetros seja rotineira, uma particularidade é que, com a revisão tarifária realizada em 2016, a Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário de Minas Gerais (Arsae-MG) teria estimulado a redução da idade média dos equipamentos, em busca de ganhos de eficiência, resultando em um “programa de troca mais intenso”. De acordo com dados da própria Cesama, o número de substituições aumentou quase vinte vezes em 2017. De janeiro a 30 de junho de 2016 foram 1.196 equipamentos substituídos. Este ano, até o dia 19 de junho, o número chega a 22.830.

Segundo a companhia, o programa é contínuo, mas, este ano, apresenta intensificação dos trabalhos mediante a necessidade de maior de troca. Há cerca de 143 mil ligações na cidade. Ainda segundo a Cesama, em 2016, 4.141 consumidores procuraram a Cesama em função da conta alterada. Em 2017, o universo chega a 7.166. Os números referem-se ao acumulado de cada ano até 19 de junho. Apesar da alta de 73% na demanda, a companhia avalia que, enquanto a troca de hidrômetros cresceu quase 20 vezes, a demanda por serviços decorrentes de conta alterada nem dobrou no mesmo período. Entre eles, estão pedidos por aferição do hidrômetro, lançamento de média devido a pico de consumo e verificação de consumo.

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Segundo o vereador, são muitas as queixas. “Várias pessoas nos procuraram relatando que, em função da substituição desses aparelhos, mais que dobrou o valor das contas em relação ao mês anterior.” Para Pardal, com a audiência pública, os técnicos da companhia poderão esclarecer o que, de fato, está acontecendo. Na sua opinião, a reação da população à convocação da audiência, pelas redes sociais, também sinaliza a abrangência do problema. “Há pessoas muito prejudicadas.” Entre os casos relatados pela Tribuna está a de uma consumidora cuja fatura subiu de R$ 71,60 em fevereiro para R$ 701,98 em março, quase dez vezes a mais. Segundo a moradora do Bairro Ipiranga, houve troca recente do hidrômetro, não acompanhada por alteração nos hábitos de consumo que justificasse o aumento.

A Cesama, por meio de sua assessoria, mantém o posicionamento de que a substituição é motivada pelo fato de o desgaste do equipamento promover leitura a menor. Com o novo equipamento, seria possível mensurar o consumo de forma mais precisa, além de assegurar maior sensibilidade na identificação de “vazamentos invisíveis”, o que impactaria o custo final. Segundo o diretor de Desenvolvimento e Expansão, Marcelo Mello do Amaral, é preciso analisar caso a caso, mas aumentos muito elevados indicam algum “fato diferente” além da troca do hidrômetro, como possibilidade de consumo “exagerado” ou existência de vazamentos. Conforme Marcelo, o programa de troca de hidrômetros é contínuo, realizado anualmente, com o objetivo de manter o parque com idade inferior a cinco anos.

 

Teste é custeado pelo consumidor

A companhia não considera a possibilidade de, até o momento da instalação, existir problemas nos novos hidrômetros, já que foram aferidos pela companhia. Na prática, alega, não haveria problema no lote de equipamentos que passaram por testes. A Cesama esclarece, no entanto, que o consumidor pode reivindicar – e até acompanhar – a aferição do equipamento, realizada por uma banca regulamentada pelo Inmetro. Há custo a ser pago pelo consumidor, caso não sejam identificados problemas.

“Os resultados demonstram que 100% dos hidrômetros trocados não têm problemas de aferição.” Ao contrário, garante, os aparelhos antigos, na maioria das vezes, apresentam submedição. O diretor reforça que a companhia está aberta a receber qualquer tipo de reclamação, havendo, inclusive, previsão de abatimento na conta em caso de elevação de gastos motivada por vazamentos (até então) ocultos ao consumidor.

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