Importações crescem 77% no semestre em Juiz de Fora

Cidade fechou o semestre com déficit de US$ 322,6 milhões, resultado da prevalência das importações sobre as exportações


Por Fabíola Costa

20/07/2018 às 07h00- Atualizada 20/07/2018 às 07h24

As importações e exportações em Juiz de Fora são feitas por meio do porto seco, na Zona Norte da cidade (Foto: Fernando Priamo)

Mantendo o seu perfil, Juiz de Fora fechou o semestre com balança comercial deficitária em US$ 322,6 milhões, resultado da prevalência das importações (US$ 378,8 milhões) sobre as exportações (US$ 56,2 milhões). Em relação ao mesmo período do ano passado, há crescimento de 76,78% nas importações e de 0,83% nas exportações. Sobre o saldo propriamente dito, o déficit representa mais do que o dobro do verificado na primeira metade de 2017 (-US$ 158,52 milhões). Os números são o recorte local de dados divulgados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic).

Os principais produtos exportados, a partir de Juiz de Fora, foram fio-máquina de ferro ou aço, instrumentos e aparelhos para a área médica e zinco em forma bruta. Os principais destinos são Chile (20,15%), Equador (14,87%), Colômbia (12,34%), Argentina (11,68%) e Peru (10,57%). No mesmo período do ano passado, a África do Sul era o principal destino, que sequer apareceu na movimentação deste semestre. Em segundo lugar estava a Argentina (26,95%) e, em terceiro, o Equador (8,91%).

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Já as principais importações são as de automóveis para transporte de mercadorias, minérios de zinco e concentrados e automóveis para transporte de dez pessoas ou mais, além de partes e acessórios automotivos. As cinco principais origens são Argentina (30%), Peru (25,24%), México (16,62%), Alemanha (15,31%) e Estados Unidos (5,70%). Em relação ao período do ano anterior, o bloco formado pelos cinco principais países destino segue inalterado, apenas com a troca na terceira posição, do México pela Alemanha.

O economista Antônio Flávio Luca do Nascimento comenta que a variabilidade da moeda norte-americana favorável em relação ao real estimulou a maior participação no comércio internacional. A desvalorização do real frente ao dólar atingiu 18,9% no primeiro semestre. O dólar iniciou o ano cotado a R$ 3,26 e encerrou o dia 29 de junho a R$ 3,87 em valores para venda. No início do semestre, quando o dólar estava em patamares mais baixos, houve estímulo para importações, tanto pela indústria quanto pelos demais setores econômicos, beneficiando toda a cadeia e refletindo nos números da balança. Nesta quinta-feira (19), a moeda norte-americana fechou o dia cotada abaixo de R$ 3,84.

Sobre as exportações, Antônio Flávio destaca a falta de cultura exportadora no país, verificada também em Juiz de Fora. O crescimento de 0,83% é atribuído à participação de três multinacionais com presença na cidade que atuam ativamente no mercado externo. Na avaliação do economista, a política de juros altos adotada pelos Estados Unidos atrapalha os negócios externos, assim como o fato de o período de recessão não ter sido vencido, por completo, pelos setores produtivos. Na sua opinião, quando houver ganho em produtividade, sempre aliada à qualidade, será possível aumentar a participação de Juiz de Fora nas exportações. Os impactos da greve dos caminhoneiros, comenta, também são percebidos na balança comercial.

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Impactos da greve dos caminhoneiros são sentidos ‘no tempo’

Conforme o Mdic, a greve dos caminhoneiros, que começou em 21 de maio e se estendeu por 11 dias, impactou as exportações no país. A média diária de produtos vendidos ao exterior, que nas três primeiras semanas superou a marca de US$ 1 bilhão, caiu para US$ 642 milhões na última semana daquele mês. Pelos cálculos do Mdic, a redução no ritmo das exportações foi, em média, de 36% no período.

“Houve uma queda generalizada entre os setores, com diferentes efeitos dependendo do modal utilizado para o produto”, explicou o diretor de Estatísticas e Apoio às Exportações da Secretaria de Comércio Exterior, Herlon Brandão, à Agência Brasil. No caso dos bens manufaturados, como aviões e automóveis, a queda nas exportações foi de 46%, seguida pela venda de bens semimanufaturados, como celulose, ferro e aço, em que o recuo foi de 37%. A redução entre os itens básicos, como soja, minério de ferro e petróleo cru, foi menor, de 31%. “Produtos como petróleo, embarcado diretamente no mar, e minério de ferro, que usa o modal ferroviário, foram menos afetados. Boa parte do escoamento da soja foi garantido por estoques existentes nos portos.” Na avaliação de Brandão, os efeitos percebidos durante a paralisação ainda “poderão ser sentidos no tempo”, já que muitas empresas interromperam a produção no período.

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No primeiro semestre, a balança comercial brasileira apresentou superávit de US$ 30 bilhões, resultado da diferença entre US$ 113,8 bilhões em exportações e US$ 83,7 bilhões em importações. O resultado é US$ 6,155 bilhões menor do que o apurado nos seis primeiros meses de 2017, quando o saldo foi positivo em US$ 36,2 bilhões. Para o fechamento do ano, a previsão do Governo federal é de saldo na ordem de R$ 50 bilhões.

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