Após falência de empresa britânica, instalação de fábrica em JF é cancelada

Investimentos de R$ 50 milhões foram perdidos com a rescisão da parceria


Por Ester Vallim, estagiária sob supervisão da editora Fabíola Costa

16/11/2021 às 18h26

O projeto de instalação da primeira fábrica de células de bateria de lítio-enxofre em Juiz de Fora foi desfeito, depois de a empresa do Reino Unido que produziria os equipamentos, Oxis Energy, decretar falência. O Governo do Estado decidiu rescindir a parceria que tornaria o município de Juiz de Fora o primeiro do mundo a possuir uma fábrica do produto. Segundo a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) foram investidos um total de 6 milhões de libras em todo o projeto, o que corresponde a R$ 50 milhões.

Para a implantação da fábrica em Juiz de Fora, foram investidos R$ 2 milhões dos cofres públicos na criação da Oxis Energy Brasil, empresa que seria responsável por essa instalação. Segundo o diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), Thiago Coelho Toscano, todos esses recursos foram perdidos com a rescisão da parceria. Em relação aos R$ 50 milhões, ele afirma que o Estado ainda tenta recuperar o investimento, negociando, com a sede britânica, uma participação na venda das patentes que já foram realizadas no processo de encerramento da empresa. O executivo, no entanto, admite que não há esperança de sucesso.

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Em maio de 2020, o governador Romeu Zema chegou a anunciar um contrato de locação com a Mercedes Benz, em Juiz de Fora, para o início das obras da fábrica, com previsão de entrada em funcionamento em 2023. O acordo previa o pagamento de R$ 260 milhões de aluguel ao longo de 15 anos. Com a notícia da iminente falência da empresa britânica, o Governo conseguiu renegociar o contrato com a indústria automotiva e liberou R$ 380 mil, para reembolsar algumas obras que já tinham sido executadas.

Durante uma audiência pública da Comissão Extraordinária das Privatizações da ALMG, realizada no final de outubro, o gestor da Codemge ainda denunciou que, em apuração feita pela autarquia, foi constatado que, à época da negociação com a Oxis Energy, o patrimônio da empresa era negativo, mas uma conta de ágio “encobria a situação”, gerando dúvidas sobre a lisura do processo.

Produção inicial geraria mais de cem empregos

Quando o projeto foi anunciado no ano passado, a expectativa era que a operação fosse iniciada em 2023 com uma produção inicial de 300 mil células de baterias por ano. Mas, segundo o governador do estado, a capacidade produtiva poderia chegar a 5 milhões de células de bateria por ano, gerando, inicialmente, cem empregos diretos na cidade, de alta qualificação.

Juiz de Fora havia sido escolhida, principalmente, por sua posição geográfica e facilidades logísticas: a três horas de distância das capitais mineira e carioca, acesso à linha férrea e ao porto do Rio de Janeiro, e proximidade de entreposto que simplifica trâmites alfandegários, além de contar com boas escolas e universidades, mão de obra especializada e ampla rede de serviços.

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