Aeroporto Regional tem ocupação média de 65% dos voos em 2022
Terminal mais que dobrou número de assentos disponibilizados em comparação ao ano anterior
Diante do arrefecimento da pandemia de Covid-19 no ano passado e da consequente recuperação da oferta e demanda no setor da aviação civil no panorama nacional, o Aeroporto Regional da Zona da Mata (ARZM) registrou, entre os meses de janeiro a novembro de 2022, taxa média de 65% na ocupação dos voos que pousaram e decolaram do terminal. O número representa aumento ante igual período de 2021, quando a ocupação era de 53%. O terminal localizado entre Goianá e Rio Novo apresentou a mesma tendência de elevação nas taxas de aproveitamento dos voos no país, verificada em 2022 e indicada pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). Durante todo o ano passado, a Abear registrou média geral de ocupação de 77% diante de todos os voos domésticos operados no Brasil – representando, assim, aumento de 2,3% na comparação com igual período de 2021.
O crescimento nas taxas de ocupação das rotas do Regional no último ano também foi acompanhado pelo acréscimo de 166% na oferta de assentos. Com mais uma companhia aérea operando no ARZM, além da retomada de frequências anteriormente desativadas, o Aeroporto Regional disponibilizou cerca de 141 mil assentos entre os meses de janeiro e novembro de 2022. Já em 2021, foram ofertados aproximadamente 53 mil lugares, de acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Na visão do doutor em Engenharia de Transportes e idealizador da página no Instagram ‘Papo de Aeroporto’, Rafael Castro, ainda que esses dados possam sinalizar de maneira positiva a atual situação do Aeroporto Regional, existem outros parâmetros que determinam a rentabilidade das operações de transporte aéreo de passageiros para as empresas aéreas, assim como a manutenção ou a suspensão de determinadas rotas estão ligadas a uma série de fatores. “É importante salientar que avião cheio não é sinônimo de lucro, assim como avião vazio não representa necessariamente prejuízo. Na indústria da aviação civil, existe uma média que indica que a rentabilidade de uma operação de passageiros gira em torno de 85% de ocupação dos assentos de uma rota. Entretanto, existem outros objetos utilizados pelas companhia aéreas na hora de analisar a viabilidade de determinadas operações, como o transporte de cargas nos voos e o valor do tíquete médio das passagens comercializadas na rota”, analisa.
Performance das empresas
Ao analisar as taxas de ocupação das três companhias aéreas que atualmente operam no Aeroporto Regional, a Azul Linhas Aéreas se destacou por possuir o maior percentual (71%), em suas operações entre o terminal e o Aeroporto de Viracopos, em Campinas, realizadas em ATR 72-600, com capacidade para 70 passageiros.
Já a Gol Linhas Aéreas, que realiza seus voos por meio de parceria com a VoePass (antiga Passaredo), alcançou o percentual de 59% de aproveitamento na rota que anteriormente ligava o Regional ao Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, entre janeiro e novembro do ano passado. Desde meados de novembro, a companhia realizou uma mudança e passou a operar entre o ARZM e o Aeroporto de Congonhas, na região central da capital paulista, com os ATR 72-600 da VoePass, que possuem capacidade para 68 passageiros. No início de dezembro, a Tribuna revelou que a Gol solicitou à Anac a alteração do modelo utilizado em suas rotas para o local. Desta forma, a partir de 26 de março, a empresa volta a operar seus voos com os modelos Boeing 737-800, com capacidade para 186 passageiros, um incremento de quase três vezes no número de assentos disponibilizados diariamente em seus voos.
Novata no terminal, a Latam Airlines iniciou suas operações no terminal em junho de 2022 e opera voos diários para o Aeroporto de Guarulhos com o maior avião que o ARZM recebe atualmente. Por meio de um Airbus A320, com capacidade para 176 passageiros, a Latam foi a companhia aérea que mais disponibilizou assentos no terminal em novembro do ano passado. Desta forma, nos cinco primeiros meses de sua atuação no Regional, a média de ocupação chegou a 62%.
Questionada se a atual demanda está de acordo com as expectativas da empresa, a Latam informou, por meio de sua assessoria, que não prevê alterações na rota para o ARZM e que qualquer mudança será comunicada oportunamente. Já a Azul afirmou que a demanda vem atendendo a expectativa da companhia e que a empresa está sempre estudando o mercado para eventuais novidades na malha. A reportagem também procurou a Gol, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.
Valor médio das passagens costuma ser menor
Ainda que as operações comerciais de passageiros no Regional estejam em alta são muitos os juiz-foranos e moradores das cidades da Zona da Mata que ainda desconhecem as possíveis vantagens e os diferenciais oferecidos pelo ARZM. Para Castro, é de suma importância que o Poder Público, assim como a concessionária do aeroporto, atuem de forma conjunta na melhoria do acesso e dos serviços de transporte para o Aeroporto da Zona da Mata. O especialista também aponta que, geralmente, o tíquete médio do valor das passagens no local costuma ser menor na comparação com concorrentes diretos, como os aeroportos localizados no Rio de Janeiro.
“Para além disso, muitas vezes as pessoas sequer pesquisam voos com origem ou destino para o Zona da Mata, pois estão acostumadas a utilizar os aeroportos do Rio de Janeiro e acham que os voos de ARZM são sempre mais caros. Por exemplo, a tarifa média do Regional para Guarulhos em 2022 foi de R$ 222, enquanto os voos saindo dos aeroportos da cidade do Rio de Janeiro, como Santos Dumont e Galeão para Guarulhos custaram, em média, R$ 570”, afirma.
Procurada, a Concessionária do Aeroporto da Zona da Mata, por meio de sua assessoria, considerou positivo o crescimento nas taxas de ocupação dos voos. A avaliação é que os dados comprovam a eficiência operacional disponível no terminal e o potencial da região para o turismo de negócios. Por fim, a concessionária afirmou que possui capacidade para atender com tranquilidade novas operações de aeronaves e novas rotas para o local.