Tecnologia e finanças em alta


Por GRACIELLE NOCELLI Repórter

18/01/2015 às 07h00

Cristiane de Ávila, Associação Brasileira de Recursos Humanos

Cristiane de Ávila, Associação Brasileira de Recursos Humanos

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Henrique Baião consultoria Michael Page

Henrique Baião consultoria Michael Page

Fernanda Viglioni analista de recursos humanos

Fernanda Viglioni analista de recursos humanos

Mesmo com a expectativa de que o Brasil terá um “ano difícil” e com “pequeno crescimento econômico”, especialistas garantem que as empresas irão contratar em 2015. No entanto, as incertezas do cenário concentram as oportunidades em determinadas áreas e o recrutamento se volta para perfis específicos de profissionais. Finanças, engenharia, tecnologia, recursos humanos e vendas são alguns dos setores que terão maior demanda. As profissões ligadas a essas áreas estarão em alta, e os salários, que inicialmente podem chegar até R$ 7 mil, tendem a aumentar conforme a lei da oferta e procura(ver quadro).

Na análise da Associação Brasileira de Recursos Humanos em Minas Gerais (ABRH-MG), a expectativa é de uma postura mais cautelosa na gestão das empresas este ano e, por isso, os empregadores devem manter o foco nas análises de investimentos e controles de gastos. Ao contrário do que se poderia imaginar, isso não significa redução do quadro de colaboradores ou congelamento das contratações, mas sim a abertura de oportunidades para profissionais de áreas diretamente envolvidas com estas atividades. “A necessidade de adoção de uma comunicação interna ainda mais transparente e direta em relação ao status do negócio, visando manter os colaboradores alinhados com as estratégias propostas, aquecerá também as áreas de comunicação, marketing e recursos humanos”, diz a presidente da associação, Cristiane de Ávila.

O gerente executivo da consultoria Michael Page, especializada em recrutamento, Henrique Baião, concorda. Para ele, o momento econômico propicia o aumento das contratações de profissionais das áreas citadas. “No nosso entendimento, estas funções são essenciais para gerar ganho de produtividade e melhora do resultado das empresas, de forma que elas se sintam preparadas para o cenário de incertezas que assola o país.”

Segundo pesquisa realizada pela consultoria, o mercado de trabalho nacional abrirá espaço para profissionais da área contábil, administradores e economistas que possam atuar na função de “controller”, responsável pela gestão de contabilidade, planejamento e controle. Os engenheiros também serão demandados para diferentes setores, desde o trabalho nas áreas petrolíferas à supervisão de produção em fábricas, passando pela gerência de galpões industriais e pelos centros de distribuição e logística. No setor de vendas, as vagas serão para gerente de negócios e gerente de planejamentos.

Outro estudo, realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) a pedido do Sistema da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), identificou aumento do recrutamento de profissionais das áreas de tecnologia. Como o país ainda possui oferta reduzida de trabalhadores habilitados para o setor, a expectativa é que o ritmo de contratações na área continue acelerado pelos próximos cinco anos. A mesma projeção é feita para engenheiros do petróleo e engenheiros ambientais e sanitários.

Em Juiz de Fora, a analista de recursos humanos do Grupo Let, Fernanda Viglioni, confirma situação semelhante. “Podemos perceber o reflexo do atual cenário nacional. As empresas estão no período de adaptação a esta transição do governo e, assim como as demais do país, aguardam maior estabilidade da economia. No ano de 2014 vimos uma crescente demanda na área logística na cidade, porém, para este ano ainda não foi possível identificar uma tendência.”

Tendência

Ainda pouco conhecidas no Brasil, algumas profissões são apontadas como tendência para os próximos anos. Este é o caso do arquiteto corporativo, profissional formado em tecnologia, que irá atuar na padronização do ambiente empresarial para otimizar métodos e estruturas permitindo controle maior de custos. Outro profissional, ainda pouco conhecido no país, mas que tende a ser demandado futuramente será o cientista de dados. A formação exigida é em matemática, estatística ou engenharia da computação para desenvolvimento e alinhamento de algoritmos matemáticos para melhor desempenho da empresa.

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Contratações já começaram

Segundo informações da consultoria Michael Page, as contratações já foram iniciadas e abrangem todas as regiões do país. “As empresas precisam se preparar o quanto antes para este momento. É preciso que o profissional se enquadre nas políticas da companhia e se adapte o mais rápido possível”, diz Henrique Baião. “A nossa perspectiva é que as oportunidades serão para o território nacional, tendo maior concentração nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, respectivamente.”

De acordo com a ABRH-MG, não há levantamentos sobre o valor que as profissões apontadas como mais promissoras neste ano recebem no estado. “A remuneração de cada área, das profissões e funções variam de região para região”, explica Cristiane de Ávila. Baião afirma que quanto mais específica a função, maior será a remuneração. “Os salários tendem a crescer, conforme a velha lei da oferta e procura. Cargos executivos e de gerência podem ter vencimentos iniciais acima de R$ 10 mil.”

Qualificação

A maior parte das profissões que serão mais demandadas este ano exige nível superior. De acordo com Henrique Baião, as grandes empresas valorizam a qualificação dos candidatos. “Além da formação em determinada área, o candidato que possui especialização sai na frente na hora da seleção.” Ele comenta que, além de conhecimento técnico, é preciso outras competências. “Ao assumir funções gerenciais e executivas, o profissional terá que liderar uma equipe em busca de um objetivo comum. Por isso, capacidades de liderança e motivação são essenciais. Por conta do cenário econômico extremamente desafiador, as empresas buscarão aquele colaborador capaz de trabalhar com poucos recursos de forma eficaz, otimizar resultados e orçamentos obtendo maior produtividade e rentabilidade.”

Cristiane de Ávila destaca que a tendência é a elevação do nível de exigência por parte dos empregadores com o passar do tempo. “Estudos diversos mostram, comparativamente, que profissionais que estudam tendem a ter carreiras mais promissoras.”

O estudo da FGV aponta que quase metade das profissões apontadas como mais demandadas até 2020 exige formação superior. Para profissionais com nível médio/técnico, o maior contingente de vagas está previsto para as funções de técnico em mecatrônica e desenhista técnico. Para aqueles que possuem nível básico, as maiores chances serão nas áreas de supervisão de produção em indústrias e trabalhadores de tratamento de superfícies de metais e de compósitos.

No mercado juiz-forano, Fernanda Viglioni ressalta as oportunidades para candidatos de nível médio e técnico. “Há maior demanda em profissões que estejam relacionadas às áreas operacionais e de manutenção.” Para conquistar uma das vagas, a especialista dá dicas para se destacar. “Os profissionais devem se qualificar através de cursos técnicos e de aperfeiçoamento. Além disso, torna-se um diferencial quando o candidato busca conhecer sobre a empresa ainda durante o processo seletivo.”

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