Fábrica Móveis Apolo encerra atividades em Ubá


Por GRACIELLE NOCELLI

14/08/2016 às 07h00

A fábrica Móveis Apolo, uma das mais tradicionais do polo moveleiro da Zona da Mata, encerrou as atividades em Ubá. Há 44 anos no mercado, a empresa não resistiu às dificuldades financeiras enfrentadas desde 2014. A estimativa é que cerca de 400 postos de trabalho tenham sido fechados. Diante da situação, a marca Apolo teria sido vendida para outra empresa, e a fábrica desvinculada das lojas. O ponto de vendas de Juiz de Fora, inclusive, já não tem mais a marca e adotou outro nome.

Apesar de o fechamento da fábrica ter sido confirmado por vários empresários do ramo, ninguém na cidade quis falar sobre a situação da Apolo. A Tribuna fez contato com a empresa por telefone, foi orientada a encaminhar um e-mail, mas não obteve retorno. Numa segunda tentativa de contato, o telefone não atendeu. O Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá (Intersind) e o Sindicato dos Oficiais Marceneiros e Trabalhadores nas Indústrias de Serrarias e Móveis de Madeira de Ubá também foram procurados, mas não quiseram comentar o assunto.

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A Tribuna também fez várias ligações para a Prefeitura de Ubá, mas não obteve retorno. Já a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) da Zona da Mata declarou que desconhece o assunto. No entanto, fornecedores da fábrica e moradores do município confirmaram a informação do fechamento, sem precisar quando teria ocorrido.

2 mil vagas a menos

Não só a Apolo, mas todo o polo moveleiro da cidade, que fica a 111 quilômetros de Juiz de Fora, vem sofrendo os reflexos da crise nacional há algum tempo. Mais de dez empresas encerraram as atividades nos últimos dois anos, segundo o Intersind. Neste primeiro semestre de 2016, houve redução média de 18% no faturamento do setor, e a expectativa é que uma melhora no segundo semestre consiga frear a queda para que o ano termine com decréscimo de 10%.

Diante deste cenário, a cidade de Ubá sofreu queda na empregabilidade. De janeiro a junho deste ano, o município fechou 513 postos de trabalho, conforme os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Do total de vagas que foram perdidas, 158 pertenciam à indústria e 235, ao comércio. Em 2015, o corte atingiu 2.305 trabalhadores, sendo 1.843 na indústria.

As informações do Intersind são de que, desde 2012, as empresas que integram o polo moveleiro começaram a reduzir investimentos e realizar cortes de funcionários como tentativa de ganhar fôlego e atravessar a crise. A série histórica do Caged corrobora a realidade vivida nos últimos quatro anos pelo município, que começou com a criação de 1.197 vagas em 2012 e se encerra, em 2015, com a perda de mais de dois mil empregos. (ver quadro)

Desemprego e queda no consumo

O presidente do Intersind, Aureo Calçado Barbosa, explica que a realidade do polo moveleiro segue o mercado nacional. “O que aqui fabricamos, vendemos para todo o território brasileiro, e, neste momento, infelizmente, o nosso país está passando por momentos complicados, fruto dessa total falta de governança que estamos enfrentando.”

O vice-presidente da entidade, Michel Henrique Pires, analisa que a crise tem provocado uma situação cíclica. “Com a queda nas vendas, algumas empresas fecharam, outras demitiram. O consumidor sem emprego ou com medo de perder o trabalho reduziu as compras. Assim, o comércio vende menos e também corta funcionários. Infelizmente, é uma bola de neve que já vimos atingir o setor automotivo, os eletrodomésticos da linha branca e outros mais.”

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Apesar de reconhecer a dificuldade do momento, o otimismo é mantido. “Neste primeiro semestre, tivemos a Feira de Móveis (Femur) em Ubá, que conseguiu alavancar as vendas. Já o segundo semestre é historicamente melhor para o nosso setor, por isso, esperamos diminuir os impactos dessa queda”, destaca Michel. “Recebemos cerca de 15 mil visitantes de todo o país e do exterior na Femur. Saímos com as esperanças renovadas e temos a certeza de que, tão logo se resolva essa crise política, estaremos preparados para a retomada”, garante Áureo.

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