Frio e estiagem impactam preço de hortifrúti

Abobrinha, chuchu e pimentão são alguns dos produtos que ficaram mais caros


Por Nayara Zanetti, estagiária sob supervisão de Fabíola Costa

20/09/2022 às 08h07- Atualizada 20/09/2022 às 08h09

As baixas temperaturas das últimas semanas impactaram na produção agrícola de alguns empreendedores rurais da região da Zona da Mata, resultando no encarecimento e na redução da oferta de verduras, legumes e frutas. A menor temperatura registrada em agosto foi de 8,8 graus, no dia 30. Além disso, Juiz de Fora ficou sem chuva por mais de 30 dias. O município só foi registrar precipitação no dia 12 de setembro, o que compromete o cultivo de alimentos que precisam de muita água para se desenvolver, como é o caso do chuchu. Apenas no último mês, a unidade da Ceasa Minas em Juiz de Fora apontou uma variação de 18% no preço deste produto.

O alimento que mais encareceu, de acordo com os dados da Ceasa Minas em Juiz de Fora, foi a abobrinha, com variação no preço de 27,21%. No mês de julho, o quilo custava R$ 1,36 e encerrou o mês de agosto valendo R$ 1,73. O pimentão também aumentou de preço, foi de R$ 3,81 para R$ 4,69, subindo cerca de 23%. Em relação às frutas, o limão tahiti, a uva e o abacate aumentaram, respectivamente, 22,55%, 17,71% e 17,45%.

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Produtos mais caros têm dificultado a vida dos comerciantes na hora de vender (Foto: Felipe Couri)

O gerente da unidade da Ceasa em Juiz de Fora, Renato de Melo Pereira, afirmou que muitos produtores agrícolas que enviam suas mercadorias à Ceasa não estão conseguindo vender toda sua colheita, ao passo que os varejistas apontam a dificuldade de vender verduras nas bancas do mercado. “Nós tivemos uma queda expressiva de 30% a 35%. Algumas mercadorias são bastante sensíveis ao frio, como berinjela, abobrinha, pimentão, uva, entre outros. Com a temperatura voltando à normalidade nos próximos dias, teremos preços mais acessíveis”, analisa Pereira.

Todas essas mudanças de preço foram sentidas pelo proprietário do Box São Francisco, no Mercado Municipal, Carlyle Lopes. Na dinâmica entre produzir alguns produtos que vende e comprar outros de produtores rurais da região, Carlyle notou que determinados alimentos ficaram mais difíceis de encontrar. Para não pesar no bolso do consumidor e não prejudicar as vendas, a estratégia encontrada pelo comerciante foi distribuir os custos em alimentos que estão mais baratos. “A cenoura que podíamos vender mais barato, por exemplo, aumentamos um pouco para diminuir o preço do chuchu, que está bem alto.”

Os alimentos que mais foram afetados, segundo Carlyle, foram o pimentão vermelho e amarelo – a caixa que era vendida em média a R$ 40 passou para R$ 90 -, além da abobrinha, vagem, quiabo, pepino e chuchu. “O preço do quiabo disparou, não era para estar tão caro assim nesta época do ano, mas por conta da ausência de chuva o preço subiu muito. Uma caixa de quiabo, com 10 quilos, 15 dias atrás estava custando R$ 50, hoje já está saindo a R$ 140.” Para se ter uma ideia, Carlyle explicou que o produtor que revende quiabo para o Box São Francisco colhe uma média de 80 a 100 caixas por semana, mas nos últimos dias ele conseguiu entregar apenas 20 caixas.

Tempo seco torna alguns produtos mais escassos

A presidente da Cooperativa de Economia da Agricultura Familiar da Microrregião de Juiz de Fora, Renata Montenegro, que também é produtora rural no município de Coronel Pacheco, relata a dificuldade de cultivar os alimentos nesse tempo frio e seco. “Nós não temos mais produção de tanto frio, a minha produção de banana está seca.”

Já o presidente do Sindicato Rural de Juiz de Fora, Domingos Frederico Netto, reforça que o período de queda das temperaturas também afeta a produção de verduras de folhas, como alface, couve e almeirão, que começam a queimar e ficam menos atrativas, o que dificulta a comercialização desses alimentos. Domingos explica que a ausência de chuva nas semanas anteriores dificultou uma boa colheita para os produtores rurais. “Mesmo com a friagem, se o sol bater nas verduras, queima. Por isso, o produtor tem mais despesa, já que ele precisa irrigar bem cedo a plantação, antes que o sol nasça.”

Por outro lado, alimentos que não são afetados pelas baixas temperaturas chegaram a reduzir seu preço entre julho e agosto, como é o caso do tomate, que teve queda de 32,65% no preço na Ceasa de Juiz de Fora. A batata, couve-flor e o repolho também estão mais em conta após a redução de aproximadamente 17%. Nesse sentido, as frutas que estão mais baratas são morango, mamão, abacaxi, e maçã.

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